28 - Histórias sobre histórias

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Hector

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Hector

Terminei de ler absolutamente tudo o que Anabelle havia escrito naquelas folhas de papel que ela me entregou. Li cada palavra e cada frase com a maior atenção que eu já dei para algo em minha vida e sinceramente nunca fiquei tão impressionado com uma escrita como estava com essa. Inacreditável. Não era bem a forma que ela tinha escrito, eram as palavras mirabolantemente escolhidas para cada frase, que dizia muito sobre como ela via as coisas.

As folhas pesavam um pouco nas minhas mãos, não pela quantidade de páginas, era mais pelo seu conteúdo. A história que Anabelle estava engenhosamente criando tratava-se de uma linda e impossível história de amor.

Olhei para ela devagar e ela me encarava parecendo assustada. Nunca pensei que o meu feedback fosse tão importante a ponto de deixá-la com medo de minha opinião. Pisquei os olhos algumas vezes e logo depois perguntei:

Onde aprendeu a escrever assim?

Ela respirou fundo. Não parecia está esperando essa minha pergunta. Logo depois, disse:

Em canto nenhum. Mas eu leio, e quem ler tem um pouco de habilidade para a escrita, não é? Basta ter uma boa imaginação e isso eu tenho de sobra. Mas eu só acho que consegui escrever isso porque estava muito inspirada na hora... O que você achou? Não ficou tão ruim, ficou?

Neguei com a cabeça.

Não, Anabelle. Está... Essa história... Ela até tem uma narrativa coerente, mas... – não consegui concluir, abaixando a cabeça para as folhas.

O que foi?

É... – voltei a encará-la — Você não acha que essa história está muito forçada, não?

Como assim forçada, Hector?

Eu falo de tudo o que você escreveu aqui. De onde você tirou essas coisas? A descrição desses dois personagens, a forma como se conheceram e até essa história que está começando entre eles... esses sentimentos...

Hector... - ela me chamou, quase que suavemente. A olhei bem nos olhos. — Nem toda história precisa ser como as suas.

Como as minhas.

É. Tão tristes, deprimentes. Elas podem ter toques de esperança, podem conter alegrias, assim como amor. Você é criativo, Hector. É inteligente, conhecedor de diversas palavras, tem imaginação. A sua escrita é linda e de boa compreensão. Ou seja, você é um bom escritor. Por que não usar seu talento para criar algo alegre, bonito e com vida?

Porque eu não consigo, Anabelle.

Levantei-me, ainda segurando as folhas e fiz menção de passar por ela para colocá-las em cima da minha mesa de computador. Mas Anabelle segurou em meus braços e me fez encará-la.

O Homem Mascarado | ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora