cap. 017

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Rodrigo

Thamyris é foda mano, vou colocar o nome dela no círculo de oração na igreja... enquanto ela estava lá respondendo as perguntas do médico eu só estava calado observando.

— Você costuma se estressar com frequência? — ele perguntou.

— Não.

— Ta mentindo — falei a interrompendo — vive estressada, tem dia que acorda mandando todo mundo pro inferno.

— São os hormônios Rodrigo... os hormônios! Sem falar que tu adora me estressar...

— O que? Olha teu problema não é estresse não e sim mentira, ta mentindo pra caralho.

— Olha a boca Rodrigo! — ela disse me repreendendo — ta vendo doutor, o que eu tenho que aguentar? — ela virou pro médico que só olhava pra nós dois.

— Bom... — o médico começou — essa não é a minha especialidade, mas vocês já tentaram terapia de casal?

— Não somos um casal — falamos ao mesmo tempo.

— Certo — ele falou sem jeito — me desculpem... voltando ao assunto, Thamyris está tudo bem apesar da crise nervosa, mas precisamos ver se está tudo bem com o bebê pra isso vou pedir que você faça uma eco de emergência, vou receitar alguns remédios pra você, mas é de extrema importância que amanhã mesmo você consulte o seu obstetra, ok? — ele perguntou estendendo uns papeis pra ela — amanhã ta bom?

— Tudo bem — Thamyris respondeu e pegou os papeis.

Nos despedimos do médico e voltamos lá pra primeira sala, eles deram uns remédios pra ela na veia e depois nós fomos fazer a eco, por uma graça divina estava tudo bem com o bebê, ele estava um pouco agitadinho mas isso não era problema. Thamyris não tinha nenhum sangramento nem nada, a placenta estava no lugar, estava tudo certo.

— Eu to parecendo uma maluca andando descalça pelo hospital.

— Só tinha aquela arma que tu chama de sandália pra calçar e tu não ia aguentar em cima — falei pegando os papeis e o exame dela, destravei o carro e abri a porta pra ela.

— Melhor que andar descalça — Thamyris falou entrando no carro — meu pé a cheio de terra e sujo, deve ta preto.

— Pelo menos é sinal de que tu vai banhar antes de dormir — falei entregando as coisas pra ela, fechei a porta, dei a volta e entrei no carro.

— Olha já ta até fazendo piadinha — ela falou sorrindo — ta bolado mais não né?

— Adianta eu ficar bolado? — perguntei ligando o carro — eu não quero ficar louco não Thamyris, ainda mais por tua causa.

— Nossa Rodrigo... — ela falou magoada e eu ri — me leva pra casa.

— Nem a pau que eu vou subir morro uma hora dessas.

— Rodrigo eu quero dormir em casa.

— Qual o problema de dormir na minha? — perguntei — a cama não tem dente não.

— Problema nenhum, eu só quero dormir na minha cama.

— Hoje não, porque eu não vou subir morro — falei e ela resmungou alguma coisa que eu não entendi — o que tu falou?

— Nada, eu hein... falei nada — ela disse e eu sorri de canto.

Henrique

Devia ser umas três e pouco da manhã, eu estava na garagem trocando ideia com a Rayanne tipo quando nós ainda namorava e eu ia lá pra porta da casa dela ficar conversando.

— Ai amor, o que tu acha de da gente fazer um irmãozinho pro Pedro? — perguntei acariciando a perna dela.

— Deus é mais — ela disse se benzendo — só o Pedro ta ótimo, quer ter filho vai ter com outras... — riu.

— Tu não acha que ele precisa de um irmão não? — perguntei um pouco mais sério.

— Não agora, acho que ele é muito pequeno e não ia entender muito bem — ela respondeu e eu cocei o queixo — mas porque tu ta perguntando isso? — perguntou deitando a cabeça no meu ombro.

— Nada... — respondi suspirando — mas vou seguir teu conselho, fazer filho nas outras — disse e ela me deu um tapa no meio dos peitos — caralho Rayanne! — falei me afastando dela — mão pesada da porra — disse rindo.

— Eu vou embora e levo o Pedro — ela disse se endireitando na cadeira.

— Oh... vacilo isso ai em — disse olhando pra ela.

— vou te mostrar o que é vacilo — ela disse boladinha e eu voltei a rir, me estiquei e beijei o pescoço dela.

— fica bolada atoa tu — falei enrolando meus dedos no cabelo da nuca dela, segurei e puxei de leve.

— ai Henrique... puxa não — ela disse tentando se soltar.

— para de manha loirinha — trouxe ela pra perto e comecei a dar uns beijinhos nela — te amo — disse entre os selinhos.

— te amo também — ela disse sorrindo.

Soltei a nuca dela e nós começamos a nos beijar, mas paramos quando escutamos mexerem no portão, fiquei meio escaldado com isso mas relaxei quando vi que era a Thamyris.

— Ta mandada Thamyris?

— Ta devendo Henrique? — Thamyris perguntou e eu dei dedo pra ela.

— Se foder...

— Enfia esse dedo lá naquele lugar viu — ela falou debochada.

Nessa hora o Rodrigo entrou e ficou olhando pra gente meio sem jeito.

— Ué — falei sem entender, olhei pra Rayanne e ela também não estava entendendo muito bem.

— A gente trouxe pizza — ele falou.

— Bora comer que eu to morrendo de fome meu povo — Thamyris falou pegando a caixa de pizza da mão do Rodrigo e em seguida entrou em casa.

— To com fome também — Rayanne falou se levantando e indo atrás da Thamyris.

— Entra ai cara — falei segurando o riso, Rodrigo fechou o portão e entrou — brincadeira hein — falei balançando a cabeça... tranquei o portão e ajeitei as cadeiras, entrei e fui pra cozinha peguei um pedaço de pizza e mordi.

— Cadê minha mãe? — Thamyris perguntou cortando um pedaço da pizza.

— Saiu logo depois de ti... — Rayanne respondeu e tomou um pouco de coca.

— Saiu pra namorar, foi colocar a xereca pra jogo — falei e o Rodrigo riu, Rayanne ficou roxa mas não riu.

— Ta certa ela né — Thamyris falou de boca cheia — espero que seja rico, porque minha mãe só arruma o que não presta.

— Que nem tu.

— Rayanne da um tapa nesse teu marido ai por mim, fala muita besteira — ela falou bolada já.

— Ele ta falando alguma mentira? — Rodrigo perguntou olhando pra ela de canto.

Eu ri mas também não falei mais nada, comi mais um pedaço de pizza e fui pro quarto com a primeira dama. Rodrigo e Thamyris ficaram lá comendo e se bicando.

VIDA BAGUNÇADAOnde histórias criam vida. Descubra agora