Victória encontra Theo bêbado

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Victória 

Depois de conversar com Mike ao telefone, eu imaginava como deveria estar meu marido, já que Theodoro era turrão e cabeça dura.

Segui para casa depois de deixar o escritório, pensando se deveria lhe dar uma bronca ou um abraço forte?
E bastou eu chegar e ver a expressão de Melleky para me decidir pela última opção, o som de algumas coisa se espatifando contra a parede se fez presente na sala e eu encarei Melleky.

- Há quanto tempo ele está redecorando o escritório?

- Tem trinta minutos... - Melleky apanhou a minha pasta. - Eu já ofereci um chá para se acalmar, mas não tive sucesso. Apenas pedi a babá para levar as crianças para o jardim e que ficasse lá para não escutar a desordem.

Abri a bolsa e estendi meu cartão de crédito para Melleky.

- Tire-os daqui por pelo menos uma hora! Leve-os para passear, pague um sorvete para August e cuide da Stacy pra mim. Vou ver como posso ajudar Theodoro com a decoração.

- Sim, senhora! - Ela apanhou o cartão e se retirou indo em direção ao jardim.

Caminhei a passos lentos até o escritório e ao abrir a porta me deparei com um cenário de completar destruição e Theodoro sentado diante dos estilhaços do que antes era a sua mesa.

- Apesar de gostar da idéia de uma nova decoração. Acho que ficou tudo muito... rústico. Você não?

- Não estu para brincadeira, Victória! - Ele disse revoltado, num tom baixo.

Me aproximei vagarosamente pra não me machucar diante de tantos cacos de vidro pelo chão, parei ao seu lado e deslizei para o chão, sentando junto a ele, beijei seu rosto.

- Me conte o que houve!

Theodoro me olhou com os olhos marejados.

- Aquela insolente me enfrentou. Michael me mandou calar a boca... Meu irmão está cego por aquela mulher.

- Você já esteve cego como ele, meu amor! - o puxei para perto e Theodoro repousou a cabeça em meu ombro. - Ele a ama, e ela espera um filho dele. E se ela foi mulher para peitar você, então temos alguém de muita personalidade aqui, Theodoro!

- Eu perdi meu irmão para essa vagabunda. - Ele falou baixo. - Eu sei que ele me odeia.

- Não! Ele não te odeia. Pode estar muito bravo com você agora, mas, isso vai passar. Theo... Você disse coisas horríveis a uma mulher grávida do seu irmão.

Theodoro puxou a garrafa de uísque e levou a boca, tomando aquilo como se fosse água.

Tirei a garrafa de sua mão, deixando cair um pouco do liquido em sua camisa. Ele me olhou e uma lágrima escorreu.

- Minha mãe era como aquela mulher... - Theo manteve os olhos em mim, era um olhar decepcionado, triste e magoado.

- Continue! - suspirei e o beijei suavemente. Estava na hora de marido dividir um pouco dos seus traumas comigo. 

- Eu contei para ele... é... Fui eu quem falou para o papai que a mamãe dormia com outro homem. - Theodoro tapou o rosto e rosnou alto.

- E o que aconteceu?

- Ele descobriu que... os dois tinham um caso a muitos anos... Ele disse que Michael não era meu irmão. - Theodoro caiu num choro como uma criança. - Eu vi os dois serem escorraçados de casa. eu fiquei parado na varanda, vendo Michael chorando, pedindo para eu ir com eles.... ele era tão pequeno... ele... não sabia o que estava acontecendo e imagino que nem se lembre. - Theo me olhou. - Eu não fiz nada. Eu acreditei por anos que ele não era meu irmão.

- Ele era filho da sua mãe! - aquilo me revoltou de certo modo, eu sabia na pele o que era ser abandonada. - Ele sempre seria seu irmão. De qualquer modo, Theo!

- Eu abandonei... Eu virei as costas com ele aos berros... chamando o meu nome. Eu fui covarde. eu nunca questionei, não o procurei. - Theo me abraçou chorando. - Eu não sou como ele, Victória!

- Vocês eram apenas garotos, Theo! - parecia que meus sentimentos não acompanhavam minhas palavras e eu estava tão ou mais revoltada com Theodoro quanto Michael. - O que você poderia fazer?

- Eu deveria ter ficado calado. Devia ter defendido meu irmão. - Ele me olhou. - Você me odeia. Eu sei que me odeia.

- Não! Eu nunca vou odiar você! Mas... - ser hipócrita com Theodoro não adiantaria, ele me conhecia a fundo. - Você não devia ter virado as costas pro seu irmão menor! Você devia ser o herói dele e... simplesmente o deixou ir.

- Eu não... Eu me odeio por isso. - Theo deitou a cabeça no meu colo. - Ele me odeia, Vick!

- Não! Você é péssimo nesse jogo, meu amor! - sorri pra ele. - Ele te ama muito! Está muito bravo com você, deve estar querendo te dar uns socos.  Mas o Mike te ama muito! E eu acho que você devia ligar pra ele. Você não precisa morrer de amores pela Sarah, Theo! Mas você precisa respeitar as decisões do Michael.

- Não mereço... - Theo não escutava o que dizia, respirou fundo. - Não sou como ele... Não consigo perguntar sobre ela. O que aconteceu, se está viva. Sinto que a matei, mas eu era criança. achei que estava fazendo certo.

- Acho que você e seu irmão precisam ter uma longa conversa e também acho que você precisa falar com o Anthony.

- Anthony... Não... - Ele escondeu o rosto em minha perna, sentindo o meu cheiro.

- Você precisa, Theo! Ele me ajudou quando eu estava perdida!

- Ele é alguém próximo demais... Não quero que me conheça a fundo.

- Vamos encontrar alguém! - sorri para ele. - Mas por ora, apenas vamos para o quarto tomar um banho e deitar um pouco. Vou preparar um café bem forte pra você.

Ajudei Theo a se levantar, eu não imaginava que ele um dia ficaria bêbado e descontrolado. Sua fragilidade estava visível, aquela dureza toda havia se desmontado.

- Eu nunca imaginei que te veria tão perdido! - Exteriorizei o que sentia e ela não me respondeu nada.

Ajudei-o a subir a nossa suíte e depois tirar sapatos e roupa e Theo desmoronou na cama.
Fui para o banheiro e enchi a banheira de água morna e sais de banho para fazer um pouco de escuma. Voltei ao quarto e Theo cochilava em nossa cama. 

- Amor, vem comigo! - o chacoalhei. - Theo, por favor... Anda.

- Me deixa... - ele me empurrou sem força.

- Só depois de te dar um banho gostoso.

- Me deixa dormir um pouco. - pediu ele se sentando na cama. 

Segurou em minha cintura, o cheiro do álcool veio parar em minhas narinas, fiz careta.

- Você vai depois de um banho.

Quase tive de arrastar Theodoro até o banheiro e tirei suas roupas, o ajudei a entrar na banheira e com cautela passei a esfregar suas costas e lavei seus cabelos.

Ele parecia um pouco melhor depois do banho e deixou a banheira sozinho, seguimos para o quarto e ele pôs o seu pijama de seda,tirei os meus sapatos e deitei ao seu lado na cama, acarinhando-o até que ele finalmente dormiu, me deixando pensativa.

Quase telefonei para Mike, mas deduzi que aquela altura do campeonato ele estava mais preocupado em achar a sua Sarah, que em me ajudar e entender a mente conturbada de seu irmão.
Beijei o rosto de Theodoro e levantei da cama, descendo para a sala. Resolvi ligar para Melleky que me atendeu prontamente.
- Traga as crianças pra casa, Mel! E chame o meu empreiteiro! -soei imperativa- Vamos precisar reformar o escritório!- não esperei resposta e desliguei o telefone, eu só queria meus filhos pra suavizar o conflito em meu coração.



MATA-ME DE PRAZER - TENTAÇÃO (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora