capítulo 1 - menininha

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Murilo

Mais um dia se inicia, e eu aqui, cheio de trabalho. Confesso que ser gerente de uma das melhores e maiores empresas de hotel do mundo não é fácil, ainda bem que eu tenho a Thaís que divide esse cargo comigo, caso contrário, não sei o que seria de mim.

Chego na empresa e vejo que Thaís já chegou, sendo assim, vou até sua sala a desejar um bom dia, já virou rotina. Nós dois temos um acordo de que, quem chegar por último na empresa, vai até a sala do outro. É confuso mas a gente entende.

— Bom dia, flor do dia. – Entro na sua sala sem ao menos bater na porta.

— Murilo, quantas vezes eu terei que repetir que eu não gosto que você entre na minha sala sem bater na porta e que eu não gosto que você me chame assim? – Fala com o seu jeito bravinho.

— Ih, desculpa. Mas eu acho que alguém acordou de mau humor hoje. Vem cá me dar um abraço que eu sei que você quer. – Abro meus braços para ela vir e assim o fez. Eu confesso que adoro vê-la brava.

Seu abraço era quentinho e aconchegante, e ela me fazia sentir bem em seus braços. Dei um beijo em seus cabelos cheirosos e fui pra minha sala depois de ela ter praticamente me mandado embora da sua.

Olhei para o calendário sobre a minha mesa e vi que estava na época da tpm de Thaís, por isso tamanho estresse de sua parte. Sim, eu sei o ciclo menstrual dela desde a sua primeira menstruação. Intimidade é tudo.

Terminei de assinar alguns contratos e fui no supermercado que havia ao lado da empresa para lhe comprar chocolates. Comprei algumas barras de Lindt, seu chocolate predileto. Ela adora ser mimada, principalmente nesses dias do mês, mas às vezes surta e dá uma de durona. Fui até a sua sala com a sacolinha em mãos e, dessa vez, bati na porta antes de entrar.

— Licença, Thata. Desculpa te incomodar, mas vim aqui te trazer esses chocolates. – A entreguei a sacola. – Eu tinha me esquecido por completo que você estava de tpm, então me desculpe se eu fui grosso com você. – Eu sabia que não tinha sido grosso nem nada, mas contrariar ela é pedir pra morrer!

— Obrigada, Mumu. Você é o melhor amigo do mundo. – Me puxou para um abraço. – Mas o que deu em você? Está muito meloso, eca, eu não gosto de grude e você sabe muito bem disso. – Thaís é a pessoa que muda de humor mais rápido nesse mundo, sério, eu não entendo! Tem horas que ela ama melosidade e tem horas que faz cara feia até quando eu a chamo por apelidos.

Cara feia é modo de dizer, não tem como essa mulher ficar feia.

— Nossa Thaís, eu saio no meio do expediente para te comprar chocolates e você diz que estou meloso demais? Beleza, não vou mais fazer isso. – Disse calmo, porém fiz um certo drama. Não, eu não gosto nem um pouco de provocá-la.

— Calma Murilo, não precisava ser grosso assim. – Fez biquinho pra mim.

— Mas eu não fui grosso. Sinceramente, eu não consigo te entender de tpm. Se eu te dou carinho, você reclama. Se eu não te dou carinho, você reclama. Ô mulher difícil! – Falo rindo e ela me acompanha.

— Você sabe que eu não faço por querer, né? Agora volta pro seu trabalho porque mais tarde temos uma reunião. – Dá um leve tapa em meu ombro.

— Puts, eu nem me lembrava dessa reunião. – Falei coçando a cabeça. – Beijo, até mais tarde.

Horas se passaram e a manhã acabou. Como de costume, fomos almoçar todos os funcionários juntos. Thaís, Paloma, Emílio, Felipe, Dani, Lisandra, Sávio e eu.

A reunião aconteceu pela tarde, e Thaís não compareceu, fazendo com que Lisandra, a consultora da empresa, fosse em seu lugar. Confesso que tenho uma quedinha pela Lisandra, já ficamos duas vezes mas ela nunca quis nada sério comigo porque tem muito ciúme de mim com a Thaís, acha que temos algo escondido. Já perdi as contas de quantas mulheres deixaram de ficar comigo ou terminaram comigo por ciúmes da Thaís.

Sávio, um funcionário da empresa, chegou a namorar com a Thaís mas terminou quando nos viu abraçados em sua sala, ele não confiava nela e pensava que ela seria capaz de o trair, Ninguém entende que somos apenas amigos, muito amigos, desde que nos entendemos por gente.

O motivo da reunião foi a inauguração de mais um hotel da nossa empresa, Mezar's Hotel. Dessa vez, será aberto um em Austin, no Texas.
E sim, Mezar é a junção dos nomes Melchior e Cézar, sobrenome do meu pai e do pai de Thaís, donos da empresa. E é o nosso sobrenome também.

No final da tarde, passei na sala de Thaís para explicar pra ela tudo o que foi dito na reunião, já que a mesma não havia ido. Logo depois eu fui embora pra casa descansar. O tédio tomou conta de mim, e resolvi ligar pra minha melhor amiga, vulgo Thaís e a chamei para sair.

Ligação on

— Thaís?

— Oi, Murilo.

— O quê acha de saírmos agora à noite? Estou completamente à toa.

— Vamos! Também estou num tédio que só Jesus na causa.

— Combinado. Que tal assistirmos ao filme que você tanto quer ver?

— Simmm. – Quase gritou na ligação, ela estava louquinha para assistir Toy Story 4 mas ainda não havíamos tido oportunidade.

— Beleza. Fica pronta que daqui a pouquinho passo aí.

— Ok, beijinhos.

Ligação off

Vesti uma calça jeans, uma camisa preta normal e fui buscar Thaís. Como eu tinha uma cópia da chave da sua casa, já cheguei entrando. Fui direto ao seu quarto e me deparei com uma figura de um pouco mais de um metro e meio de altura com um roupão cobrindo o corpo e uma toalha enrolada em seus cabelos, foi impossível não rir com a situação.

— Que susto Murilo! Sua mãe nunca te disse que não se deve invadir a privacidade do outro, não?

— Oi pra você também, Thatazinha. – A provoquei, ela odeia que eu a chame assim.

— Oi.

— Nossa, a sua mãe nunca te disse que tem que ser educada com o outro, não? – Imitei sua frase, mudando algumas palavras.

— Oi amor da minha vida todinha, tudo bem com você, vida? Por obséquio, você poderia se retirar para a minha pessoa se trocar e assim ficar pronta para poder sair contigo? Desde já agradeço. – Diz sarcástica.

— Agora sim. – Me aproximei dela e apertei suas bochechas. – Vê se não demora muito, o filme começa em uma hora. Vou te esperar lá na sala. – Dito isso, desci as escadas e me sentei no sofá da sala.

Como de costume, Thaís demorou bastante pra se arrumar, me deixando aflito, pois eu sabia que se nós nos atrasássemos para o filme ela jogaria toda a culpa em mim. Meia hora depois Thaís desceu as escadas com uma calça jeans rasgada, uma camisa branca, um tênis e uma bolsa que atravessava seus ombros. Parecia uma menininha de 15 anos.

— Até que enfim, pensei que você só fosse aparecer no dia do lançamento de Toy Story 5. – Brinquei.

— Besta. Vamos logo se não nós não iremos chegar à tempo.

Saímos de sua casa e adentramos o carro, em menos de dez minutos estávamos dentro do shopping.

Isso é Amor - ThariloOnde histórias criam vida. Descubra agora