Quinquagésimo Quarto

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- Você quer realmente fazer isso? – Disse Vania me olhando.

- Isso é totalmente diferente do que estávamos fazendo. – Completou Thiago me olhando logo em seguida.

- Não tenho certeza de nada, gente. – Digo pela milésima vez. – Por isso chamei vocês aqui.

- E qual a ideia então? – Disse Thiago cruzando os braços.

- Vamos cozinhar, apresentar para os nossos "jurados" e ver o que eles acham disso. – Digo me levantando.

- Eu nunca havia visto essas receitas antes, nunca vi esse planejamento todo. – Disse Vania olhando mais uma vez para o caderno de papai. – Só Denis para desenvolver tudo isso.

- E aí? Posso contar com vocês? – Olho eles novamente.

Eles se entreolhem e sorriem, Vania vai em direção do seu avental que estava pendurado no mesmo lugar de sempre, Thiago coloca sua touca na cabeça e vai lavar suas mãos, faço o mesmo movimento que eles e sigo para a dispensa pegar os ingredientes enquanto Thiago pegava algumas panelas, Vania deu uma última olhada na receita que havíamos escolhido e pegou os ingredientes para tal receita, Thiago folheou o caderno e escolheu uma receita de uma sobremesa, foi até a geladeira e pegou algumas coisas.

- Meu Deus, quantas pessoas animadas! – Disse Cinthia entrando na cozinha. – Vamos ter degustação então?

- Sim. – Sorrio e olho ela. – Vamos sim!

- Que ótimo! – Ela sorriu de volta. – Mari precisava conversar um pouco com você, é importante.

- Vai lá menina. – Disse Vania. – Depois você escolhe sua receita.

Tiro meu avental e sigo Cinthia, saio da cozinha e vou até a sala da gerencia onde Priscila nos esperava, ela estava fazendo as contas e vendo por quanto tempo ainda podemos ficar fechados.

- Aconteceu alguma coisa? – Digo me sentando na frente da mesa.

- Mais ou menos. – Respondeu Priscila, ela virou o monitor do computador e me olhou. – Está vendo essa linha vermelha?

- Está que está caindo cada vez mais e estou ficando preocupada? – Digo.

- Esse mesmo. – Respondeu Cinthia se sentando ao meu lado.

- É o dinheiro que temos em caixa. – Minha irmã me olha. – Vou resumir, tudo bem? – Confirmo com a cabeça. – Temos que reabrir o restaurante logo. – Ela dá uma pausa. – Em menos de duas semanas para ser mais exata, ou nosso dinheiro acaba.

- Duas semanas? – Olho elas. – Vamos conseguir mexer em tudo em duas semanas?

- Não meu amor, não vamos. – Respondeu Cinthia. – O máximo que vamos conseguir mudar alguns balcões do lugar, colocar mais algumas mesas e olha lá ainda.

Suspiro e me levanto, passo minhas mãos em meus cabelos e olho em direção de uma estante onde tinha algumas fotos dos antigos donos do restaurante, os avós de papai, depois o restaurante passou para meu avô Geraldo mas essa não era sua vocação, então ele passou para seu irmão, que não tinha filhos e por isso passou o restaurante para papai e agora chegou minha vez. Papai sempre dizia que não iria mudar nada no local pois queria preservar a essência de sua família, mas no fundo ele adoraria dar repaginada em tudo isso aqui.

- Mari, precisamos agir. – Disse Priscila.

- Vamos reabrir nas próximas duas semanas. – Digo e viro-me para elas. – No primeiro momento continuaremos do jeito que sempre foi, aos poucos vamos colocando as receitas novas e no segundo momento faremos toda mudança que planejamos.

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