21° CAPÍTULO

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Tenho a sensação que meu coração falha por um mísero segundo. Seguro forte o celular entre os dedos. Minha preocupação aumenta. Ele vem me pedir ajuda depois de um sonho desses. Fecho os olhos, implorando baixinho para que não seja nada demais.

– Você está bem? – Murmuro.

– Estou. Mas preciso da sua ajuda, pode vir até em casa?

– Você está bem mesmo? – Insisto.

– Sim, Anne – noto um riso contido no tom de voz. – Você vem?

– Nós terminamos.

Ele respira fundo.

– Eu sei.

Olho para os meus braços e escuto a respiração de Jamie do outro lado. Eu não sei o que ele quer comigo, ou qual ajuda eu poderia prestar. Mas eu não posso negar.

– Eu vou.

Ele demora uns cinco segundos para responder.

– Ok.

– Você não vai dizer o que é?

– Não.

Reviro os olhos.

– Que horas?

– Agora mesmo.

Estreito os olhos. Mas é tão cedo! Ou não... Talvez a noite de bebedeira, o pesadelo e o choro tenham causado um sono mais longo.

– Que horas são?

– Espere aí. – Após alguns segundos, retorna: – Dez e vinte.

– Lá pelas onze e meia estou aí.

– Ok. – Diz novamente. Eu não desligo, e ele também não. Jamie está bem! Mal posso evitar um sorriso. Então a sua voz ansiosa irrompe pelo telefone. – Eu sinto a sua falta.

Então por que se afastou? Coço a sobrancelha, pensando no que dizer. Não posso confessar que também estou sentindo a falta dele, e muito! De uma forma insuportavelmente dolorosa. No final, opto por:

– Nos vemos daqui a pouco.

Quando desligo, o meu pulso está acelerado, e sei que é porque vou vê-lo. Não sei o que ele quer, mas depois de tanto tempo...

Vou à cozinha para tomar um remédio para dor de cabeça e outro para dor no corpo. Puxo as mangas do roupão quando Sarah aparece. A maquiagem está meio borrada e o cabelo bagunçado.

– Anne... – Ela franze as sobrancelhas. – Você andou chorando?

– Não exatamente. Eu só dormi mal.

– Então não chorou?

– Eu não disse isso.

– O que foi, gata? – Ela encosta o quadril no balcão de mármore. – Aconteceu algo depois que vim embora?

Esfrego os olhos ao me virar para pegar um copo de suco de laranja.

– Não. Eu tive um pesadelo e acordei chorando.

– Oh, meu bebê! – Ela vem até mim e me abraça.

Franzo o nariz. Sarah me chamou de bebê?

– Pesadelos? Sobre o quê? – Indaga.

– Jamie – sussurro.

– O que ele estava fazendo?

– Sofrendo – digo baixinho.

– Ann... – Beija o topo da minha cabeça. – Minha amiga, eu sei que Jamie é um furacão, e olha que não estou falando como se fosse algo ruim. Mas está na hora de você juntar os seus destroços e começar a se reconstruir. O sofrimento não dura para sempre.

Em Seu DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora