– Por que você não me ligou, Anne? – Bob pergunta parecendo realmente bravo.
Encolho-me na cadeira em sua frente.
– Porque você estava passando o natal com a sua família.
– Anne! Se eu soubesse que você passaria sozinha eu te arrastaria para a minha casa.
– Eu fiquei bem, sério. Tomei vinho, comi chocolates e assisti Grey's Anatomy.
Bob revira os olhos.
– E o ano novo?
– Passarei em uma boate.
– Tem certeza?
Balanço a cabeça, sorrindo. Não são todos os dias que recebo um convite VIP para a Deeve. Tenho quase certeza que minha mãe piraria caso soubesse que meu ano novo não será nada tradicional.
– Você já contou para sua mulher? – Pergunto baixinho.
Ele passa a mão pelos cabelos e encosta-se à cadeira.
– Não. Sou um covarde, fala sério. E o pior não é isso.
– O quê?
O fato de que meu chefe e eu nos damos muito bem é ótimo para mim. Bob sempre foi um grande amigo. Ele sempre dividiu informações sobre sua vida pessoal comigo e eu sempre fiz o mesmo. Não sei se essa relação entre chefe–funcionária é saudável para qualquer empresa, mas até agora sempre elogiaram nosso trabalho como uma dupla.
– Eu estou saindo com um cara – ele diz.
Ai, merda.
– Bob, a situação só piora.
– E ele é bissexual e está com medo que a namorada descubra.
Estreito os olhos.
– Você já percebeu a gravidade disso tudo?
Ele afirma com a cabeça e suspira fundo.
– Vou contar depois do ano novo. Não quero estragar as festas dela.
– Certeza?
– Não. – Bob sorri, colocando algumas folhas em minha frente. – Pronta para o trabalho?
Correspondo o sorriso.
– Sempre.
*
Quando chega o horário do almoço, mudo os planos. Primeiramente eu tinha planejado ficar na M&B e almoçar na cantina, mas a neve deu uma paz, e a previsão é que volte a nevar somente à noite, então pego meu casaco e a minha bolsa e saio para o ar frio de Nova York. A avenida principal está coberta de branco, os únicos pontos coloridos são as pessoas e os carros. Dou alguns passos em direção a rua quando um carro preto para ao meu lado. Abaixa o vidro de passageiro e percebo que é Tom que está dirigindo. A X6, claro.
– Tom, oi.
– Quer uma carona, Senhorita Mitryad?
– Não, obrigada. O restaurante é no outro quarteirão.
– Está frio, Senhorita.
Olho para ele, brava. No mesmo instante percebe qual a razão do meu aborrecimento:
– Está frio, Anne. – Corrige fazendo questão de ressaltar o "Anne".
Dou risada e arrumo a bolsa no ombro.
– Estou bem, obrigada.
Saio andando e percebo que Tom está me seguindo com o carro em uma velocidade baixa em relação aos outros veículos. Ai, droga. Vai atrapalhar o trânsito, e eu não quero ser a razão disso.

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Em Seu Desejo
Romance- CONTEÚDO INAPROPRIADO PARA MENORES DE 18 ANOS - Anne Mitryad é uma estudante de arquitetura no último ano. Com vinte e três anos, tudo o que ela mais quer é poder terminar sua faculdade e conseguir uma vida nova na cidade de Nova York. Mas seus p...