Vigésimo Primeiro

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Fizemos praticamente nada o dia todo, Priscila não estava se sentindo bem e por isso não quis sair de casa. Decidimos então ir à cidade amanhã, meus avos descansaram durante o dia enquanto Lucas e eu ficamos deitados na rede que ficava na varanda.

Deito minha cabeça no peitoral dele, fecho os olhos enquanto aproveitava o cafuné que ele estava fazendo em mim. Lucas começou a sussurrar uma música calma, a rede estava balançando em um movimento calmo o que me dava muito sono, bocejo um pouco e abro os olhos, ergo a cabeça e olho para ele.

- Está com sono? - ele sussurra.

- Um pouco. - Sorrio fraco. - E você?

- Não muito. - Ele sorriu também. - Amor, tem alguma coisa te incomodando?

- Não. - Respondo e volto a deitar a cabeça em seu peito.

- Por que eu acho que está escondendo alguma coisa? - ele sussurra e volta a fazer cafuné. - Está assim desde o almoço.

- Ah amor. - Suspiro e olho ele. – É meio difícil de falar.

- Não se sente segura para falar? - ele me olha.

- Não sei. - Dou uma pausa. - Mas acho que seria mais fácil eu falar logo.

- Sou todos ouvidos. - Ele sorriu fraco. - Independente do que for eu estarei contigo.

- Atrapalho ?? - disse vovó parada na porta de casa.

- Não vovó. - Sorrio fraco. - Está tudo bem?

- Preciso da ajuda de vocês para fazer uns salgadinhos para hoje à noite. - Ela sorriu fraco. - Tenho algumas receitas do Denis guardadas.

- Vamos dar uma de Denis? - Lucas me olhou.

- Sim!! - digo me levantando. - Amo fazer as receitas do papai.

- Depois nós continuamos essa conversa. - Ele se levanta e deposita um beijo em minha testa.

- Você está muito linda, sabia. - disse Lucas saindo do banheiro.

Já estávamos nos arrumando para ir ao tal jantar da dona Nina. Ainda não havia contado a Lucas o que estava me incomodando, não me sentia preparada, mas eu teria que contar mesmo assim. Sorrio fraco e me sento em uma poltrona que havia ali no quarto, olho para ele e suspiro.

- Está pronta para falar? - ele se aproximou, nego com a cabeça e ele sorriu. - Não quero te forçar a falar.

- Mas você tem que saber. - Respondo.

Vejo Lucas sentar-se na beirada da cama e me olhar, me ajeito na poltrona e tiro os sapatos que estavam me machucando.

- Pode falar então. - disse ele.

- Não me deixe sozinha hoje à noite, por favor. - Peço olhando para ele. - Não me sinto segura perto do seu Leôncio.

- O marido da dona Nina? - ele continua me olhando. - Por quê?

- Quando eu era menor. - Dou uma pausa.

- O que ele fez? - Lucas se levanta. - Ele tocou em você?

- Sim. - Falo baixo.

- O que mais ele fez? - ele se ajoelha na minha frente. - Ele te violentou?

- Ele não conseguiu. - Respondo. - Eu sempre usava a desculpa de estar menstruada mesmo sem estar.

- Alguém sabe disso? - ele pega em minha mão.

- Acho que não, não consegui contar a ninguém. - Suspiro. - Só agora para você.

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