48 - A verdade nua e crua

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Anabelle

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Anabelle

A maluca continuou contando:

- Deixa eu te explicar porque você quase nunca via o Christóvan. A gente terminava e voltava muitas vezes, você era muito nova, não deve se recordar muito das brigas, mas era por isso que ele vivia certo tempo fora, certo tempo em casa. E depois que tivemos os gêmeos foi que ele começou a se afastar mais. Ia pouco em casa, mas nos falávamos sempre, principalmente porque os nossos planos eram os mesmos. Você deve lembrar que ele só ia mais em casa nos aniversários dos meninos. Agora você deve entender porquê. Ele só é pai dos meninos. E os gêmeos não são seus irmãos.

Não.

Eu não vou acreditar nisso.

Cobri o rosto com as mãos e comecei a chorar compulsivamente.

Isso não pode ser verdade. Isso não.

- E aí - Suzan continuou, ignorando completamente a minha choradeira - como Christóvan e eu tínhamos nos aproximado de novo depois da morte do seu pai, mesmo que separando e voltando, prosseguimos com a ideia de matarmos você para ficarmos com a sua herança. A ideia foi contratar um assassino de aluguel para te matar..., só que não queríamos que a polícia soubesse que tinha sido um atentado, queríamos fazer parecer que você namorava um cara às escondidas e que esse cara te carregou para um lugar qualquer e acabou tirando a sua vida por ciúme ou por simplesmente ser um adolescente psicótico.

"Então, por isso o assassino te daria a chance de correr. Pensei em todas as possibilidades do que poderia acontecer caso você percebesse que estava sendo seguida. Você correria, sim. Se esconderia e ninguém saberia onde. Você não iria para casa colocar todos nós em risco, você iria para algum lugar distante e escondido. Foi só uma suposição, mas pelo jeito eu estava certa. Então, para não te perdermos de vista e não demorar tanto para te encontrar e te matar, eu pedi, algum tempo antes de você completar a idade certa, para o Christóvan fazer esse colar rastreador para você. Ele era um gênio da tecnologia.

"E o plano foi; pendurar isso no seu pescoço, deixar você correr do assassino para o mais longe possível e se esconder, depois te encontrar com facilidade e então, te matar.

Ela respirou fundo, antes de recomeçar, dessa vez menos empolgada:

- Só que nosso plano foi atrasado, porque o Christóvan adoeceu e morreu, alguns meses antes de você completar os dezoito anos. Daí para frente eu tive que me virar sozinha. Mas foi fácil e rápido. Você completou os dezoito anos e eu tinha o objeto e o contato que precisava. Esperei mais alguns meses e no fim, eu te presenteei com esse lindo colar, contratei o assassino e era só esperar até que o serviço estivesse pronto.

- Mas as coisas não saíram exatamente como você planejou, não foi... Suzan?! - Falei, olhando para ela de olhos ardendo.

- Não, porque eu contratei o pior dos assassinos que poderia existir.

Funguei e respirei fundo.

- Sorte minha..., azar o seu. - Levantei-me do sofá e a encarei muito mais confiante. - Eu não tenho medo de você, Suzan. E... eu fico muito mais aliviada por saber que você não é a minha mãe de verdade... - Uma lágrima escorreu do meu olho ao pensar que eu jamais poderei conhecer a minha verdadeira mãe. - E... me sinto ainda mais sossegada sabendo que eu consegui proteger os meus irmãos de você, antes de qualquer coisa acontecer comigo. Você nunca mais vai encostar um dedo neles. E nem em mim, porque eu mesma não irei deixar. Você quer brigar? Vamos brigar. Mas eu quero que saiba que não irei me dar por vencida assim...

- Que brigar, coisa nenhuma... ninguém vai brigar aqui. - Ela se levantou, séria. Eu continuei a encarando, impassível. - E escuta aqui, sua pirralha! Que história é essa de proteger os meus filhos de mim? Eles são os meus filhos e não são nada seu.

- Eles são sim meus irmãos, não me importa o que você diga.

- Não, não são. E outra coisa; eles não precisam está protegidos de mim, eu jamais faria mal aos meus próprios filhos... eu os amo demais.

- Deixe de ser falsa! Você...

- Eu quero matar você. Porque me convém! - Ela proferiu tais palavras como se estivesse saboreando a mais deliciosa comida. Sem nenhum ressentimento, sem dor nem arrependimento, nada. Expressa apenas desprezo - Você não é a minha filha. É uma pirralha órfã, que eu tive que suportar por anos na minha vida, sendo uma intrusa estúpida. Uma penetra no meio dos meus filhos e eu. Uma criança que chegou para trazer problemas e para eu ter que fingir amar por longos anos. Só pela herança.

- Cala a boca, sua vaca! - Gritei, perdendo toda a minha paciência. - Cala a boca e vamos acabar logo com isso. O que você quer? Hein? O que você quer para ir embora de uma vez da minha vida? É a minha herança? Pode ficar. Para todos os efeitos eu nunca tive esse dinheiro mesmo.

- É claro que eu não farei isso. - Ela se aproximou mais alguns passos de mim, mas eu não recuei. Eu não estava mais afim de fugir dela. - Uma pessoa nunca abre mão de uma herança tão gorda como a sua. Você vai acabar voltando, mais cedo ou mais tarde, para buscar o que é seu. Exigir. Eu não vou cair nessa. O que eu quero mesmo é acabar de uma vez com a sua raça.

Quando ela deu mais um passo e eu achei que ia me atacar, ela parou e falou:

- Eu queria tanto te matar com as minhas próprias mãos. Mas vou deixar minha vontade de lado dessa vez. Eu não posso sujar minhas mãos com o sangue da minha "filha", quando depois da sua morte eu pretendo que o advogado do seu papai me passe toda a sua herança. Deixarei isso para um profissional.

- O que você vai fazer, sua psicopata?

Ela não precisou responder, pois no instante em que eu me calei, senti um objeto duro em minhas costas, me paralisando completamente.

Mas então aí, ela se pronunciou:

- Eu não farei nada. Eu te disse que não estava sozinha, não disse, Ana? - E, por fim, abriu um sorrisinho de lado, debochado. Asqueroso.

Eu queria que fosse mentira, mas eu tinha quase certeza que um revólver estava sendo encostado em minhas costas, por cima da minha roupa.

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🎭Josy Teotonio🎭

04/06/2019

O Homem Mascarado | ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora