Litter Violet.

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A familia Hill era invejada por todos na região onde moravam, e não era por nada.
Amélia Hill tinha trinta e cinco anos e uma aparência jovial que não conduzia a idade.
Era ruiva de olhos claros e fazia jus aos que acreditavam que as mulheres russas eram bonitas e elegantes.
Christopher Hill, com seus trinta e sete era simpático e educado, tinha porte de alemão e um cavanhaque de arrancar suspiros.
O casal tinha uma filha de quinze anos.
Violet, uma garota radiante que levava sua doçura para onde quer que fosse, contagiando a todos com a sua  essência pura.
Os cabelos ruivos, longos e escorridos contrastava com a pele alva e o adorável par de olhos azuis.
Ela era o fetiche de todo jovem rapaz, qualquer um já havia suspirado com a ideia de segurar-lhe as mãos pequenas e passear pela rua a chamando de minha namorada. 
Mas, o espírito livre que ela possuía não se importava em fazer par com alguém, ela queria colecionar amigos e conhecer lugares, como as personagens dos livros fictícios que seus pais narravam-lhe as aventuras, quando já estava na cama pronta para dormir.
Sim eles eram bastante conservadores! A mãe Sra.Hill tinha uma floricultura e o pai Sr.Hill tinha uma biblioteca, a garota cresceu junto ao perfume das flores de sua mãe e ao cheiro gostoso dos livros antigos de seu pai.
Eles jantavam a mesa, faziam presses de gratidão, falavam sobre o dia que haviam tido, cantavam músicas antigas e estavam sempre indo ao parque da cidade, a igreja, a praça, a exposições, ou aonde quer que fosse, sempre juntos, sempre felizes.

Natal de 2013
Wisconsin, Eua.

Faltava pouco para meia noite e eu estava correndo para casa enquanto segurava a mão de minha nova melhor amiga, que eu havia encontrado próximo ao parque da cidade, Alumni Park.
Queria apresenta-la aos meus pais, ela era baixinha e tinha os cabelos pretos cacheados e curtos e um óculos vermelho, que lhe tomava todo o rosto pequeno.
Avistei de longe a varanda do sobrado, cheia de luzes coloridas, as decorações natalinas que nos mesmos colocamos enfeitavam a casa, meus pais estavam me esperando de mãos dadas.
Assim que já estavamos frente a frente os abracei e me afastei para apresentar a minha pequena e mais nova amiga, a qual eu ainda nem sabia o nome.
- Se apresente! - falei batendo palmas eu estava entusiasmada.
- Eu sou a filha única da família James. - falou um pouco retraida.
Minha mãe reagiu estranho, ela arregalou os olhos, empalideceu e falou.
- Seus pais sabem que você veio?
Ela estava sendo grosseira e eu não entendia o porquê.
- Arthur James, o dono do Cássino? - meu pai perguntou, ele estava sério.
- Sim.
- Vá para sua casa! - minha mãe falou aturdida.
- Mas, mãe...
- Entre agora Violet. - ordenou meu pai.
Vi quando a garota saiu correndo, eu entrei em casa, e me tranquei em meu quarto chorando, não conhecia esse lado dos meus pais e estava assustada, eles eram sempre gentis e acolhedores com todos.
Ouvi quando eles tiveram sua primeira discussão, aquela noite ninguém participou da ceia.

...

Atualmente fevereiro de 2019
Orlando.

Já faz uns cinco anos que vim me esconder a 224 milhas de distância.
A cidade pequena não era mais agradável, não depois de ter sido abandonada.
Depois do acontecido eu vim morar com meu único tio, irmão da minha mãe.
Tio Óscar, seu marido Filiphis e meu primo Franklin, me acolheram bem e foram minha família, até que eu ficasse maior de idade e podesse comprar minha própria casa.

Coffe wifh honey.

A cafeteria pequena e deteriorada era meu local de trabalho a três anos, foi o único emprego que consegui quando deixei a casa de meus tios.

O lugar recebia sempre pessoas arrogantes e mal educadas, e lamento que eu tenha absorvido muito do mal humor diário.
Eu dividia espaço com outras duas funcionárias, Angela, uma morena alta de cabelos pretos, beirando os quarenta anos, mas um tanto atirada para os homens nojentos que frequentavam a casa.
E Jolieta, que assim como eu estava no alge dos vinte e um, essa era baixinha e loira, com uma fraja torta e seios avantajados, um tanto desproporcionais para o corpo magricelo.
Tinha também meu chefe, Sr.Miller, um viúvo por pura sorte da falecida, gordo, baixo e narigudo. Ele usava uma farda do estabelecimento, calça social, um chinelo de dedos e um avental imundo o dando um aspecto ainda mais grotesco.
Ele ficava na cozinha fazendo os bolos, os quais eu não tinha coragem de provar.
Eu o odiava tanto, ele passava o dia me lançando olhares indiscretos, como se já não bastasse os clientes me assediando.
Estava parada, encostada no balcão do caixa, com mil pensamentos, encarando a porta do escritório, quando a voz carregada de arrogância me despertou.
- Violet! Eu sei que sou bonito mais assim você me constrange. - falou Sr.Miller sacana, saindo de dentro da cozinha, que ficava ao lado do escritório, e vindo em minha direção - Agora vá atender os clientes que chegaram!
Ele sorriu me mostrando os dentes amarelos, e parou em minha frente, foi quando senti o cheiro de bebida barata.
- Vá para o inferno seu desgraçado! - falei entre dentes.

Passei por ele o empurrando propositalmente com meu ombro, ouvi também quando ele sussurrou algo como vadia gostosa e senti ânsia, o suco gástrico me subiu a garganta e me segurei para não vomitar ali mesmo.
Me dirigi com passos duros até a mesa próxima a vidraça, onde se encontravam dois homens jovens, na faixa dos vinte anos.
Conversavam tão distraídos que não viram quando eu cheguei.

Pride And GuiltOnde histórias criam vida. Descubra agora