Show.

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O que Cindy estava sentindo era mágico, eles eram a última apresentação da noite, devia ser umas três horas da madrugada quando subiram ao palco.
Quando se apresentaram a multidão gritou eufórica, já deviam conhece-los, afinal aquela não era a primeira vez que tomavam um palco.
O saxofone soou junto com a bateria, em seguida vieram as teclas do piano acompanhada aos acordes da guitarra, então a voz de Maia surgiu e as pessoas enlouqueceram com aquele som.
O pesado e o suave se mesclavam, a bateria carregava todos os outros instrumentos como um maestro.
A  primeira música acabou e eles foram banhados por aplausos, cantaram mais três músicas e quando chegou a hora de descer do palco a multidão não queria que eles fossem. Cindy sentia o coração bater ao ritmo da bateria, aquela sensação era louca, as pessoas amaram eles e aquilo era perfeito, eram em torno de dez mil pessoas, o público mais grande que já tiveram, jamais esqueceriam aquela noite. 
O primeiro abraço que ganharam veio de Jeon, ele estava tão agitado quanto a multidão, desejou Violet alí, com ela tudo estaria completo.

Mas foi quando as cortinas se fecharam que tudo desandou. Estavam a caminho do hotel, porque chegaram muito cedo e tiveram que esperar até as três para subir ao palco, precisavam descansar, já que decidiram voltar no dia seguinte. Cindy dirigia a van, Maia ía ao lado dela, Ravena e Caesar íam no banco de trás e Jeon seguia a van em seu carro.
Tudo estava perfeito até Caesar chamar Ravena de Maia no meio de um beijo, Cindy sentiu o coração se esmagar dentro do peito, Maia ficou petrificada mas Ravena sacou tudo.
- Você me chamou de Maia? - ela disse - mas que merda tá acontecendo?!
O silencio se alastrou e então Maia abaixou a cabeça, cobriu o rosto com as mãos, começando a chorar baixinho, Cindy tinha que perguntar, esse era o momento certo, se não fosse alí, jamais séria.
- Você o ama Maia?
Não houve resposta, Ravena começou a bater em Caesar no banco de trás, as palavras dela foram tão agressivas quanto os socos.
- Seu desgraçado, então é verdade? Anda me traindo com essa vadia?! Maia você é podre! Cindy foi a pessoa que mais te amou nessa vida e você fez pouco dela, você humilhou ela. Caesar me trair tudo bem, porque ele é um covarde de merda, agora você trair Cindy? Isso é o túmulo! Porque isso mostra quem você é de verdade, uma patricinha egoísta que quanto mais tem mais quer. Vai ver você nunca amou ela, era só uma maneira de satisfazer o seu ego! Era mais pela sensação de se sentir confortável, como ganhar um brinquedo que ninguém tem. Você é nojenta e eu vou quebrar a sua cara!

Então começou.
Ravena se inclinou para frente agarrando os cabelos de Maia, acertado-a como podia, Caesar tentou segurar a namorada/ex mas levou uma cotovelada no olho, Cindy se desesperou entre o volante e defender Maia, o carro era uma bagunça de gritos e choro.
E então aconteceu, em um momento de distração Cindy soltou o volante e demorou demais para pega-lo, foram míseros segundos que fizeram toda a diferença.
A luz dos faróis de um carro invadiram o parabrisa, os dois veículos colidiram de frente, o carro bateu com tudo na van.
Os estilhaços e o barrulho ensurdecedor passaram em câmera lenta por Cindy que viu tudo, mas o que a assustou de verdade foi o pavor nos olhos de Maia, ela desejou que Maia ficasse bem, que aquele não fosse o fim para ela, desejou que podesse tira-la daquela situação e que conseguisse colocá-la em um lugar seguro. Sua única preocupação era Maia. Lembrou da primeira vez que sua mão segurou a dela, lembrou do primeiro beijo, do pedido de namoro  e do presente de aniversário, a caixinha de música. Quase pode ouvir o som da caixinha, a voz de Maia cantando a música delas, a van girou três vezes antes de bater num poste, bem no lado do motorista.
O motorista do carro saiu sem prestar socorro.

...

Jeon desceu do carro desesperado, aquilo nem parecia uma van, ele piscou e o acidente aconteceu, rápido e violento.
Consegui tirar quase todos da van, estavam assustados mas tinham apenas escoriações, porém Cindy estava presa nas ferragens e desacordada, temeu o pior.
Não, ela não podia morrer!

Ligou para a emergência e num instante sentiu a garoa lhe tomar, aquilo não era bom sinal, chuva agora não significava boas notícias.
Os carros foram parando em seguida, curiosos para ver o que tinha acontecido, ele conseguiu juntar gente o suficiente para arrastar o carro, tira-lo de perto do poste.
Tentaram tirar a porta mas não conseguiam, a chuva tomou força e ele viu o sangue escorrer de dentro da van, sabia que devia manter o controle mas ficou desesperado, a droga do socorro não chegava, mas de uma coisa ele sabia, nunca mais alguém morreria em sua frente. Entrou na van e começou a chutar a porta, quando suas forças estavam virando agonia, quando pensou que era inútil lutar, a porta caiu.
Ganhou visibilidade e conseguiu ver que a perna de Cindy estava quebrada, tinham fraturas expostas em ao menos três cantos, pela aparência aquilo não tinha conserto mas desejou que estivesse errado.
Junto com outros homens conseguiu tira-la da van, tinha comandos de um socorrista, sabia o que estava fazendo, aquilo era mais instinto doque emoção.

Quando o socorro chegou foi apenas para leva-la para o hospital, porque Jeon já havia feito o trabalho deles. Colocou todos no carro mas Maia não queria entrar, estava em estado de choque, já havia examinado a todos, mas eles precisavam de cuidados médicos e ele precisava saber para onde estavam levando Cindy.
- Maia, olhe para mim, estamos indo ver Cindy! Não tem tempo para ficar petrificada, talvez essa seja sua última  chance.
Falou segurando os ombros da garota, que começou a chorar, parecia ter voltado a respirar normalmente, em seguida Jeon a empurrou para o banco de trás junto com os outros.
O caminho foi silêncioso, ele estava concentrado em seguir a ambulância e com medo da pista molhada, a sirene gritava junto a luz vermelha, aquilo não podia estar acontecendo.
Então lembrou. Violet, como ela ía segurar aquele baque?!
Como momentos tão bons poderiam ser seguidos de catástrofes como aquela?!



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