Field class

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Acordei cedo, revisei as matérias e até me exercitei e nada diminuiu minha ansiedade pois tamanha era minha empolgação, hoje era o grande dia!

Estava lavando as louças do almoço quando ouvi as batidas na porta.
- Já vai!

Corri até a sala e quando abri a porta lá estava o descarado, com um sorrisinho petulante no canto dos lábios.
- Vai embora!
Disse fechando a porta, ou melhor tentando já que ele á travou com o pé.
- Violet?!
- Nada de Violet.! Você me largou por uma mulherzinha que você nem conhece.
- Agora conheço!
- Franklin vá pro inferno!
Disse com uma carranca, bati a porta com força e acabei prendendo o pé dele.
- Aaa SELVAGEM!
- Dramático.
- Eu vim me redimir e você quase quebrou meu pé.
Disse se jogando no chão e fingindo  um agonizar de dor.
- Levanta!
- Eu não consigo! Você me alejou.
- Tá então fica aí.
Disse ameaçado deixa-lo para fora.
- Tá tô indo sua chata!
Ele se levantou, passou por mim e andou perfeitamente pela sala até se jogar no meu sofá.
Dissimulado!
- O quê foi aquilo?
- O quê?
- Você me expulsou para ficar com uma desconhecida, eu fui me desculpar porque reconheci o meu erro, levei jujubas e você até ofereceu para ela, disse que eu havia levado para vocês dois, desde quando eu trabalho com entrega de comida?
Você me abandonou, e isso não se faz, primos não abandonam e você disse que sempre estaria comigo.

Sussurei a última parte, eu realmente estava chateada, ele era o único que ainda despertava esse lado em mim, o único que ainda importava.
Ele era o único gatilho capaz trazer a antiga Violet Hill de volta, sempre que queria.

Ele me olhou preocupado por um momento, depois suspirou e abaixou a cabeça.
- Pode me desculpar?
Fiquei em silêncio e ele também, ele já sabia qual era a resposta, eu não o perdoaria.
- Er... Você quer sair comigo hoje?
- Não.
- Ah, tudo bem... er...
- Hoje eu tenho aula de campo na faculdade.
- Ah claro! É verdade, hoje é sexta.
- É.
Ele estava arrependido de verdade, e estava tentando se redimir, no processo era sempre assim, eu tinha um Frank agitado, limpando o suor das mãos na roupa, tentando dizer palavras com sentido, e com os olhos marejados, fazendo bico para segurar o choro.
- Ontem você saiu.
- Saí?
- Sim, eu vim aqui e você não estava, liguei e não atendeu.
- Estava ocupada., uma mão  segurando o copo, a outra abraçando um cara bonito.
Ele fez uma careta engraçada, demostrando sua insatisfação.
- Você nem gosta de abraços.
- Não gosto do seu, que me ambandona por qualquer uma!
- Nossa.
Ele pôs a mão no peito e desviou o olhar para a parede, limpando uma lágrima solitária que escorreu pelo canto do olho.
Andei em sua direção e me sentei ao seu lado no sofá.
- Eu odeio você.
Falei já o abraçando.
- Eu mereço!
- Você foi um idiota.
- Eu sei!
- Me abandonou.
- Não vai se repetir!
Ficamos um tempo abraçados.
- Você disse que não gosta do meu abraço.
- Eu menti!
O larguei e vi que ele estava sorrindo,  bobo da corte!
- Então, como foi ontem com ela?
- Nos saímos, eu a levei ao parque de diversões e...
- Você o quê?
- É, eu passei aqui mas, você já tinha saido, mas eu posso te levar lá.
- Não quero mais! O ambiente já deve estar contaminado pela presença dela.
- Senhor! Você é um demônio quando tem ciúmes.
- Eu não estou com ciúmes!
- Você está de braços cruzados e sobrancelhas franzidas, com as bochechas infladas e o rosto vermelho de raiva, além de ficar batucando o pé no chão sem parar... Você está com  ciúmes Violet!

Imediatamente descruzei os braços e parei os pés. Que droga de manifestação corporal.

- Você nem é tão importante assim.!
- Certo. - ele tampou a boca para abafar a risada.
- Sabia que Cindy e Maia são integrantes de uma banda?
- Sabia.
-  Porque não me contou?!?
- Era para ser uma surpresa, nós estavamos marcando para eu te levar a uma apresentação delas, que por acaso será próximo mês, no dia do seu aniversário, você estragou a surpresa. Mas como descubriu sobre a banda?

Eu gostava tanto de surpresas.

- Eu fui a prai ontem, e elas estavam se apresentando lá.
- Como você foi?
- Carro, táxi, dei o dinheiro, ele me levou ao destino, simples!
- Por que você é tão debochada?
Dei de ombros para sua pergunta.
- E que achou delas?
- Dá para ouvir sem o ouvido sangrar.
- Só isso?
- É.
Menti descaradamente, elas eram perfeitas, e aquela com certeza foi a melhor versão de It's you que eu já ouvi.
- E como voltou.
- De carona, Jeon vei...
- JEON??? MEU VIZINHO???
- É...
- Ele não presta, está sempre recebendo vistas intimas de mulheres siliconisadas no seu apartamento. E além do mais, eu não gosto dele!
- Ele também não gosta de você.
- Ah pelo amor Violet, você nem conhece ele.
- Agora conheço!
Ele travou o maxilar, e me lançou um olhar mortal, enquanto provava do seu próprio veneno.

...

Frank fez pipocas, comprou sanduíches, me ajudou a revisar as matérias, e agora estava me levando para a faculdade.
Eu estava nervosa e insegura, lembrei de uma vez na escola com o meu pai.

Wisconsin 2013

- Eu não consigo.
- Claro que consegue pequena Violet. É muito simples você só tem que subir lá e dizer como gostou de ter passado o ano ao lado dos seus colegas e professores.
- Mas, tá todo mundo olhando.

Disse escondendo o rosto no peito do meu pai, que estava abraçado comigo, tentando me acalmar.

- Você não gostou do seu ano?
- Quê?!?
Levantei o rosto para olha-lo.
- Não gostou do fundamental?
- Claro, gostei muito.
- Então, seus amigos, quero dizer, acho que eles estão curiosos para saber o que você pensa sobre a companhia deles, vocês estudam juntos desde o primário e eles querem saber como você se sente. Não é?
- Acho que sim.
- Então suba lá e diga o quanto gosta deles.
- Certo!

Falei empolgada, sorrindo para o meu pai, ele era o melhor.
- Você fica radiante quando sorri.

- Agora, Violet Hill!

A voz da diretora anunciou pelo microfone meu comparecimento ao palco improvisado.
Me soltei de meu pai e andei confiante pelo tapete azul, subi os poucos degraus, até estar em cima da plataforma.
- Aqui senhorita Hill, fale alguma coisa.
Ela me estendeu o certificado e o microfone, desajeitadamente tentei equilibrar os dois e por sorte consegui.
De longe vi papai sorrir e silabar um seja corajosa.

- Quero agradecer aos meus professores pelo bom ensino, as cozinheiras pela comida saudável, e aos meus amigos, os meninos que me ajudaram com os esportes e as meninas que me ajudaram com o meu cabelo. Obrigado pelos bons anos que estivemos juntos, espero que possamos estar juntos novamente pelo ensino médio, muito obrigado!

Sai de lá sendo aplaudida, pelos meu colegas e professores.
Parei em frente ao meu pai que mantinha uma expressão de orgulho.
- Certo agora vamos para casa, você me ajuda no jantar, sua mãe está oculpada na floricultura.

...


Atualmente.


- Chegamos!
Esitei um pouco olhando o prédio pela janela do carro.
- Vai ficar tudo bem, você sabe tudo, é só acreditar em si mesma, seja corajosa!
Sorri o vendo segurar minhas duas mãos, e deixar um beijo no dorso de cada uma delas, ele sempre fazia isso para me acalmar.

Me despedi de Frank e passei pelo imenso campos, atravessando os longos corredores até estar de frente para minha sala.
Fisioterapia pediátrica.
Entrei na sala e me sentei na cadeira da frente.
A porta se abriu revelando meu professor.

- Vamos?


Pride And GuiltOnde histórias criam vida. Descubra agora