capítulo 3 - jeito ciumento

1.4K 92 10
                                    

Murilo

Fui para a minha sala e no caminho agradeci novamente à Deus por ter colocado a Thaís na minha vida. É um tanto quanto clichê falar isso mas ela me completa, eu não sei o que seria de mim sem ela ao meu lado. Eu praticamente a vi nascer, crescemos juntos e cá estamos até hoje. Nossa amizade, para mim, é uma das coisas mais importantes do mundo. Sento em minha cadeira e começo a me lembrar da nossa infância, época que eu morro de saudades e daria tudo para poder voltar no tempo e repetir pelo menos um dia.

Flashback on (2002) — Murilo narrando

Estamos de férias da escola e, dessa vez eu não viajei. Estou aqui sozinho no meu quarto esperando Thata chegar do Brasil, lugar que ela está viajando há quase um mês. Nunca fiquei tanto tempo sem vê-la, ela faz muita falta pra mim. Apesar de brigarmos quase todos os dias, eu estou com saudades de brincar de bola com ela. Saio de meus devaneios quando ouço a porta do meu quarto abrindo.

— Mumuuuuu. – Thaís grita e logo olho pra trás para vê-la. Corro até ela e a abraço forte.

— Eu estava morrendo de saudades de você, Thata.

— Eu também estava. – Abre um sorriso largo.

— Como foi sua viagem para o Brasil? Você conheceu a Floresta Amazônica? O quê você trouxe de presente para mim? Foi no Cristo Redentor? – Pergunto empolgado.

— Calma, Murilo. Vou contar tu-di-nho. – Diz gargalhando do meu desespero e empolgação.

E assim ficamos a tarde toda. Thata contando de sua viagem para o Brasil, lugar que eu sempre tive muita vontade de conhecer, e eu falando para ela o tamanho da saudade que eu estava.

Flashback off

Comecei a fazer o meu serviço e assim o dia passou muito rápido. Assim que terminou o expediente, fui até a sala de Thaís a buscar porque tínhamos combinado de eu ir pra sua casa assistir um filme com ela.

— Thata, vamos? – Disse eu assim que cruzei a porta de sua sala.

– Vamos sim. Será que tem jeito de a gente passar no supermercado antes pra comprar chocolates? Estou morrendo de vontade.

— Claro que tem. Vamos no meu carro ou no seu?

— No seu. Vim de táxi hoje. – Disse já pegando sua bolsa.

— Então vamos.

Saímos da sala, adentramos o elevador e dei partida em meu carro. Thaís foi o tempo todo cantando as músicas que passavam na rádio, e eu apenas escutando e seguindo em direção ao supermercado. Chegando lá eu estacionei o meu carro e, ao entrar na grande loja, fomos direto na parte de doces.
Thaís e eu parecíamos duas crianças no supermercado, sério. Enchemos o carrinho de chocolates e balas de variadas marcas e sabores. Compramos também salgadinhos, biscoitos e pipocas de microondas e fomos pagar. A moça do caixa riu da gente, afinal não é todo dia que se vê duas pessoas comprando 200 dólares em doces e porcarias. Daqui a pouco um de nós vira diabético, podem anotar isso que eu estou falando.

— A noite vai ser boa, né? – A moça do caixa disse para nós dois assim que terminou de passar as comidas.

— Vai mesmo. Vamos comer bastante. – Thaís diz rindo.

— Estão se esquecendo de comprar preservativo ou na casa de vocês já tem? – Pergunta sem vergonha nenhuma.

— Moça, a gente não namora. Somos apenas melhores amigos. – Eu disse rindo bastante com o comentário da moça.

— Sério? – Assenti. – Ah, então você não se importaria se eu te passasse o meu número, né? – Diz a moça do caixa maliciosa.

— De forma alguma. – Respondi para provocar Thaís. Rapidamente ela anotou seu telefone em um papel e me entregou juntamente com o troco e a notinha da compra.

— Me mande uma mensagem assim que salvar o meu número. – A mulher disse.

— Vamos embora, Murilo? Estou cansada. – Thaís disse um tanto quanto incomodada, ou melhor, com ciúmes.

— Vamos. Até mais, moça. – Pisquei para a mesma que logo abriu um sorriso.

— O quê foi isso, hein Murilo? – Thaís pergunta irritada assim que fecha a porta do carro.

— Isso o quê? – Respondi a pergunta de Thaís me fazendo de desentendido.

— Você se atirando pra moça sem nem a conhecer.

— Que que tem? Ela era bonita pelo menos. – Dei de ombros.

— Eu sou sua amiga e me preocupo com você. Não quero que saia com alguém que você nem sabe de onde veio.

— Relaxa amor, eu sei me cuidar. Mas eu também nem sei se vou sair com ela.

— Prefiro que não saia. – Cruza os braços e eu rio. – Tá rindo de quê?

— Desse seu jeitinho ciumento aí.

— Quê? Eu não estou com ciúmes nenhum. Como eu já disse, eu só me preocupo com você.

— Aham.

— Olha só, chegamos. – Disse isso e desceu assim que eu parei o carro, logo depois fiz o mesmo.

Thaís
Chegamos na minha casa e eu estava morrendo de ciúmes de Murilo, mas eu não podia deixar isso transparecer ainda mais.

— Mu, eu vou tomar banho, enquanto isso você pode ir escolhendo o filme, tá bom?

— Tá bom. – Sorriu. – Onde estão as minhas roupas que eu sempre deixo aqui? Não aguento mais esse terno.

— Estão no quarto de hóspedes, pode pegá-las lá. – Digo isso e fui tomar o meu banho.

Peguei uma roupa confortável, um short jeans de cós alto e uma camiseta azul escuro e caminhei até o meu banheiro. Não lavei os meus cabelos pois os mesmos estavam limpos e eu não queria fazer Murilo esperar muito. Assim que terminei o banho, calcei meus chinelos e fui para a sala onde Murilo estava.

— Já escolheu o filme? – Disse ao me deitar ao seu lado.

— Ainda não, deixei para você escolher porque eu sabia que qualquer um que eu escolhesse você iria reclamar.

— Aff, Murilo. Vamos assistir "A Bela e a Fera".

— Se eu soubesse que você ia escolher filmes da Disney novamente, eu teria colocado qualquer outro enquanto você estava no banho. Não aguento mais ver filmes de princesas. – Reclamou.

— Depois sou eu que reclamo de tudo, né? – Eu disse já colocando o filme. Como já havíamos assistido a esse filme várias vezes, ficamos conversando e comendo enquanto ele passava.

Isso é Amor - ThariloOnde histórias criam vida. Descubra agora