Thamyris
Preocupação é um caralho daquele filho da puta, eu nunca fui muito certa da vida não confesso, mas quem o Rodrigo pensa que é pra querer vim jogar as coisas na minha cara? Quem ele pensa que é? Sabe nem da própria vida quer opinar na minha, tomar no cu pra lá.
Deixei ele conversando com o Vitinho que a pouco tempo eu descobri ser primo do dito cujo, mundo pequeno né? Assim que eu entrei em casa dei de cara com o Henrique, Rayanne e minha mãe sentados na sala com cara de cu.
— O que foi que aconteceu gente? — perguntei logo.
— Thamyris por acaso tu sabe de alguma coisa sobre o Jean ainda ta vivo? — minha mãe perguntou curta e grossa, eu engoli seco.
— Ele ta vivo? — perguntei colocando minha bolsa em cima do sofá.
— Não foi isso que eu perguntei pra ti — ela falou séria e eu olhei pro Henrique que tava sério também — me responde Thamyris!
— Não... — menti — não... eu não sabia que ele tava vivo, que história é essa? — me sentei.
— É o que tão falando no morro Thamyris — Henrique falou ainda sério — papo de que ele quer o morro de volta... e se isso for verdade eu não vou arriscar, vou meter o pé...
— E eu também vou — minha mãe o interrompeu — se isso for verdade, se o Jean estiver mesmo vivo eu não vou ficar aqui pra viver do jeito que eu vivia. Eu já falei com a Eliana, e ela disse que nós duas podemos ficar lá na casa dela.
— Ou então tu pode ir morar com a gente — Rayanne se pronunciou — eu procuro uma casa com um quarto a mais e...
— Não gente... — a interrompi — ta tudo bem, eu dou meu jeito.
— Que jeito Thamyris? — minha mãe perguntou.
— Ainda não sei — respondi dando de ombros — mas vai ficar tudo bem — sorri fraco.
Peguei minha bolsa e fui pro meu quarto, me deitei e fiquei encarando o teto. Tentei lembrar a última vez em que eu fiz uma coisa pra mim mesma, por pura vontade.
Nos últimos anos todas as coisas que aconteceram que mudaram a minha vida não foram decididas por mim, apesar de bater muito de frente com o Playboy eu sempre fiz o que ele mandava, daí me envolvi com o Jean e comecei a também tentar agradar ele pra que ele não fodesse com tudo.
Depois de quase morrer na mão do Playboy, ele me deixou sem casa e sem família e por pura maldade o Jean decidiu continuar com o castigo. Quando a notícia que de que ele tinha sido morto se espalhou eu consegui respirar aliviada por um mês mais ou menos.
Eu tesava chegando da faculdade quando um moleque me parou na porta de casa, eu pensei que ele fosse me assaltar e quem dera fosse isso. Ele veio me dar um "recado" do Jean, que na verdade era mais uma chantagem e novamente eu não tive muita escolha a não ser obedecer ordens, desde o dia que esse moleque me parou eu venho fazendo alguns trabalhos pro Jean.
Geralmente esses trabalhos eram: receber e guardar dinheiro, as vezes armas e drogas.
Meu apartamento começou a ter uma movimentação muito grande e os vizinhos começaram a ficar com medo e a reclamar, daí eu tive que ir embora e foi mais ou menos nesse tempo que eu comecei a ficar com pouco dinheiro.
No carnaval eu sai com o cara por causa do Jean, ele que arrumou esse velho e eu tive ir, ele fez isso por pura diversão.
De todas as formas possíveis ele queria me humilhar, me deixar mal, na cabeça doentia dele me ver na pior era a melhor coisa, teve uma vez em que eu me recusei a receber drogas, porque eu estava na casa da Paula e se desse alguma merda eu não queria que ela estivesse envolvida... por causa dessa minha "desobediência" Jean mandou me sequestrarem.
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VIDA BAGUNÇADA
Literatura Feminina[primeira versão] | +18 | concluída. Resolver os problemas do passado e do presente pra que ela tenha um pouco de paz é o desafio de Thamyris.