- Olha só quem está cozinhando. – Ouço Geovane parado da porta do outro quarto que havia ali.
- Fiquei com vontade de comer torta de maracujá. – Sorrio fraco e olho para ele. – Ainda gosta?
- Ainda é a minha preferida. – Ele sorriu e se sentou na mesa.
Coloco o recheio da torta doce e levo para a geladeira. Geovane era extremamente fraco a maracujá, só comer um pedaço da torta e ele iria dormir profundamente a noite inteira, e era isso que eu precisava.
- Está me ouvindo? – Ele chama minha atenção. – Vamos embora amanhã à tarde, quando estiver anoitecendo.
- Já sabe para onde vamos? – Viro-me para ele.
- México, depois descemos para Colômbia. – Ele pega seu celular e começa a mexer. – Como você consegue ficar no meio desse mato? Nem torre de celular tem aqui.
- É por isso que eu quero embora contigo.
- O que?
O QUE EU ESTOU DIZENDO???
- É isso. – Sorrio fraco e me aproximo dele. – Eu quero embora com você. – Me sento na mesa ficando de frente para ele.
Geovane desliga o celular e me olha, ele escora seu cotovelo na mesa e sorriu de lado. Passo minha mão pelo seu cabelo e acaricio sua bochecha, fingir que estou aceitando ficando com ele, é o plano inicial.
- Então você quer ficar comigo? – Ele se levanta e segura em minha cintura.
- Isso mesmo. – Passo meus braços ao redor do seu pescoço.
Geovane se aproxima do meu pescoço e deposita um beijo no mesmo enquanto sinto ele apertar levemente minha cintura. Fecho os olhos e peço perdão mentalmente para Daniel, espero que um dia ele me perdoe.
- Acho que a torta pode esperar. - Sussurrou Geovane segurando meu rosto e me beijando logo em seguida.
~°~
Abro os olhos, deve ser quase três horas da manhã e para piorar, estava chovendo, mas não tão forte porem isso poderia me atrapalhar ou me ajudar ainda mais. Olho para o lado de Geovane estava dormindo profundamente, torta de maracujá tinha sido a minha salvação. Me levanto lentamente da cama, visto meu camisete e vou para lado de Geovane, vejo as chaves da porta em cima de seu tênis, pego com cuidado e sem fazer barulho pego também minhas botas.
Destranco a porta do quarto e saio calmamente, tranco novamente a porta do quarto e vou em direção da porta da frente, abro a mesmo e vejo que o cavalo estava amarrado, calço minhas botas e desamarro o cavalo com cuidado e sem fazer nenhum barulho vou me afastando do cabana indo em direção do bosque.
A chuva caia calmamente, os céus estavam escuros, as estrelas não quiseram sair hoje e nem a lua nos deu o ar da graça. Assim que percebo estar em uma distância boa da cabana, monto no cavalo e dou comandos para que ele corra o mais rápido possível em direção do bosque.
O cavalo correu como se não houvesse amanhã, como se também estivesse fugindo do cativeiro. Ele não se importou com os galhos e nem com os troncos que estavam caídos no chão, Frajola, apelido dado por Oliver, pulava todos os obstáculos como se fosse um treino que estávamos fazendo. Abaixo meu corpo, ficando próxima de seus pelos, a chuva estava aumentando cada vez mais, não conseguia enxergar mais nada, mas Frajola continua a correr cada vez mais e mais.
Estávamos mais ou menos no meio do bosque, não faltava muito para chegar ao riacho e então já estava em casa novamente, foi então que ouvi um disparo. Frajola se assusta e para de correr, olho para os lados e mesmo com dificuldade, vejo a silhueta de Geovane correndo atrás de nós.
- Não podemos ter medo menino. – Sussurro para o cavalo. – Por favor, me leve para casa. – Seguro as lágrimas. – Vamos para a casa.
Puxo as rédeas e Frajola começa a andar devagar, os arbustos estavam cheios de espinhos que pegavam no corpo do cavalo e em minhas pernas, olho para trás e não vejo mais Geovane. Não sabia onde ele estava, não sabia onde ele poderia estar.
A chuva havia parado e já estávamos acabando de passar os arbustos e logo após estaria o riacho que era um pouco largo, essa era a nossa hora. Aperto minhas pernas ao redor do cavalo e vou as comandas para ele voltar a correr, e assim ele fez. Voltou a correr rapidamente, pulou alguns galhos e estávamos quase próximo do riacho quando ouvimos outro disparo. Geovane estava cada vez mais perto.
- Não podemos parar. – Digo um pouco. – Não tenha medo do riacho, ele não vai te afogar.
Aperto mais ainda o cavalo e ele aumenta velocidade indo em direção do riacho e passando por ele rapidamente.
- MARIANA! – Escuto Geovane me gritar do outro lado do riacho, ele estende sua mão com a arma e atira mais uma vez.
- NÃO! – Grito e sinto a bala acertar meu braço direito. – Merda.
Já estávamos quase chegando perto de uma cerca. Era essa cerca que me separava de casa. Ouço os cachorros latirem bastante e vindo em direção da cerca, olho em direção da casa e as luzes se ascendes, haviam alguns carros diferentes parados me frente de casa.
- Vamos pular no três. – Digo para Frajola. – Um. – Começo a contar e sinto o cavalo se preparar.
- VOLTA AQUI! – Escuto Geovane gritar e atirar mais uma vez.
- Dois. – Frajola diminui um pouco da velocidade.
- EU VOU TE MATAR. – Geovane atira mais uma vez e sinto novamente outro tirar entrar em meu corpo, dessa vez na minha coluna.
- Três. – Sussurro e seguro as rédeas com toda a minha força.
Fecho os olhos e sinto Frajola pular a cerca. Meg, Baster e Brutus se aproximam latindo bastante e ouço a voz de Raphael e Daniel. O cavalo vai diminuindo a velocidade até que sinto ele parando aos poucos, sinto meu corpo relaxando aos poucos e meus olhos ficando pesados, não sinto mais minhas pernas...não sinto mais meu corpo, não ouço mais nada, será que eu realmente consegui sair viva dessa?
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Mariposa
Roman pour AdolescentsMariana é uma jovem que sofre de uma doença onde seus ossos, do braço esquerdo, são frágeis. Filha de Denis e enteada de Cinthia, Mari segue a vida tomando seus remédios e vitaminas na esperança de ter uma vida normal. Porém, Mari terá que tomar a...