20° CAPÍTULO

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Jamie Carraway

– E aí, filho da puta!

Ergo os olhos para a porta do meu escritório e reconheço a voz do meu melhor amigo. É uma pena que vai ficar sem os dentes se continuar a me chamar assim.

Filip entra. Está sem terno e com o cabelo meio bagunçado. Aposto que passou essa noite em claro trepando, mas não tenho ânimo para fazer alguma piada com isso. Na verdade, estou sem ânimo para nada. Olho uma das fotos que estava na câmera de Anne no porta-retrato em cima da minha mesa. Caralho, como eu sinto falta dela. E tudo isso porque eu sou um idiota, quis protegê-la muito. Fui pelas instruções da equipe de segurança e nem me toquei que a única maneira de mantê-la segura era deixando-a ao meu lado.

– Bom dia para você também, Filip. Como estava Veneza?

Ellen entra correndo em minha sala. Arruma a saia e aponta com o queixo para Filip.

– Sr. Carraway, ele entrou sem a permissão do senhor.

– Está tudo bem, Ellen. Obrigado.

Ela olha para Filip, estreitando os olhos, e ele a manda um beijo. Ellen respira fundo e dá meia volta, saindo da minha sala e fechando a porta. Filip se joga em uma das poltronas perto da mesa de centro.

– Respeite a minha secretária – digo.

– Ruivinha gostosa, hem?

Encolho os ombros. Nunca olhei para Ellen assim, nossa relação é estritamente profissional, embora alguns sócios já tenham feito alguns comentários pejorativos.

– O que você está fazendo aqui? – Pergunto rispidamente e me levanto, sentando-me na poltrona em sua frente.

– Nossa! São tantas coisas, Jamie. Vamos ver, cheguei de Veneza faz seis dias, e você nem foi me dar um beijinho no aeroporto.

Ergo a sobrancelha para Filip.

– Você é um gay enrustido, mesmo.

Ele sorri abertamente.

– Sério. Eu mal cheguei e fui recebido com uma porrada de notícias suas na internet. Você está saindo com a Lewis?

– Não, Filip. Só a convidei para um jantar.

– Por quê? Você sabe que, fazendo isso, só vai alimentar as esperanças dela.

– Não foi um jantar normal. Quis conversar com ela sobre o orfanato.

Uma parte de mim sabe que a pessoa que me enviou as cartas é do meu passado naquele lugar sujo.

A expressão de Filip se atenua.

– Sério?

Afirmo com a cabeça.

– Eu desconfio que há alguém de lá por trás de tudo isso. Houve uma noite que... – Respiro fundo. – Fiz algo que aborreceu alguns garotos e... Bem, eles passaram a me odiar. Fizeram uma promessa antes de eu fugir de lá.

– O quê? Cara, que loucura! – Ele se ajeita na cadeira. – Qual promessa?

– Foi algo sobre me matar, me encontrar, algo assim.

Mas eu me lembro muito bem das palavras do garoto que nutria um ódio sobrenatural por mim. Ou ainda nutre.

– O que a equipe de segurança está fazendo?

– Conversando com o homem que escreveu a carta, tentando convencê-lo a dizer quem foi que deu a ordem. Subi minha oferta para quinhentos mil.

– Uau! Meio milhão de dólares só pro cara falar quem foi.

Em Seu DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora