capítulo vinte e seis

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Rodrigo

Eu me mudei pra tentar esquecer o que aconteceu, mas minha mãe estava certa, pra onde quer que eu fosse eu ia levar isso comigo, e a única coisa que eu podia fazer era esperar o tempo passar, não ia adiantar eu sentir raiva da Thamyris ou desejar o mal dela porque no fundo eu sabia que ela estava sofrendo do mesmo jeito que eu, cada um do seu jeito e pelos seus motivos.

Tirando essa parte, minha vida estava como ela sempre foi: trabalho, casa, casa, trabalho e apesar de ter criado algumas amizades lá em Minas não era a mesma coisa como aqui no Rio, aqui eu tinha minha família, meus amigos de infância, a galera do futebol, da sinuca sempre tinha coisa pra fazer eu sempre estava animado e bem humorado, e agora estava tudo meio bosta, mas sigo invicto.

A ceia de natal foi tranquila, comi e bebi pra caralho dormi na rede ao relento porque nem condição de ir pra minha cama eu tive, acordei com o Zeus lambendo minha cara e latindo.

— Qual foi cara — falei afastando ele que latiu alto e fez com que minha cabeça doesse — puta que pariu — abri os olhos devagar, e encarei o céu azulzinho sem nuvem nenhuma, me espreguicei e fiquei curtindo preguiça por uns minutos ainda.

Assim que eu me levantei fui até a cozinha, já peguei e fui tomando remédio pra dor de cabeça e pra enjoo, tomei um banho frio pra acordar direito, sai do banheiro e minha mãe tinha acordado.

— Bom dia bebinha — zoei ela.

— Bebinha é sua mãe Rodrigo — ela falou indo pra cozinha.

— E tu é o que minha? — perguntei rindo, fui pro quarto do Felipe, que um dia já foi meu, me enxuguei e me vesti, meu tio acordou esperei ele banhar e se arrumar pra gente ir comprar café da manhã pra tropa.

— Ta gostando de minas mesmo? — ele perguntou.

— É... lá não é ruim — respondi dando de ombros.

— Não foi isso que eu perguntei.

— Eu sei, e como eu disse lá não é ruim, eu só preciso me acostumar.

— Rodrigo acho que não tem coisa pior nessa vida do que você fazer coisas ou estar em lugares que você não gosta, porque, você não vai se sentir bem e não tem esse negócio de se acostumar, porque a gente se acostuma com coisa boa e não com coisa ruim, coisa ruim nós toleramos — ele falou no tom sério de sempre e eu sorri.

— Verdade, então eu acho que preciso tolerar estar em minas — falei e ele balançou a cabeça negativamente.

Chegamos na padaria e eu estacionei o carro, descemos e fomos comprar as coisas, meu celular vibrou no bolso, peguei e era notificação no instagram da Thamyris, a curiosidade foi maior e eu abri o vídeo carregou e começou um barulho do caralho, o pessoal que estava ali me olhou e eu abaixei o volume rápido.

— Quê isso? — meu tio perguntou.

— Nada não — respondi, olhei o vídeo sem áudio.

Foram chegando mais e mais vídeos, o ultimo era ela dançando com uma outra mulher, devia ser em algum baile funk por ai, parecia feliz e eu sei lá me senti meio bosta por isso.

VIDA BAGUNÇADAOnde histórias criam vida. Descubra agora