Rodrigo
Cheguei no hospital o mais rápido que eu pude, Henrique e a Rayanne estavam lá, ele estava com cara de choro e a Rayanne tentava consolar ele, na hora em que eles me viram Henrique balançou a cabeça negativamente.
— Eu sinto muito cara — Henrique falou abaixando a cabeça.
O chão tinha desaparecido e parecia que eu tinha sido abraçado por um sentimento muito ruim de perda, tristeza que fazia meu coração apertar e minha garganta me deixando sem voz. Eu comecei a chorar, chorar que nem criança e fiquei assim até minha mãe chegar, não sei quanto tempo passou mas pareceu uma eternidade até o médico voltar com notícias da Thamyris.
Eu estava presente ali só em corpo, porque minha mente estava em outro lugar, um lugar bem distante.
— Rodrigo, eles precisam da sua assinatura em alguns papeis pra liberação do corpo — minha mãe falou.
— Como é que eu vou enterrar meu filho que nem chegou a nascer mãe? — perguntei saindo do meu transe.
— Você precisa ser forte filho — ela falou acariciando minha mão — você precisa...
[...]
Como a vida é engraçada né? No dia em que eu deveria ta feliz com minha família no chá de revelação, eu estava enterrando meu filho, é no masculino, era um moleque.
Eu não sabia como lidar com aquilo, eu não tinha estomago pra aquilo eu precisava de alguém que soubesse a minha dor ao meu lado e esse alguém era a Thamyris. Mas nem aqui ela podia ta, minha mãe e minha irmã ficaram do meu lado o tempo todo.
— Eu sito muito pela sua perda — Paula falou me abraçando.
— É... eu também — falei suspirando.
— Olha, eu sei que esse não é o melhor momento pra isso, mas queria te pedir pra não comentar nada sobre nós dois pra Thamyris, ainda mais agora que...
— Tu ta de brincadeira com a minha cara? — a interrompi — tu veio no enterro do meu filho me pedir pra não falar nada pra Thamyris? — ri irônico — em que mundo tu vive que acha que você ou o que aconteceu entre a gente seria algo e que eu estaria pensando numa hora dessas?
— Desculpa Rodrigo, não precisa ser ignorante — ela falou sem jeito.
— Desculpa Paula, eu não preciso é ser simpático — falei e deixei ela sozinha, voltei pra perto da minha irmã.
— Algum problema com aquela loira? — ela perguntou baixo.
— Não — respondi.
10h da manhã a última pá de terra foi jogada sobre meu filho. Eu fui embora com a certeza de que um pedaço meu estava ficando pra trás, não tem sensação pior que essa.
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VIDA BAGUNÇADA
Chick-Lit[primeira versão] | +18 | concluída. Resolver os problemas do passado e do presente pra que ela tenha um pouco de paz é o desafio de Thamyris.