Já estava esperando Abner fazia quase duas horas, havia me arrumado, feito maquiagem e minhas unhas, coisas que não faço sempre. Sentei-me em um banquinho que ficava em frente de casa, mandei mil mensagens para ele, mas nenhuma teve resposta, já liguei também, mas ele não atendeu. Suspiro e olho para dentro do restaurante, hoje estava cheio, afinal é sexta-feira à noite.
Olho para meus pés, peguei uma bota de Cinthia emprestada, esse era o único jeito de esquentar o pé em pleno fim de inverno. Sinto meu celular vibrar, pego ele rapidamente e vejo que Aline estava me ligando.
"Ele não apareceu, né." — Sussurrou ela.
"Como você sabe?" — pergunto.
"Abre o Instagram, e você vai ver." — disse ela logo desligando.
Fiquei sem entender, como ela sabia que Abner não havia aparecido? E o que tem no Instagram? Aline sabe que odeio suspense.
Abro o Instagram e logo vejo uma transmissão ao vivo de Abner, assim que começo a assistir vejo uma garota sendo pedida em namoro no meio de um restaurante chique que ficava no centro da cidade, sorrio e continuo a assistir, afinal isso era romântico.
Talvez fosse um amigo dele ou um primo, e por isso que deve ter me esquecido aqui. A pessoa que estava filmando muda de posição e assim pude ver o homem que estava fazendo o pedido e não era um primo ou um amigo. Era Abner.
Meus olhos não acreditavam no que estava vendo, ele estava pedindo outra pessoa em namoro, e pelos comentários da transmissão, eles estavam juntos há meses.
Não tínhamos nada tão sério assim, mas ele tinha algo sério com outra. Por que ele mentiu para mim? Por que ele me chamou para sair? Por que ele dizia gostar de mim sendo que não era verdade?
Bloqueio o celular e seco as lágrimas que escorriam pelas minhas bochechas, olho para cima, olho para os lados, quem sabe assim eu conseguisse me acalmar. Me levantando e vou lentamente em direção do restaurante, a porta se abre e um casal sai do lugar, eles sorriem e eu consigo retribuir. Entro no local e vejo as pessoas felizes e alegres por um motivo singular.
Vou até o balcão onde Cinthia anotava um pedido feito pelo celular, assim que ela me olha sua expressão muda totalmente, ela finaliza o pedido e desliga o celular.
— Meu Deus, aconteceu alguma coisa? — ela sai detrás do balcão e me abraça.
— Está muito ocupada? — sussurro. — Tem um tempo para mim?
— Claro, querida. — ela me puxa para cozinha. — Vamos para a dispensa.
A dispensa, era nossa sala de terapia. Era lá que tínhamos todas as conversas importantes, e era lá que elas ficavam. Entro na dispensa e me sento em um banco que já estava ali, Cinthia entra logo em seguida com um copo de água, ela me entrega.
— Abner não veio. — sussurro.
— Deve ter acontecido alguma coisa. — ela continua em pé perto da porta.
— E aconteceu. — completo. — Ele pediu outra em namoro, enquanto a idiota aqui estava esperando-o. — olho para baixo.
Cinthia continua me olhando, fecho os olhos e começo a chorar mais ainda.
— Como fui idiota de confiar nele? Como não acreditei nas pessoas que diziam que ele estava mentindo para mim. — digo abraçando meus joelhos. — Ele estava lá no primeiro exame, ele estava lá primeira consulta.
— Não se culpe, criança. — ela me abraça. — Há pessoas com más intenções, e não é culpa nossa se acabamos acreditando nelas. — ela acaricia meus cabelos. — Estou tão surpresa quanto você. — Cinthia sussurra.

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Mariposa
Подростковая литератураMariana é uma jovem que sofre de uma doença onde seus ossos, do braço esquerdo, são frágeis. Filha de Denis e enteada de Cinthia, Mari segue a vida tomando seus remédios e vitaminas na esperança de ter uma vida normal. Porém, Mari terá que tomar a...