capítulo trinta e seis

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Rodrigo

— Eu já falei o que eu me lembro — repeti pela milésima vez pro policial.

— Você viu que carro perseguiu vocês? — ele perguntou e eu respirei fundo pra não dar um murro na cara daquele filho da puta.

— Não teve perseguição, nós estávamos nos aproximando do sinal que tem antes da vila militar... quando eles chegaram já atirando — falei alto e sem nenhuma paciência.

— Senhor eu só estou fazendo meu trabalho — ele disse paciente. Balancei a cabeça negativamente e tirei a gase que tinham me dado pra estancar o sangue do corte da minha cabeça.

— Então eu vou repetir o que aconteceu pela última vez — disse — o Cleber e a esposa me convidaram pra almoçar na casa deles hoje, outros colegas do quartel também foram e não, eu não sei se algum deles tem algum problema com o Cleber porque eu fui transferido pra cá a pouco tempo — o policial assentiu — lá pelas dez da noite o pessoal começou a ir embora depois de uma tarde agradável, eu fui o último convidado a vir embora, e por eu ter bebido e não estar de carro Cleber decidiu melhor me deixar na vila, que é onde eu to morando.

— Certo, dai vocês pararam no sinal e esse carro apareceu e vocês...

— Não, nós estávamos nos aproximando do sinal quando o carro apareceu, o homem do carona tava com uma arma na mão e não, eu não consegui reconhecer que arma era ou quem tava atirando. Quando os tiros atingiram o vidro do porta malas o Cleber acelerou o carro e depois disso eu só lembro de quando eu acordei com o pessoal me tirando de dentro do carro capotado.

— Policial eu sinto muito, mas vou ter que leva-lo — uma enfermeira falou segurando a cadeira de rodas que eu estava sentado.

— Tudo bem enfermeira... — ele assentiu e ela me levou dali.

— Cadê o Cleber? — perguntei preocupado, já tinha alguns bons minutos que eu tinha chegado ali no hospital e nada dele aparecer ou noticia chegar.

— Ele não vai vir pra cá sargento, o caso dele é um pouco crítico — ela falou empurrando a cadeira — mas não se preocupe com ele, os familiares já foram avisados. Inclusive os seus, agora vamos cuidar de ver como você está — ela falou abrindo uma porta, me arrastou ali pra dentro.

Tiraram alguns raio-x, depois passei por um outro exame, e enquanto eles ficavam prontos, fui pra enfermaria onde me fizeram os curativos necessários.


Thamyris

— O que aconteceu Nathalia? — perguntei assim que vi ela voltando pra mesa pálida.

— Rodrigo sofreu um acidente — ela respondeu e eu fiquei sem reação — eu não entendi muito bem, minha mãe tava muito nervosa, ela falava coisa com coisa.

— O que aconteceu gente? — Raul perguntou assim que se aproximou de nós duas.

— Vão pra casa, tua mãe deve ta uma pilha de nervos — falei e Nathalia assentiu.

— É... Raul, vamos pra casa — Nathalia falou balançando a cabeça — anda, vamos — ela saiu arrastando ele que ficou sem entender nada, eu fiquei ainda uns 5min olhando pro nada, sem muita reação.

— Que merda — falei estalando a língua.

Peguei minha bolsa e fui lá pro caixa pagar a conta.

Tinha saído hoje com o Raul e com a Nathalia pra um barzinho estava até legal, lugar bonitinho, música ao vivo, mas depois dessa notícia do acidente com o Rodrigo, clima zero, melhor ir pra casa.

Paguei a conta e sai do local, pedi um Uber e fiquei esperando, ele me deixou em casa, paguei e sai do carro. Antes mesmo de abrir o portão escutei um barulho de moto, olhei pra trás e era o Jr, ele ta aqui direto no dezoito agora.

— Qual foi Thamyris — ele falou desligando a moto e em seguida se apoiou no tanque dela — viu um fantasma? — riu.

— E ai Junior — balancei a cabeça — não vi não...

— Ah sim. Sobe ai, bora dar um rolê — falou animado.

— Melhor não, amanhã é sábado, salão vai ta lotado — ele ficou me olhando por uns segundos antes de rir.

— Tu tem medo de mim? — ele perguntou e eu franzi a testa.

— Medo não — respondi — mas é que toda vez que eu me envolvi com traficante não deu certo, então melhor não.

— Então tu tem uma visão errada de mim — disse colocando a moto no descanso — e eu não gosto disso — fiquei com medo disso que ele falou? Fiquei, mas eu ia fazer o que?

— Entra ai então, bora conversar — disse abrindo o portão.

Ficamos lá na sala, papo vai, papo vem entramos no assunto Playboy.

— Tu gostava do meu irmão mesmo ou era só por causa do dinheiro? — ele perguntou.

— Eu gostava sim do Playboy, mesmo com todas as coisas que aconteciam entre nós dois, eu gostava, e nunca foi por causa de dinheiro não. Dinheiro era só consequência, eu gostava mesmo era de perturbar a mente dele, bater de frente, deixar ele fora da casinha — falei sorrindo e o Jr riu.

— Tenho que te falar que isso tu fazia muito bem, a gente não tinha contato, mas eu sempre sabia das coisas.

— Que engraçado, tu sabia e a mulher dele só descobriu depois de muito tempo.

— Acho que ela sabia a mais tempo, — Jr falou — só que como ela estava com ele por dinheiro, tu acha que ela ia se estressar com isso?

— É... — ri — novinha emocionada que fica nessa de amor e pa.

— Isso ai, — ele assentiu — se tu tivesse com ele só por dinheiro, certeza que não tinha durado.

— Talvez, Playboy era meio maluco po.

— Ele não pensava nas coisas que fazia não, maluco mermo — concordei balançando a cabeça.

— Tu sente muita falta dele? — perguntei e o Jr suspirou.

— Sabe Thamyris, eu matei o Jean, mas eu sinto que ainda não ta completo sabe? — perguntou, e eu fiquei desconfiada do rumo que aquela conversa estava tomando — não era pro meu irmão ter morrido por tua causa, se tu não tivesse entrado na vida dele, ele ainda poderia estar vivo.

— Playboy não morreu por minha causa Junior.

— Não? — riu sem humor e se levantou do sofá já sacando uma pistola da cintura — então eu vou ficar na dúvida, porque eu não vou ser mais um otário a acreditar em ti e depois tomar no cu.

Apontou a arma pra mim e atirou, eu olhei pra minha barriga e vi minha blusa sendo tomada por uma mancha vermelha, de repente eu não tinha voz, não tinha força, não tinha mais minha vida.

Apontou a arma pra mim e atirou, eu olhei pra minha barriga e vi minha blusa sendo tomada por uma mancha vermelha, de repente eu não tinha voz, não tinha força, não tinha mais minha vida

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