cap. 005

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Thamyris

Quando eu cheguei com a Rayanne e o Pedro da rua minha mãe estava fazendo os crochês dela no quintal, eu fui fazer a janta. Fiz frango assado com batatinha, arroz e esquentei o feijão.

O Henrique chegou já de banho tomado, ele e a Rayanne tem uma casa que fica no final da rua, mas lá ta em reforma e como o Pedro tem asma não dá pra ficar lá.

Assim que eu terminei o jantar chamei todo mundo e fui tomar banho, odeio ficar suada e estava fazendo um calor que até suando debaixo das tetas eu estava suando.

Sai do banheiro e fui pro meu quarto, me sequei, vesti minhas peças intimas e um vestido, passei hidratante, perfume e fui jantar, coloquei minha comida e fui pra sala onde todo mundo estava, odeio comer sozinha. Me sentei no tapete e fiquei encostada no sofá.

— Rodrigo chegou — Henrique falou mexendo no celular — vou lá buscar ele.

— Deixa ele vir sozinho — falei dando uma risadinha.

— Tu gosta né — ele falou rindo — já que eu volto — deu um selinho na Rayanne e saiu.

Minha mãe calada estava, calada ficou. Eu terminei de comer, coloquei a louça na pia e depois fui escovar meus dentes, assim que sai do banheiro escutei a voz do Rodrigo, Henrique estava apresentando ele.

Fui pro meu quarto, peguei meu celular e tinha mensagem da Odete, Paula, Rodrigo e da mãe dele, da Marta, a mãe do Rodrigo, me desejando boa noite e perguntando do neto, eu respondi ela e fiquei no meu quarto mesmo, não queria olhar pra cara do Rodrigo hoje.

— Ta pelada? — escutei o Henrique perguntar do outro lado da porta.

— Não... — respondi e ele abriu a porta.

— Vai lá pra sala não?

— To me sentindo muito bem não — menti, Henrique ficou me encarando por uns segundos.

— Que foi Henrique? — perguntei e ele suspirou, abriu mais a porta e entrou.

— Tu tem que se resolver com o Rodrigo — ele disse sério — papo reto Thamyris, vocês vão ter um filho cara, vão ficar nessa de gato e rato até quando?

— Até ele ser menos escroto comigo — respondi cruzando os braços, Henrique revirou os olhos.

— Para de ser birrenta caralho e tenta fazer uma coisa certa na tua vida, se não for por ti, faz pelo teu filho — revirei os olhos.

— Ta Henrique... agora me deixa sozinha — falei apontando pra porta.

Henrique balançou a cabeça negativamente e saiu do quarto em seguida, me levantei e fechei a janela, puxei a cortina e liguei o ar, peguei meu notebook e coloquei lá numa playlist de pagode, me deitei e fiquei lá olhando o facebook, até minha mãe entrar no quarto.

— Rodrigo ta lá fora te esperando.

— Mãe to muito bem...

— Eu sou tua mãe, e vou sempre te apoiar — ela me interrompeu —, mas ele é o pai do teu filho e são vocês dois que vão criar, tu ta tendo a oportunidade que eu não tive Thamyris, que é de dar um pai digno pro teu filho, não cometa os mesmos erros que eu — ela falou e eu suspirei — vai falar com ele Thamyris.

— Ta bom — falei tirando a coberta — ta bom — me levantei — to indo — falei passando por ela.

Cheguei na sala e o Rodrigo não estava lá, olhei pela janela e vi que ele estava na varanda que tem na entrada de casa.

— Oi — ele falou meio surpreso — não achei que tu viesse.

— A distância da sala pro quarto não é tão grande como eu queria que fosse pra ter uma desculpa pelo menos — falei me encostando no portal da porta e em seguida cruzei os braços.

— Nossa — ele falou coçando a nuca — parece que não é só da minha voz que tu abusou — Rodrigo riu sem graça — se tu quiser eu vou embora, mas eu realmente queria conversar de boa contigo — ele falou e nós ficamos nos olhando por uns segundos.

— Tudo bem — falei me desencostando do portal e puxando uma das cadeiras que tinha ali, me sentei e o Rodrigo fez o mesmo com a outra cadeira — o que quer conversar? — perguntei.

— Primeiro eu quero te pedir desculpas por como eu tenho agido desde que você me procurou pra contar sobre a gravidez, você me pegou de surpresa... — encarei ele e arqueei a sobrancelha, Rodrigo suspirou — boa parte da raiva que você sente de mim é com razão, eu sei disso, mas eu quero tentar mudar isso, deixa eu te mostrar a minha parte boa — ele falou olhando nos meus olhos, eu não consegui sustentar muito o olhar e virei o rosto, passei as mãos nas minhas pernas e parei nos meus joelhos.

— Rodrigo você não é o primeiro homem a me decepcionar e nem vai ser o último, eu não quero saber se você é bom ou não comigo, só quero que seja uma boa pessoa e exemplo pro nosso filho — falei e ele assentiu, não pareceu contente mas também não falou nada.

Como eu disse ele não é o primeiro e não vai ser o último a me decepcionar, mas é o primeiro que vai começar pagando os pecados na terra na minha mão.

— Ta bom — concordou relaxando na cadeira — porque não me contou que ia se mudar?

— Tu não estava lá dentro dos matos sem sinal? Ia avisar como?

— Certo... — respondeu sabia que ele estava se roendo por dentro e se eu continuasse a dar resposta meia boca ele ia explodir — como ta o bebê? Tu foi lá no médico?

— Não, ele teve uma emergência e remarcou pra segunda agora — respondi.

— Eu posso ir contigo? — ele perguntou receoso — eu nunca te acompanhei em nenhuma né?

— Não.

— Tudo bem. — falou decepcionado.

— Não... quer dizer, se tu quiser pode ir, eu respondi não pra segunda pergunta, nunca foi em nenhuma consulta — expliquei e Rodrigo sorriu, parecia criança.

— Ta bom, que horas? — perguntou.

— Ta marcado pras 10h, mas tenta chegar lá umas 9h ou 9h30.

— Pode deixar, tu já sabe o sexo? — ele perguntou.

— Não Rodrigo... — respondi.

— Ah, entendi, tua barriga nem aparece ainda né?

— É, a última vez em que eu fui no obstetra perguntei se estava certo, e ele disse que depende de mulher pra mulher e de gestação pra gestação, tem umas que a barriga aparece logo outras que demoram mais, comigo vestida ou deitada realmente não aparece nada, mas tem uma bolinha aqui na frente — falei e ele voltou a sorrir.

Nós ficamos conversando por horas, Rodrigo saiu daqui quase 3h da madrugada, fiquei com um pouco de receio dele ir embora sozinho porque né a gente nunca sabe, mas assim que ele chegou em casa me mandou mensagem avisando.

Estava sem um pingo de sono, fiz uma pipoca pra mim, e fui pro meu quarto, fiquei assistindo série e comendo, fui dormir lá pelas 5h da manhã.

VIDA BAGUNÇADAOnde histórias criam vida. Descubra agora