prólogo

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Thamyris

Pra mim não ia dar em nada me envolver com o dono do morro que eu morava e com o chefe de segurança dele, afinal eu sou uma mulher livre independente de eu ser prostituta, o que eu pensava que seria uma jogada de mestre pra eu sair dessa vida de prostituição me levou a ver a morte de perto, e falar pra vocês isso não é brincadeira. Eu não morri, mas também tive que sair do morro praticamente fugida e só com a roupa do corpo, agora eu tento reconstruir minha vida juntando os caquinhos que sobraram daquilo que eu fui um dia: feliz.

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Deixa eu contar um pouco da minha história maluca pra vocês.

Playboy é o dono do morro, e o Jean é o chefe de segurança dele, sou cria daqui e desde pequena eu conheço o Jean já que a mãe dele mora umas três casas da minha, ele vivia pra cima e pra baixo com meu falecido irmão, Bruno, conhecido como Bocão.

Depois que meu irmão morreu o Jean se envolveu no tráfico, ele começou vendendo na boca que fica no beco de trás da minha casa, as vezes ele sentava no muro de trás daqui de casa e a gente ficava horas conversando, principalmente quando eu estava lavando roupa, era só ele escutar o barulho da máquina que ele subia no muro, isso uns 5 anos atrás eu tinha uns 14 anos eu acho, idade que a gente começa a ganhar malicia na vida, enfim, nessa época eu comecei a ir pros bailes e foi num desses que eu conheci o Playboy.

Foi ele quem me fez "mulher" e nossa relação era aquela né cheia de idas e vindas, mas tudo por baixo do pano porque ele é casado.

Quando o Jean descobriu se afastou de mim, depois de um ano sendo amante do Playboy ele me largou, da noite pro dia resolveu me deixar eu virei o cão em forma de gente, comecei a ficar com um e com outro tudo no sigilo né, os bofes tudo morria de medo do Playboy. Até que teve uma vez em que eu sai com umas duas amigas pra uma baladinha dessas de classe média, e um cara chegou em mim e me ofereceu dinheiro pra ficar com ele, pela pressão das minhas amigas eu acabei indo.

Nunca esqueço daqueles quinhentos reais na minha mão no final da noite, foi o dinheiro mais fácil que eu ganhei na vida, a partir daí eu comecei a cobrar dos caras que eu ficava, nem sempre era dinheiro, as vezes era um mimo, uma roupa nova, um sapato novo, uma joia nova, um celular e as vezes era dinheiro mesmo, só que na minha cabeça até então aquilo não era prostituição (coitada), um desses caras que eu fiquei acabou falando pra uns amigos e esses amigos falaram pra mais pessoas, isso chegou nos ouvidos do Playboy e da minha mãe, apanhei pra caralho tanto dele quanto dela, fiquei roxa por dias.

Sério, eu apanhei muito, pensei que fosse morrer se eu achava que a mão do Playboy era pesada a da minha mãe era mil vezes mais.

Depois da surra, o Playboy conversou comigo e pediu pra voltar e eu besta voltei. Novamente tudo um mar de rosas, ele passou a me bancar em tudo! Me dava todo mês dinheiro pra eu fazer minhas coisas, só que depois de experimentar outras picas eu não me contentava só com uma.

Eu voltei a ficar com uns caras mas beeeeeeeeeem por debaixo do pano, e nem era com os caras do morro, as vezes eu dava perdido no Playboy e ai aproveitava pra dar minhas escapadas, eu não era gente, brincava bonito com a minha vida.

Isso durou mais uns 3 anos, no meu aniversário de 18 eu estava brigada com o Playboy e ai fiquei com o Jean, gostei e fiquei mais vezes, quando eu percebi já estava fazendo 19 e um ano ficando com o Jean e 5 anos com o Playboy, pra mim estava tudo uma maravilha, dois bofes pra me satisfazer eu era uma em um milhão a conseguir isso.

Só que homem não gosta de dividir né, quando são eles com duas três mulheres é tudo lindo, agora quando é a mulher o negócio é diferente, Jean começou a me atazanar a mente pra largar o Playboy pra ficar só com ele, ele nem disfarçava mais, fechava a cara, jogava piada e o Playboy que não é besta nem nada começou a desconfiar e a ficar surtado, tomou meu celular, me fez excluir as redes sociais até colocar segurança atrás de mim ele colocou, da noite pro dia pela primeira vez eu me vi como um objeto... um animal enjaulado, eu sabia que aquilo não ia dar certo... por vezes eu tentei terminar com o Playboy, porque ele sendo quem é e surtado como é qualquer crise de ciúmes dele poderia ser motivo pra acabar me matando, e o Jean em nada ajudava.

VIDA BAGUNÇADAOnde histórias criam vida. Descubra agora