Thamyris
— Vai pra onde? — minha mãe perguntou.
— Aniversário do tio do Rodrigo, a mãe dele me convidou — respondi pegando um pãozinho de queijo — tchau — me despedi e saí de casa, entrei no carro e o Rodrigo estava com uma cara terrível de sono — bom dia pra você também.
— Bom dia — ele falou meio rouco, deu a volta e começou a descer a rua.
— O que aconteceu contigo? — perguntei passando o cinto.
— Acordei assim — ele respondeu — to todo dolorido.
— Ta com febre?
— Um pouco... com dor de garganta também.
— Deve ter sido alguma coisa naquele mato que tu foi, deve ter pegado uma dengue, zika.
— Sou vacinado, vira essa boca pra lá — ele falou mais alto, só que a voz não saiu e eu ri.
— Tu já tomou algum remédio? — perguntei e ele negou — dá meia volta ai que eu pego alguma coisa pra ti ali em casa.
— Não, a gente para em alguma farmácia e compra.
— Cê que sabe — falei dando de ombros.
No caminho ele parou na farmácia de um japonês, desci com ele e nós entramos no estabelecimento, ele foi falando o que estava sentindo e o japonês só ouvido e colocando os remédios na bancada, Rodrigo tomou uma injeção e comprou anti-inflamatório, vitamina c e remédio pra gripe.
— Tu quer alguma coisa? — ele perguntou antes de irmos pro caixa.
— Água... — respondi.
— Pega uma pra mim também — pediu e eu fui lá pegar, ele pagou e nós saímos.
Até 15min atrás a manhã estava com cara de manhã sabe? Aquele solzinho agradável, agora era um sol pra cada cabeça.
Deus me livre.
Fomos o caminho em silêncio na maioria do tempo, a casa do tio dele era meio longe, coisa de 40min e olha que o trânsito estava bom.
— Tem algo a mais pra me contar do tipo que teu tio é rico? — falei irônica assim que vi a casa do tio dele.
— Não, meu tio não é rico — ele falou — ele só vive bem — sorriu.
— Quem vive bem sou eu — falei saindo do carro.
O portão estava aberto e nós entramos, deixei ele ir na frente a primeira pessoa que nós vimos foi a Nathália, irmã dele falando alguma coisa pro Felipe.
— Ta me ouvindo Felipe? Não me faça mais levantar daquela mesa pra vim te chamar atenção — ela falou séria e o Felipe assentiu — Vai brincar — ele saiu e ela sorriu quando nos viu — Pensei que só ia ter notícia dos dois quando esse bebê nascesse — ela falou me abraçando, eu sorri.
— Esperamos que não — falei sem graça — cadê a dona Marta? — perguntei.
— Ta lá na cozinha, bora pra lá — ela nos chamou e nós fomos, a cozinha estava cheia de mulher conversando, bebendo e cozinhando.
Rodrigo cumprimentou o pessoal e eu fiquei do lado da Nathalia até a Marta me enxergar e me puxar.
— Ainda bem que vocês chegaram — Marta falou animada quando nos viu — gente essa daqui é a Thamyris, ela que vai me dar um netinho ou netinha.
— Eu não acredito — uma mulher gorda falou surpresa.
— Até que enfim né Rodrigo — uma outra falou animada, ela era magra e usava uns colares de pedras — parabéns pros dois — ela tocou no braço do Rodrigo e quando tocou no meu vi ela ficar séria e a mão dela gelada.
— Tia? — Rodrigo chamou atenção dela — tia?
— Oi — ela me soltou de uma vez e a outra veio me abraçar.
Basicamente eu recebi muitos parabéns, todo mundo ficou muito surpreso, acho que a história dessa gravidez Rodrigo ainda não tinha contado pra mais ninguém além da mãe, irmã e avó. Acho que até entendo o porquê, mas o que não me saia da cabeça aquela tia dele, até o final desse aniversário eu ia perguntar o que tinha acontecido.
Henrique
— Que tal a gente deixar o Pedro com a minha mãe e sair pra algum lugar hoje? Só nós dois? — Rayanne perguntou me abraçando por trás.
— Tô fazendo a barba Rayanne — falei olhando pra ela pelo espelho.
— Nossa Henrique, tu ta cada dia pior — ela falou puta, saiu do banheiro batendo a porta.
— Quebra da próxima vez — falei alto e segurei o riso.
Daqui três dias nós fazemos 3 anos de casados e pra não dar muito na telha de que to preparando algo pra ela, decidi ser meio escroto esses dias o foda é que a Rayanne é maluca.
Ontem mesmo a diaba dormiu pelada do meu lado e eu tive que fazer o que? Dizer que estava cansado, virar e dormir, ela passou a noite toda me chutando, devia ta sonhando que estava me batendo.
Sai do banheiro e fui pro quarto, me sequei e vesti uma cueca e uma bermuda.
— Cadê a Rayanne tia? — perguntei entrando na cozinha.
— Passou aqui dizendo que ia pra casa da mãe dela, deixou o Pedro pra tu cuidar — ela respondeu e eu revirei os olhos.
— Cadê o moleque?
— O filho é teu, tu que tem que saber — ela respondeu.
— Depois fica reclamando que eu sou ignorante — falei saindo dali, Pedro estava muito quieto e criança quieta pode ter certeza que ta aprontando — Pedro? — chamei alto — Pedro? — abri a porta da sala e vi ele brincando na caixa de areia do gato — puta que pariu Pedro! — falei bolado — tu ta comendo areia, ta doidão? — tirei ele da areia e levei lá pra perto da mangueira.
Tirei a roupa dele e dei um banho de jato nele, deixei bem fraquinho o jato pra não machucar, se essa criança aparece com alguma marca Rayanne me mata de verdade.
Rodrigo
— Qual foi Yan, tira uma foto minha aqui — pedi pra um dos meus primos, entreguei o celular pra ele e ele tirou.
— Ficou bolada — ele falou me entregando o celular de volta — esse teu celular faz milagre — riu.
— Se foder — falei bolado, mas a foto até que ficou boa mesmo.
— Tu ta bebendo? — Thamyris perguntou se sentando do meu lado.
— Não — falei pegando meu copo de whisky e bebendo um pouco, ela revirou os olhos e eu sorri — tem pimenta essa? — perguntei pegando um pedaço de linguiça do prato dela, Thamyris meteu o garfo na minha mão — caralho Thamyris! Ta maluca?
— Tu que deve ta maluco metendo a mão no meu prato desse jeito.
— Foi só um pedaço...
— Vai pegar pra tu então — ela falou e eu fiquei bolado.
Porra, a maluca quase fura minha mão por causa de um pedaço de linguiça, a que pontos chegamos né?
Me digam o que vocês estão achando da história 💛
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VIDA BAGUNÇADA
ChickLit[primeira versão] | +18 | concluída. Resolver os problemas do passado e do presente pra que ela tenha um pouco de paz é o desafio de Thamyris.