Rodrigo
Thamyris é foda mano, vou colocar o nome dela no círculo de oração na igreja... enquanto ela estava lá respondendo as perguntas do médico eu só estava calado observando.
— Você costuma se estressar com frequência? — ele perguntou.
— Não.
— Ta mentindo — falei a interrompendo — vive estressada, tem dia que acorda mandando todo mundo pro inferno.
— São os hormônios Rodrigo... os hormônios! Sem falar que tu adora me estressar...
— O que? Olha teu problema não é estresse não e sim mentira, ta mentindo pra caralho.
— Olha a boca Rodrigo! — ela disse me repreendendo — ta vendo doutor, o que eu tenho que aguentar? — ela virou pro médico que só olhava pra nós dois.
— Bom... — o médico começou — essa não é a minha especialidade, mas vocês já tentaram terapia de casal?
— Não somos um casal — falamos ao mesmo tempo.
— Certo — ele falou sem jeito — me desculpem... voltando ao assunto, Thamyris está tudo bem apesar da crise nervosa, mas precisamos ver se está tudo bem com o bebê pra isso vou pedir que você faça uma eco de emergência, vou receitar alguns remédios pra você, mas é de extrema importância que amanhã mesmo você consulte o seu obstetra, ok? — ele perguntou estendendo uns papeis pra ela — amanhã ta bom?
— Tudo bem — Thamyris respondeu e pegou os papeis.
Nos despedimos do médico e voltamos lá pra primeira sala, eles deram uns remédios pra ela na veia e depois nós fomos fazer a eco, por uma graça divina estava tudo bem com o bebê, ele estava um pouco agitadinho mas isso não era problema. Thamyris não tinha nenhum sangramento nem nada, a placenta estava no lugar, estava tudo certo.
— Eu to parecendo uma maluca andando descalça pelo hospital.
— Só tinha aquela arma que tu chama de sandália pra calçar e tu não ia aguentar em cima — falei pegando os papeis e o exame dela, destravei o carro e abri a porta pra ela.
— Melhor que andar descalça — Thamyris falou entrando no carro — meu pé a cheio de terra e sujo, deve ta preto.
— Pelo menos é sinal de que tu vai banhar antes de dormir — falei entregando as coisas pra ela, fechei a porta, dei a volta e entrei no carro.
— Olha já ta até fazendo piadinha — ela falou sorrindo — ta bolado mais não né?
— Adianta eu ficar bolado? — perguntei ligando o carro — eu não quero ficar louco não Thamyris, ainda mais por tua causa.
— Nossa Rodrigo... — ela falou magoada e eu ri — me leva pra casa.
— Nem a pau que eu vou subir morro uma hora dessas.
— Rodrigo eu quero dormir em casa.
— Qual o problema de dormir na minha? — perguntei — a cama não tem dente não.
— Problema nenhum, eu só quero dormir na minha cama.
— Hoje não, porque eu não vou subir morro — falei e ela resmungou alguma coisa que eu não entendi — o que tu falou?
— Nada, eu hein... falei nada — ela disse e eu sorri de canto.
Henrique
Devia ser umas três e pouco da manhã, eu estava na garagem trocando ideia com a Rayanne tipo quando nós ainda namorava e eu ia lá pra porta da casa dela ficar conversando.
— Ai amor, o que tu acha de da gente fazer um irmãozinho pro Pedro? — perguntei acariciando a perna dela.
— Deus é mais — ela disse se benzendo — só o Pedro ta ótimo, quer ter filho vai ter com outras... — riu.
— Tu não acha que ele precisa de um irmão não? — perguntei um pouco mais sério.
— Não agora, acho que ele é muito pequeno e não ia entender muito bem — ela respondeu e eu cocei o queixo — mas porque tu ta perguntando isso? — perguntou deitando a cabeça no meu ombro.
— Nada... — respondi suspirando — mas vou seguir teu conselho, fazer filho nas outras — disse e ela me deu um tapa no meio dos peitos — caralho Rayanne! — falei me afastando dela — mão pesada da porra — disse rindo.
— Eu vou embora e levo o Pedro — ela disse se endireitando na cadeira.
— Oh... vacilo isso ai em — disse olhando pra ela.
— vou te mostrar o que é vacilo — ela disse boladinha e eu voltei a rir, me estiquei e beijei o pescoço dela.
— fica bolada atoa tu — falei enrolando meus dedos no cabelo da nuca dela, segurei e puxei de leve.
— ai Henrique... puxa não — ela disse tentando se soltar.
— para de manha loirinha — trouxe ela pra perto e comecei a dar uns beijinhos nela — te amo — disse entre os selinhos.
— te amo também — ela disse sorrindo.
Soltei a nuca dela e nós começamos a nos beijar, mas paramos quando escutamos mexerem no portão, fiquei meio escaldado com isso mas relaxei quando vi que era a Thamyris.
— Ta mandada Thamyris?
— Ta devendo Henrique? — Thamyris perguntou e eu dei dedo pra ela.
— Se foder...
— Enfia esse dedo lá naquele lugar viu — ela falou debochada.
Nessa hora o Rodrigo entrou e ficou olhando pra gente meio sem jeito.
— Ué — falei sem entender, olhei pra Rayanne e ela também não estava entendendo muito bem.
— A gente trouxe pizza — ele falou.
— Bora comer que eu to morrendo de fome meu povo — Thamyris falou pegando a caixa de pizza da mão do Rodrigo e em seguida entrou em casa.
— To com fome também — Rayanne falou se levantando e indo atrás da Thamyris.
— Entra ai cara — falei segurando o riso, Rodrigo fechou o portão e entrou — brincadeira hein — falei balançando a cabeça... tranquei o portão e ajeitei as cadeiras, entrei e fui pra cozinha peguei um pedaço de pizza e mordi.
— Cadê minha mãe? — Thamyris perguntou cortando um pedaço da pizza.
— Saiu logo depois de ti... — Rayanne respondeu e tomou um pouco de coca.
— Saiu pra namorar, foi colocar a xereca pra jogo — falei e o Rodrigo riu, Rayanne ficou roxa mas não riu.
— Ta certa ela né — Thamyris falou de boca cheia — espero que seja rico, porque minha mãe só arruma o que não presta.
— Que nem tu.
— Rayanne da um tapa nesse teu marido ai por mim, fala muita besteira — ela falou bolada já.
— Ele ta falando alguma mentira? — Rodrigo perguntou olhando pra ela de canto.
Eu ri mas também não falei mais nada, comi mais um pedaço de pizza e fui pro quarto com a primeira dama. Rodrigo e Thamyris ficaram lá comendo e se bicando.
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VIDA BAGUNÇADA
ChickLit[primeira versão] | +18 | concluída. Resolver os problemas do passado e do presente pra que ela tenha um pouco de paz é o desafio de Thamyris.