capítulo vinte e um

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Rodrigo

Cheguei no hospital o mais rápido que eu pude, Henrique e a Rayanne estavam lá, ele estava com cara de choro e a Rayanne tentava consolar ele, na hora em que eles me viram Henrique balançou a cabeça negativamente.

— Eu sinto muito cara — Henrique falou abaixando a cabeça.

O chão tinha desaparecido e parecia que eu tinha sido abraçado por um sentimento muito ruim de perda, tristeza que fazia meu coração apertar e minha garganta me deixando sem voz. Eu comecei a chorar, chorar que nem criança e fiquei assim até minha mãe chegar, não sei quanto tempo passou mas pareceu uma eternidade até o médico voltar com notícias da Thamyris.

Eu estava presente ali só em corpo, porque minha mente estava em outro lugar, um lugar bem distante.

— Rodrigo, eles precisam da sua assinatura em alguns papeis pra liberação do corpo — minha mãe falou.

— Como é que eu vou enterrar meu filho que nem chegou a nascer mãe? — perguntei saindo do meu transe.

— Você precisa ser forte filho — ela falou acariciando minha mão — você precisa...

[...]

Como a vida é engraçada né? No dia em que eu deveria ta feliz com minha família no chá de revelação, eu estava enterrando meu filho, é no masculino, era um moleque.

Eu não sabia como lidar com aquilo, eu não tinha estomago pra aquilo eu precisava de alguém que soubesse a minha dor ao meu lado e esse alguém era a Thamyris. Mas nem aqui ela podia ta, minha mãe e minha irmã ficaram do meu lado o tempo todo.

— Eu sito muito pela sua perda — Paula falou me abraçando.

— É... eu também — falei suspirando.

— Olha, eu sei que esse não é o melhor momento pra isso, mas queria te pedir pra não comentar nada sobre nós dois pra Thamyris, ainda mais agora que...

— Tu ta de brincadeira com a minha cara? — a interrompi — tu veio no enterro do meu filho me pedir pra não falar nada pra Thamyris? — ri irônico — em que mundo tu vive que acha que você ou o que aconteceu entre a gente seria algo e que eu estaria pensando numa hora dessas?

— Desculpa Rodrigo, não precisa ser ignorante — ela falou sem jeito.

— Desculpa Paula, eu não preciso é ser simpático — falei e deixei ela sozinha, voltei pra perto da minha irmã.

— Algum problema com aquela loira? — ela perguntou baixo.

— Não — respondi.

10h da manhã a última pá de terra foi jogada sobre meu filho. Eu fui embora com a certeza de que um pedaço meu estava ficando pra trás, não tem sensação pior que essa.

VIDA BAGUNÇADAOnde histórias criam vida. Descubra agora