Em Seu Desejo

9° CAPÍTULO

Jamie Carraway

Apoio–me nos cotovelos e olho para Anne dormindo. Seus cabelos ainda úmidos estão espalhados pelo travesseiro. Deitada de bruços, as costas estão nuas, o lençol só cobre essa bunda linda. Depois que ela resolveu me acordar daquela maneira fenomenal e me fazer gozar em sua boca gostosa, foi a sua vez de gozar para mim. Só de pensar em sua voz dizendo "Bom dia, Sr. Carraway" já tenho vontade de retribuir o favor a ela.

Tomamos banho juntos e Ann resolveu voltar para a cama sem roupa, eu tive de colocar uma cueca se não era hoje que iríamos enfartar; acabei até me esquecendo de avisá–la sobre as camisolas, roupões, calcinhas e sutiãs que comprei. Quando acordar verá tudo.

Beijo seu ombro e ela nem se mexe. Levanto–me silenciosamente, recolho as roupas espalhadas pelo chão e vou para o banheiro, colocando–as em um canto para Charlotte pegar depois. A saia, a blusa e o seu salto também estão aqui. Ann veio para não só bagunçar minha vida como o meu banheiro também.

Tomo uma ducha rápida. Me visto com calça de moletom cinza, blusa de frio da mesma cor, os tênis de corrida e camiseta branca, já que está caindo uma chuva rala. Desço à sala e pego sua bolsa que ainda se encontra no sofá, talvez Ann vá precisar dela. Subo ao quarto novamente e coloco a bolsa em cima de um dos criados–mudos. Pego meu iPod, os fones de ouvido e saio da cobertura. Charlotte ainda não chegou, e nem posso imaginar a sua reação quando vir Anne, já que eu nunca trouxe nenhuma mulher para esse apartamento.

Só espero que não saia nua do quarto.

Even Flow – Pearl Jam começa a tocar assim que dou os primeiros passos na calçada. Coloco a touca da blusa e corro mais rápido, acompanhando o ritmo da chuva que cai um pouco mais forte. Aproveito para pensar um pouco.

Anne é uma menina. Ela tem a vida inteira pela frente, com o final da faculdade e o novo trabalho na M&B (embora o resultado ainda não tenha saído), ela vai conseguir o que quiser.

É tão fácil deixar todos verem que existe isso o que estamos vivendo. Mesmo que eu não queira que ela descubra nada do meu passado naquele lugar ou de minha infância, eu quero trazê–la para a minha vida.

Eu fiz algo que surpreendeu a mim mesmo: contei um pouco de mim. Tudo mudou tão rápido. Confesso que estava querendo Anne por uma noite apenas. Mas depois que eu a tive em meus braços mudei totalmente o rumo dos meus pensamentos. Tenho certeza de que eu estou quebrando a primeira regra do clube.

E agora eu quero algo que eu possa denominar, porque sinceramente eu não sei se isso que está acontecendo entre a gente tem nome. Não sei se ela quer ficar em meu mundo, mas tenho certeza que vou tentar de tudo para fazê–la querer.

Quando percebo, estou em um parque pouco movimentado, o qual tem uma passarela enorme de madeira e é todo arborizado. Paro, tiro os fones de ouvido, olho para o céu cinza e nublado e fecho os olhos, sentindo a chuva refrescar meu corpo quente.

– Vejo que Jamie Carraway não parou com seus antigos costumes.

Abro os olhos e ofereço um pequeno sorriso à pessoa que está parada em minha frente.

– Caroline. Como está?

– Bem – ela bebe um pouco de água da garrafinha que traz consigo. – Ainda correndo por aqui?

– Sempre. E você também?

Confirma com a cabeça.

Caroline é uma antiga amiga. Ok, já foi mais do que uma amiga; por uma noite, a noite que ela diz que lembrará para sempre, já que foi quando tirei sua virgindade. Ambos sabíamos o que estávamos fazendo, e ela estava consciente do que estava pedindo: fazer amor com ela só uma vez. Sei que fui um babaca, mas eu tinha 17 anos, era daqueles "quanto mais, melhor", e o único amigo que eu tive em todos aqueles anos tinha morrido, então... Caroline não me pediu mais nada a não ser minha amizade, e eu não pude negar. Nós nos conhecemos no orfanato quando tínhamos quatorze. Depois que completou dezoito, conseguiu casar com um velho rico, já que é bonita e tem um belo corpo. Não tanto quanto o de Ann, tenho que dizer. O velho, Alfred Lewis, morreu há quatro anos, o mesmo ano em que ela se formou em medicina. Tudo pago por ele, é claro.