cap. 020

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Jean

Algumas horas antes.

Estava escondido em Lins desde quando eu "morri", fiquei esses meses tudo aqui, e apesar do Renatinho ser fechamento aqui não era meu lar e eu não estava afim de ficar me escondendo por muito mais tempo, eu não passei pelo que eu passei pra ficar escondido.

Eu ia tomar meu morro de volta e ia acertar minhas pendencia, ia começar pela Thamyris aquela filha da puta.

Essa mulher só pode ter me jogado um feitiço, ela vacila pra caralho me faz de gato e sapato e eu ainda insisto nela. Mandei o Dodô ir lá no dezoito e buscar ela, ia dar a última chance pra essa vacilona.

Estava no meu quarto quando escutei um barulho no portão e logo em seguida ela chamando o Dodô de filho da puta, eu ri, sai do quarto e fiquei fui pra sala onde ela estava com o Dodô.

— Tu nunca aprende né? — perguntei e ela cruzou os braços quando me viu — pode sair Dodô — falei pra ele que assentiu, Thamyris acompanhou ele com o olhar enquanto ele saia dali.

— Porque que ele tem que sair? — ela perguntou.

— Ta com medo de ficar sozinha comigo? — arqueei uma sobrancelha.

— Eu ainda preciso responder? — ela perguntou e eu ri.

— Não precisa ter medo de mim não, tu nunca precisou ter — falei me aproximando, Thamyris continuou parada — não sou o Playboy... — falei acariciando o rosto dela com as pontas dos meus dedos.

— Tu é pior que ele Jean — ela falou com a voz cheia de raiva — tu é dissimulado.

— Ai Thamyris — falei rindo e me afastando — to vendo que vai ser difícil essa nossa conversa — fui até a mesa onde tinham algumas bebidas e peguei um uísque — vai querer alguma coisa pra beber?

— Eu quero ir embora! — ela falou séria e eu a ignorei.

— Nada então, pelo menos senta — apontei pro sofá e servi meu copo com um uísque e gelo... — Thamyris eu disse pra você se sentar — falei um pouco mais sério.

— Eu não quero me sentar, não quero beber nada, não quero olhar pra sua, eu quero ir embora — ela falou e eu respirei fundo.

Thamyris parecia criança mimada e eu odiava isso, nunca tive paciência.

— Te chamei aqui pra conversar na moral e tu ta acabando com a minha paciência...

— Me chamou? — riu irônica — que engraçado eu não recebi nenhum convite, me pegaram e me jogaram dentro da merda de um carro e me trouxeram pra cá, isso não é convite Jean, isso é sequestro! — ela falou alto eu cerrei os dentes com raiva.

— Certo — suspirei, tomei um gole da minha bebida e coloquei o copo de volta em cima da mesa — eu vou invadir o dezoito amanhã de noite... — falei — eu nem deveria ta te avisando sobre isso, mas eu sei que se eu chegar lá de surpresa eu vou encontrar quem eu não quero e tu sabe que amanhã vai ser sem massagem, esse é o recado pro Henrique — sorri de canto.

— Ele não ta mais nessa a muito tempo, porque tu quer ir atrás dele? — ela preguntou — deixa ele e a família em paz.

— Ele saiu do crime, mas foi na trairagem e tu sabe muito bem qual é o proceder — falei sério — mas mudando de assunto, tu ta bonita grávida — falei sorrindo e olhando pra barriga dela — sempre imaginei nós tendo nosso filho.

— Tu é maluco Jean — Thamyris falou revirando os olhos — é sério, eu quero ir embora.

— A gente podia tentar de novo Thamyris — falei me sentando no sofá, ela ficou me olhando sem acreditar no que eu tinha acabado de falar — papo reto cara, tu sabe que desde menor eu sempre fui gamado em ti, a gente podia tentar d...

— Eu vou embora — ela me interrompeu se virou e foi até a porta.

— Não vou te impedir de ir embora, mas acho que a gente não deva terminar assim... talvez amanhã eu nem esteja mais aqui — falei me levantando, Thamyris se virou pra mim.

— Ta bom... — ela disse cruzando os braços — você foi o pior erro da minha vida Jean e eu espero que de verdade amanhã você morra e me deixe em paz — ela falou e saiu dali, eu fiquei encarando a porta até que o Dodô entrou.

— É pra deixar ela ir embora? — ele perguntou.

— É pra matar ela — respondi, Dodô ficou sem reação.

— Jean a mina ta grávida...

— Eu não to nem ai — falei voltando a mesa de bebidas — Thamyris não vai sair viva daqui.

Dodô

— Sinto muito Jean, mas eu não vou relar em mulher grávida não — falei sério — pode ser quem for, mas eu não vou fazer isso — Jean ficou me encarando por alguns segundos cheio de raiva.

— Tranquilo, eu mesmo faço isso — ele disse sorrindo nervoso, passou por mim feito um furacão gritando com os caras lá fora.

— Puta que pariu — falei coçando a cabeça, eu deveria deixar aquela fila da puta se foder, mas eu sabia que não deveria — JEAN! — gritei saindo da casa, encontrei ele já dando ordem pros soldados... — eu vou — ele me olhou — eu vou, fica aqui que tu ta protegido, é vacilo tu se arriscar por ai por causa dessa mina.

— Eu não to nem ai — ele falou e entrou dentro do carro, os caras seguiram ele de moto.

— Puta merda — falei preocupado, voltei pra dentro de casa e mandei um rádio pro Vitinho.

— Passa a visão — ele falou

— Qual foi Vitinho, preciso que tu faça uma parada menor.

Expliquei a situação pra ele e falei o que ele tinha que fazer, depois disso eu subi na moto e fui procurar a maluca da Thamyris, eu estava torcendo muito, muito mesmo que essa mina tenha conseguido ir embora antes do Jean achar ela.

Thamyris

— Eu não quero saber de ordem nenhuma não, palhaçada isso, eu quero ir embora — falei alto pro moleque que estava empatando meu caminho.

— Ordens são ordens dona, to só aqui pra cumprir elas — ele falou ajeitando o fuzil nas costas.

Peguei meu celular e comecei a digitar uma mensagem, mas antes de enviar me tomaram o celular, eu olhei e era o Jean com uma pistola na mão até o moleque se assustou do jeito que ele chegou, jogou meu celular no chão e pisou em cima.

— Não faz escândalo não — ele falou segurando meu cabelo e me levando pra dentro do carro.

— Me deixa ir embora Jean...

— A gente vai dar uma volta antes — ele falou e eu gelei.

O sentimento de medo que eu senti no dia em que o Playboy me bateu me invadiu, mas agora eu tinha mais medo pelo meu bebê do que por mim mesma, Jean subiu o morro de novo e foi pra um lugar mais afastado, nessa hora eu já estava chorando horrores e ele calado.

[...]

— PARA JEAN! — gritei tentando me defender dos chutes que ele me dava que eram só na minha barriga — PARA! POR FAVOR!

— EU VOU TE MATAR VAGABUNDA! — ele gritou, puxou meu cabelo e me colocou sentada no chão e começou a sessão de pancada de novo, eu estava quase perdendo os sentidos quando escutei um barulho alto, tipo uma pancada... — ME SOLTA PORRA... ME SOLTA! — escutei ele gritar e olhei de canto uns caras segurando ele.

— Puta que pariu, tu ta viva? — um cara perguntou se abaixando do meu lado, eu só consegui assenti — anda... vem, vou te ajudar — ele falou me levantando.

Na hora em que eu fiquei em pé eu senti uma dor absurda na minha barriga, minhas pernas chegaram a tremer, ele me segurou firme, mas ai eu senti "algo" descer.

— Meu bebê — falei chorando.

VIDA BAGUNÇADAOnde histórias criam vida. Descubra agora