6º CAPÍTULO

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Suas palavras demoram a serem raciocinadas. Ele realmente disse isso? O que ele não pode fazer? Transar mais de uma vez com a mesma pessoa? 

Coloco a mão em seu peito e o afasto. 

– Fique longe de mim, por favor – peço baixinho sem poder encará–lo. 

– Anne, não. Você não entendeu. 

– Entendi o bastante, Jamie. 

Pego a minha bolsa e desvio–me dele, destranco a porta com uma rapidez incrível e saio correndo. Grita atrás de mim, pedindo-me para esperar, mas não o faço.

Deveria ter vindo com meu carro! Passo andando rápido pela recepção e saio do prédio. Paro na calçada, olho para os dois lados e pela primeira vez sinto–me desolada na cidade de Nova York.

Chamo um táxi, o que não demora. Entro, dou meu endereço e afundo–me no banco, como se fazendo isso eu pudesse reduzir a vergonha por mim mesma. Nunca me senti tão... usada. Quando vejo estou chorando feito uma idiota. Choro por ser tão burra e ter me entregado para ele assim, tão rápido; choro pela minha estupidez e ingenuidade serem tão grandes a ponto de quase transar em um banheiro.

– Está tudo bem, moça? – o taxista pergunta, oferecendo–me um lenço de papel.

– Está, sim. Obrigada – Aceito o lenço e limpo as minhas lágrimas.

Olha–me meio desconfiado.

– Tem certeza?

– Sim, é só a mesma coisa de sempre – murmuro.

– Paixão?

– Não deu tempo nem para ser uma "quedinha".

Solta uma risadinha.

– Com todo o respeito, se a senhorita está chorando é porque com certeza já é bem mais do que uma "quedinha".

Claro que não, digo para mim mesma. Eu não o conheço nem há duas semanas. – Tenho certeza que não. – Digo.

O motorista encolhe os ombros como se dissesse "tudo bem, então". Mando uma mensagem para Emily dizendo que tive que sair mais cedo.

Chego em casa, pago o táxi e agradeço pelo lenço. Ele deseja–me boa sorte. Talvez eu precise.

Quando chego ao meu andar, já parei de chorar, mas meus olhos estão inchados e vermelhos. Abro a porta e fecho–a, sem trancar. Deixo a bolsa em cima da mesa, acendo a luz do corredor e deito–me no sofá, afundando a cabeça nas almofadas e perguntando–me por que isso teve de acontecer justo comigo.

Jamie Carraway

Vê–la passando correndo pela porta do banheiro gelou todo o meu corpo. Tentei gritar por ela, mas Anne me ignorou.

Chuto o lixo. Droga, ela entendeu errado. Antes eu foderia uma mulher em qualquer lugar, não Anne. Não pensem que meu desejo por ela é menor, não, claro que não. Quando eu estava atrás dela, nossos olhos se encontraram no espelho e eu tive que me controlar para parar. Não queria que Anne se sentisse usada e objetificada quando percebesse mais tarde que havia transado em um banheiro; ela é muito mais do que isso.

Essa garota entrou em minha vida para me revirar.

Saio do banheiro e vou atrás dela, mas tudo o que vejo são mulheres comendo–me com os olhos. Pago vocês para trabalharem, não para cobiçarem o dono disso aqui. Ligo para Tom.

– Preciso do meu carro agora.

– Sr. Carraway... – ele tenta dizer mais algo, mas eu o interrompo:

Em Seu DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora