49° CAPÍTULO - Parte I

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– Você quer mais alguma coisa? – Jamie me pergunta da porta do quarto.

Olho para a mesa de cabeceira e, ao ver que o copo de água e os comprimidos estão ali, nego com a cabeça.

Desde que eu coloquei o pé no apartamento, ele não me deixa ir a lugar nenhum sozinha. Por isso estou deitada na cama desde manhã, sendo mimada como nunca fui.

– Na verdade, – digo antes que ele possa virar as costas. – quero que você se deite comigo.

– Ann...

– Por favor! Eu estou com o braço quebrado. – Faço a minha melhor tentativa de biquinho.

Aparentemente, essa coisa de "estou com o braço quebrado" está me ajudando muito. Quem diria que um gesso me ajudaria a conseguir tantas coisas?

– Você está abusando, Srta. Mitryad. – Ele diz e fecha a porta do quarto antes de vir se deitar ao meu lado.

Jamie estende o braço e eu apoio a cabeça ali, entrelaçando nossas pernas e achando uma posição que não o deixe desconfortável.

– Você poderia me contar o que houve, né? – Aproximo-me do seu corpo, atraída pela temperatura e pelo cheiro tão... Jamie Carraway. – Disse que contaria quando chegássemos em casa.

Sua expressão muda de um segundo para o outro.

– Anne, você precisa descansar.

– Já descansei demais em todos esses dias, Jamie, e não é como se você fosse me contar enquanto eu corro uma maratona. Eu mereço saber... Por favor.

Ele fica em silêncio por alguns momentos, e eu respeito esses segundos. É provável que ele esteja procurando a versão mais moderada das coisas para não sobrecarregar meus pensamentos ou tudo o que eu estou sentindo.

– Quando eu cheguei ao estúdio e a vi desacordada no chão–

– Como você entrou? – Procuro sua mão e entrelaço nossos dedos.

– Eu entrei pelos fundos, na verdade. Havia um espelho falso, ou o que quer que fosse aquilo.

Minha mente vai direto ao dia em que eu fui ao estúdio e vi uma rachadura no canto superior de um dos espelhos.

– Ele pensou em tudo. – Murmuro baixo, perguntando-me como uma pessoa pode armar tudo nos mínimos detalhes só para conseguir vingança.

Vingança é algo tão degenerativo. Você pode querer ferir outro alguém, mas o único que vai sair machucado no final de tudo será você.

As pessoas me assustam.

– Ele era um psicopata, amor. – Jamie acaricia os meus dedos e deixa um beijo nos meus cabelos. – Quando cheguei ao estúdio e vi você desacordada, tudo o que eu pensei era que precisava matar Evan e fazê-lo pagar pelo inferno que eles nos fez passar. Ele nem sequer revidou aos meus socos, não falou uma merda de palavra, apenas ficou lá até que começasse a sangrar sem parar. E a pior parte é que eu não conseguia me conter. – Ele diminui o tom de voz como se o que estivesse prestes a falar o envergonhasse. – Eu queria matá-lo, Anne. Matá-lo com as minhas próprias mãos, mas você não deixou que isso acontecesse.

Eu estava desacordada.

– É. – Seus olhos azuis fixam-se aos meus. Intensos, poderosos e deslumbrantes. – Você estava desacordada, – Diz e eu quase perco o fôlego com a sua capacidade de saber exatamente o que eu estou pensando. Seria assustador se a pessoa em questão não fosse o maior amor da minha vida. – mas mesmo assim você evitou que eu fizesse besteira. Eu tinha que te levar ao hospital, e isso foi o suficiente para que eu saísse de cima dele e controlasse todos os pensamentos em minha cabeça.

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