cap. 011

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Thamyris

Depois que a gente saiu lá do hospital, Rodrigo comprou os remédios pra ele e me levou em casa, chamei pra almoçar aqui, mas ele tinha que fazer sei lá o que. Tinha ninguém em casa, fiquei lá na sala babando meu pinguinho, minha mãe chegou com o Pedro a gente conversou um pouco e depois foi almoçar, dei banho no Pedro e coloquei ele pra dormir eu estava quase dormindo também quando a Rayanne me ligou.

— Oi — falei bocejando.

Oi... tua mãe ta ai?

— Ta no quarto dela, porque? — perguntei me sentando na cama.

Vê com ela se tem como fazer uma quentinha pra mim, o menino vai buscar ai, não vai ter como ir almoçar em casa.

— Relaxa, eu faço aqui pra ti.

Valeu, vou mandar o menino ir buscar.

— Vem cá — falei antes dela desligar — tem algum horário ai não? Tenho que fazer manutenção da minha unha...

Se for só a unha tem... — ela falou e eu ri.

— É só a unha mesmo, que horário que tem?

Deixa eu ver... tem o horário de 16h ta bom pra ti?

— Ta sim... 16h to ai batendo ponto.

Ta bom, vou desligar chegou cliente.

— Tchau — desliguei e coloquei o celular pra carregar.

Fui lá fazer a quentinha da Rayanne e depois entreguei pro menino que veio buscar, tirei um cochilo e acordei quase umas 15h e pouquinho, peguei o Pedro com cuidado pra ele não acordar e levei lá pro quarto da minha mãe.

— Vou no salão fazer a unha — avisei ela que só fez um joinha.

Sai de lá e voltei pro meu quarto, peguei minha toalha e fui tomar um banho, me sequei e vesti uma saia, camisa e um colete jeans rasgadinho, reboquei a cara, me perfumei e calcei uma rasteirinha, coloquei dinheiro numa bolsinha e sai de casa, andei até o ponto de moto taxi que ficava uns três becos depois da rua da minha casa.

— Qual é Thamyris... — escutei falarem, me virei e ri quando vi quem era — porra! — ele falou me puxando pra um abraço.

— E ai Vitinho — falei me soltando — pensei que tu não estivesse mais aqui.

— Ah... — ele deu de ombros — por mim eu não tava mesmo não, mas sabe como é... mas e tu cara? Fiquei sabendo que vai ser mãe e pa — ele riu e cruzou os braços fazendo cara de serinho e eu gargalhei.

— Pra tu ver como as coisas são né?!

Vitinho trabalhava com o Jean na segurança do Playboy, ele sempre foi bem brincalhão e sempre nos demos muito bem... ele chegou até me dar uma ajuda depois que eu sai do hospital, mas ai acabamos perdendo o contato.

— Tu ta indo pra onde? Quer uma carona não?

— To indo ali no salão onde a Rayanne trabalha, — respondi — se não for te tirar da rota.
— Não po, to de bobeira... sobe ai — ele falou e eu dei de ombros.

Subi na moto e ele deu partida, no caminho a gente foi conversando bobagem. Ele me contou que depois da morte do Jean ele teve que trocar de lado porque senão ia morrer.

— Só que isso não é vida não Thamyris... papo reto, sou visto como traidor pelos manos que conseguiram fugir e agora não consigo construir nada, to pior que vapor — ele falou.

VIDA BAGUNÇADAOnde histórias criam vida. Descubra agora