MATA-ME DE PRAZER - TENTAÇÃO (COMPLETA)

Jason recebe a minuta do divórcio

Jason

Tinha acabado de sair de uma cirurgia longa, estava exausto e iria tomar um banho e ir para casa.

Ashley não quis se mudar, preferiu manter como estava o nosso relacionamento, por um lado fiquei triste, por outro achei até melhor, assim nos dias que ela estava de plantão, eu podia dormir até tarde.

Assim que tomei um bom banho, segui para a recepção da emergência para assinar meu prontuário e me mandar.

- Chegou isso aqui para o senhor. - A enfermeira me estendeu o envelope da fedEX.

- Obrigado... - Apanhei o envelope, olhei o remetente, não reconheci o nome, coloquei debaixo do braço, assinei a papelada, conferi o medicamento do paciente, e saí.

Durante a viagem até em casa, fui encarando aquele envelope descansando no banco ao lado, curioso e ao mesmo tempo temeroso no que deveria estar escrito lá dentro.

Logo estava em casa, o silêncio tomava conta, não tinha mais a cantoria desafinada de Sarah. Era uma das coisas que mais sentia falta.

Joguei tudo sobre o sofá e segui para o quarto apenas com o tal envelope, me sentei na cama, abri e apanhei a minuta de dentro dele. meu coração chegou a dar uma parada leve pelo susto e constatação de que aquilo era a minuta do divórcio. Me ajeitei na cama depois de tirar os sapatos e li o tal divórcio.

Agora sim era oficial, nós iriamos nos separar, ela não seria mais a minha esposa.
Não sabia o que pensar, por um lado eu estava querendo isso para resolver a cituação de uma vez por todas e por outro lado ainda tinha esperanças de que aquele pervertido deixasse minha esposa e a mandasse embora, mas pelo visto isso não iria acontecer. Me deitei na cama, deixando a minuta no travesseiro ao lado, relembrei cada detalhe de como conheci a Sarah, de como aconteceu o nosso primeiro beijo e nos casamos.
Sem perceber eu havia dormido, deixando meu cérebro ligado no que estava pensando, e, sonhei a noite inteira com o passado.
Acordei sentindo dedos escorregarem no meu rosto que estava molhado pelas lágrimas, eu não queria ter acordado, pois eu estava me casando, e foi o casamento mais lindo que já vivi.
Ashley estava a minha frente, sorrindo amável. Pisquei várias vezes e minha vontade era de manda-la embora, mas ao invés disso eu segurei em seus braços, respirei fuindo contendo a tristeza que havia se abatido em mim.

- Bom dia.

- Bom dia! - a expressão de Ashley era cansada e ela segurava o envelope - Ela adiantou-se a você, não é?

- Era de se esperar. - A puxei para se deitar na cama.

- Era!- ela concordou e passou a acarinhar a barriga -Você nem consegue disfarçar que está arrasado.

- Na natural, Ashley! forma dez anos. - Segurei a sua mão. - Tente dormir, você parece muito cansada.

- Ainda tinha esperanças que ela voltasse!- Ashley afirmou e lágrimas contornaram seu rosto, seu tom não era acusatório, mas magoado.

- Nenhuma esperança... - Menti e ela sabia que eu estava mentindo.
Me sentei na cama para não ver aquele choro, estava cansado disso. Passei as mãos no rosto bufando chateado, apanhei o documento, coloquei dentro do envelope.

- Depois eu assino e reenvio.

- Não tem outro jeito agora!- Ashley levantou-se. - Acho que você precisa de um tempo sozinho.

- Do que está falando? - Aquilo me irritou.

- Que você precisa de um tempo! - ela repetiu. - Eu disse algo demais, Jason?

- Disse! - Apontei para a cama. - Vai se deitar e descansar. vou fazer um café, tomar ele, ir ao hospital ver meus pacientes de ontem e volto para almoçarmos juntos.

- Está me usando de novo pra superar a ausência da Sarah, Jason! Isso se tornou um ciclo vicioso pra você e eu permiti que fosse assim. Mas estou cansada. De verdade, antes eu achava que você se cansaria do jeito mimado da Sarah e de repente ia enxergar a mulher que eu sou, e ia me amar. Mas, isso é uma ilusão. A prova é que mesmo agora que vocês se deixaram, sem qualquer chance de retorno, você ainda espera por ela e me aceita como um prêmio de consolação

- Pare de falar besteiras... Eu não estou te usando. - Joguei o envelope na cama. - Eu chamei você para vir morar aqui, se isso não é algo a dizer que quero cuidar de você, então não sei mais o que dizer.

- Você não quer cuidar de mim, Jason! Quer alguém pra cuidar de você. Pra que não se sinta tão sozinho. Eu não posso esperar que você me valorize se eu mesma não consigo fazê-lo. O meu maior erro é sempre estar disponível pra você

- Eu já te disse que só o tempo vai nos ajudar. Você não colabora pra que isso aconteça. Sempre me cobrando algo... - A encarei sofrido. - Pelo amor de Deus, Ashley! fazem apenas dois meses que estamos juntos de verdade, não acabe com isso.

- Eu estou sempre te cobrando algo? - ela indagou descrente. - Eu estou tentando, Jason! Mas, é difícil quando você vive suspirando pelos cantos. Faz só dois meses que estamos tentando de verdade, Jason! Mas há dez anos eu sou o seu estepe. Se em todo esse tempo você não me amou, quais são as chances de amar agora?

Me calei diante daquela constatação.

- Eu te amei... Todo esse tempo. - Me aproximei dela, peguei de leve em seus cabelos. - Droga! Não faz isso.

- Você amou a Sarah todo esse tempo. Por mim você sentiu paixão no início, e agora tesão, cumplicidade, compatibilidade... Nós temos tudo isso, mas amor... Não, esse não!

- Não me deixa? Por favor!

Ashley me abraçou e afagou meus cabelos, depois beijou o meu rosto.

- Eu sempre serei sua melhor amiga, Jason! É o que eu sempre fui.

- Não vai ser a mesma coisa. - Chorei.

Minhas mãos foram parar em sua barriga.

- Não vou afastá-lo de você. Se é o que teme!

- O que eu tenho que fazer para você ficar?

A abracei apertado.

Ashley respirou profundamente e me beijou apaixonada, eu sentia o sabor das suas lágrimas atrelado a paixão que havia em seus lábios trêmulos.
- Eu te amo, Jason! Mas, eu preciso de alguém inteiro.

- Eu vou ficar inteiro. Juro! - A beijei novamente. - Eu Juro.

- Eu preciso ir, Jason! - Ashley afastou-se e apanhou sua bolsa no sofá.

- Me ligue se precisar de alguma coisa. - Disse secando as lágrimas. - Fique com a chave daqui.

- Obrigada! - Ashley sorriu e saiu me deixando sozinho.