Abro meus olhos lentamente e olho pela janela, hoje o dia está nublado, os pássaros não quiseram sair para cantar. Pego meu celular e confirmo o dia suspirando logo em seguida, viro-me para o outro lado da cama e cubro a cabeça com o edredom. Ouço a porta abrir lentamente e logo se fechar, a cama se afunda e alguém surge por baixo do edredom.
- Como sabia que estava acordada? – digo olhando-a.
- Você acorda cedo no dia nove de outubro. – Ela sussurra. – Sabe que dia é hoje?
- Sábado? – respondo. – Aniversário da morte de mamãe. – Sussurro.
- Hoje faz dezessete anos. – Cinthia me abraça. – Sinto muito, meu amor.
- Sinto tanta falta dela. – Retribui o abraço. – Eu tenho você, mas não acaba sendo a mesma coisa. – Cinthia me olha. – Desculpa.
- Não precisa se desculpar, eu entendo. – Ela sorriu fraco. – Perdi minha mãe quando tinha doze anos e meu pai se casou novamente com uma mulher que só queria o dinheiro dele.
- Nossa. – Sento-me na cama. – Deve ter sido ruim.
- Ela me fez de escrava por uns três anos, até que conheci o pai de Priscila, e na primeira oportunidade casei-me com ele e sai da casa do meu pai. – Ela dá uma pausa e se senta na cama. – Dois anos depois, ele foi morto.
- Que história. – Olho ela.
- Daria um bom filme né. – Ela me olha sorrindo. – No começo eu sentia muita dor, até conhecer seu pai, e com isso, conheci você.
- Papai já foi para o restaurante? – abraço meus joelhos.
- Ele disse que hoje não iria abrir. – Ela se senta na posição de índio. – Esse ano ele está mais abatido do que os outros anos. Sabe por quê?
- Sim. – Olho para ela. – Hoje eles iriam completar vinte e quatro anos de casado. Papai dizia que eles tinham um combinado.
- Você sabe qual é? Quem sabe a gente consegue fazer esse combinado acontecer. – Ela dá de ombros.
- Quando eles completassem vinte e quatro anos de casados, eles iriam viajar pela Europa. – Sorrio. – Era o sonho dela, e papai abraçou esse sonho.
- Uau. – Ela me olha.
- Sim. – Gargalho. – Uau.
- Bom, podemos tentar. – Ela me olha. – Vou conversar com ele, ver algumas coisas.
- Quer mesmo fazer isso? – olho ela enquanto ela se levanta. – Tipo, fazer a vontade da ex do seu marido.
- Mari, sua mãe é mais do que a ex do meu marido. – Ela me olha. – Ela é a mãe da minha meia filha, ela era uma amiga maravilhosa. Eu realmente não vejo problema de realizar essa vontade dela.
- Ela ficaria feliz. – Abraço ela e beijo-a no rosto. – Vou mais tarde no cemitério.
- Tudo bem, qualquer coisa eu te aviso. – Ela beija minha bochecha e vai em direção da porta. – Estava quase me esquecendo.
- O que foi? – digo me levantando.
- Lucas está lá embaixo. – Ela me olha. – Se quiser posso bater nele com a vassoura.
- Já estou descendo. – Respondo ela. – Não quero que você quebre a sua vassoura nele.
- Tudo bem. – Ela saiu do quarto e fechou a porta.
Desço as escadas enquanto termino de arrumar minha blusa, olho para o sofá e vejo Lucas sentado ao lado daquela moça de ontem. Paro no pé da escada e eles se levantam, Lucas vem me abraçar, mas eu não retribuo, olho ele novamente e sorrio para a moça. Sigo para a cozinha e esquento o leite.
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Mariposa
Teen FictionMariana é uma jovem que sofre de uma doença onde seus ossos, do braço esquerdo, são frágeis. Filha de Denis e enteada de Cinthia, Mari segue a vida tomando seus remédios e vitaminas na esperança de ter uma vida normal. Porém, Mari terá que tomar a...