11º CAPÍTULO

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Quando mamãe passa pelos portões de desembarque, a maioria dos quarentões que estão por perto se vira para olhá–la. Bem, caras de todas as idades, para falar a verdade. É claro que o seu vestidinho nude justo, os sapatos L.K. Bennett e bolsa Marc Jacobs chamam atenção. Estou analisando a possibilidade de vender minha mãe para pagar as contas. Seus cabelos loiros até os ombros estão soltos e balançam conforme ela anda em direção a mim com um sorriso enorme. Meu pai vem logo atrás com a expressão emburrada, vestido com calça jeans, sapatos sociais e paletó, empurrando um carrinho. Pergunto-me o porquê de eles não terem usado o jato particular. 

Sou quase esmagada por mamãe em um abraço.

– Filha! Que saudades! Como é bom vê–la assim tão linda e mulher.

– Mãe! – Beijo–lhe na bochecha. – É bom tê–la aqui também. Obrigada – sorrio.

Quando estou quase me recuperando, papai vem e me esmaga novamente, e seu abraço está carregado de saudade.

– Anne, meu amor. – Ele afaga meu cabelo. – Estava sentindo tanto a sua falta.

– Eu também, pai. – Dou outro beijo em sua bochecha.

Olho para o carrinho que meu pai estava carregando e percebo que só há quatro malas.

– Jura que isso foi tudo o que você trouxe, mãe?

Ela olha para o carrinho, confusa. Mas quando percebe do que eu estou falando, abre um sorriso enorme.

– Duas do seu pai e duas minhas. Eu quero renovar meu guarda–roupa aqui em Nova York.

– Eu devo ter feito algo muito ruim em minha outra vida – papai resmunga.

Solto uma risada e passo o braço por cima dos ombros dos dois.

– Vamos para a casa.

Levo–os até a Range Rover e desligo o alarme, dando a volta no carro para abrir o porta–malas.

– O que é isso? – mamãe analisa o carro com os olhos, e papai faz o mesmo.

– Um carro – digo, ironicamente.

– Olhe a educação, Anne. – Ela me repreende. – É seu?

– Não. Um amigo me emprestou, mas se eu soubesse que vocês trariam apenas quatro malas eu teria vindo com o meu.

– Que tipo de amigo é esse que empresta um carro? – Meu pai indaga, começando a guardar a bagagem.

– Um amigo muito bom. Pretendo apresentá–lo a vocês.

Deixo de fora a parte que eles já se conhecem.

– Humm... Aí tem coisa – mamãe entra no carro na parte de trás.

– Serão longos dias para você, filha – papai diz, rindo.

Meu pai vai no banco da frente comigo. Dirigir a Range Rover é uma aventura e tanto, a coisa corre pra caramba.

– Vocês não trouxeram seguranças? – pergunto, estranhando, já que sempre que eles viajam há ao menos dois guarda–costas os seguindo.

– Não. Demos uma folga a eles. Contratamos dois aqui em Nova York.

– A Sra. Mitryad pensa em tudo mesmo.

– E eu só entro com a parte financeira – papai murmura.

Mamãe cai na risada e eu a acompanho.

– Eu já marquei horário para nós duas amanhã em um salão maravilhoso que minha amiga recomendou.

Em Seu DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora