Violet on.
- Violet, o meu show é hoje e ainda não acredito que você não vai.
- Será como num festival Cindy?
- Exatamente, uma banda boa ficou de ir e cancelou, vamos cubrir eles então a apresentação deverá ser a altura. Estou nervosa.
- Relaxa, você ensaiou tanto que é capaz de tocar de olhos fechadas.
- Sou mesmo, eu sou um talento cara!
- E zero humilde também!
- Tem certeza que não quer infligir a lei, posso te arranjar um disfarce e uma carona no porta-malas.
- Não, já tá tudo muito zoado, não preciso de dilitos na folha corrida.
- Iiiii cê ta muito brocoxo, nem parece que sua amiga fera da bateria vai bombar no palco hoje a noite.
- Foi mal, na verade, o único motivo de eu não estar dopada na cama é você, tô muito ansiosa para que tudo dê certo!
- Modo fofa ativado, é estranho quando você não é ranzinza. Mas qual foi?
- Hely está oficialmente fora da minha vida!
- O tom da sua voz parece pesado. Qual a treta?
- Ela disse que me odeia, a voz, a expressão corporal, você tinha que ver, foi bizarro. Não imaginava ter de romper uma amizade de forma tão tensa.
- Mano, eu acho que você fez a coisa certa, para de pensar nisso. Daqui a pouco sua cabeça tá do tamanho da do Megamente.
- Tava demorando para você zuar.
- Bom, cenorita, preciso de você para me maquiar, não é minha praia, mas a galera do evento exigiu uma aparência decente. Infelizmente não posso ir de macacão e moletom. Preciso da sua ajuda, seu projeto de patricinha.
- Ótima maneira de pedir a ajuda de alguém.
- Esteja na minha casa às sete.
E desligou.Cindy era a única pessoa que conseguia ser engraçada em plenas oito da manhã, se ela que precisava da minha ajuda por que não vem ela para minha casa? Tenho mesmo que me locomover? Porquê eu só quero ficar nessa casa, até que eu e o sofá sejamos o mesmo ser.
...
Liguei para Jeon o dia todo, mas ele não me atendeu. Esses dias eram os piores, os dias em que ele sumia do mapa, ficava incomunicável. Houve outras vezes, mas poxa! A gente estava brigado, eu praticamente o expulsei da minha casa, será que não lhe ocorreu que eu podia tentar esclarecer as coisas? Custava deixar o celular ligado?
Esse tipo de coisa me deixava mais insegura, seis meses juntos e eu simplismente não sabia onde ele trabalhava, qual era a sua profissão, quem era sua mãe, se tinha amigos, qual seu passado. Nada além do que ele queria me mostrar e o lado que ele me mostrava era lindo e sem defeitos, mas eu sentia que tudo não passava de teatro, faltava verdade, não podia ser perfeito, isso não é um conto de fadas, é a minha vida.
Sei lá, e se tivesse acontecido algo? Como eu saberia? As notícia só chegariam a mim depois de duas semanas?
Ele me fazia ter mais perguntas doque respostas e isso não era saudável. Era amor, porque eu sentia e porque era real a ponto de ser palpável, mas até que ponto o amor é o suficiente?...
Cheguei à casa de Cindy e tudo estava escuro, não tinham luzes acesas. Será que demorei e ela foi embora?
Bati na porta e ouvi a voz dela abafada, me pedindo para entrar.
Quando entrei quase morri do coração, estavam todos alí batendo palmas e cantando a música tradicional, eu tinha me esquecido que hoje era meu aniversario.
Tudo era vermelho desde a decoração ao bolo, tinha um isopor esculpido e pintado com á imagem da sereia Ariel. Eles não tomam jeito!
Jolieta, Louis, Sra.Olivia, Maia, Cindy, Jeon, Morgan e mais ao canto quase apagado Jay. Ravena e Caesar também estavam lá.
Olhei para todos por um estante, eu queria fotografa-los.
No momento de apagar as velas parecia que tudo estava em câmera lenta, como num déjà-vu, senti como se aquela fosse a minha chance e que aquele pedido pesaria para sempre em minha vida. Como a cartada final.
Soprei as velas e mentalizei o pedido.
O meu amor por eles é divino, então, que nem a morte nós separe.
Quando as velas se apagaram o relógio voltou a se mover.Cindy veio me abraçar primeiro.
Ela usava o vestido que eu havia lhe dado, o para ocasiões especiais, estava com botinhas pretas e o cabelo dividido em dois pitós, o azul parecia mais vivo, de certo tinha retocado. Estava adorável.
A memória de alguém que eu amava estava fundida a alguém que amo e a sensação foi maravilhosa.
- Você está linda! Obrigado por usar.
Falei a abraçando mais forte.
- Ficou lindo em mim não é? Sou deveras bonita!
Me afastei espalmando seu ombro. Cindy era a narcisista mais adorável da face da terra.Comemos e dançamos, todos estavam se divertindo, rindo alto, se zoando, até Jay estava feliz, quando tocou Dua Lipa eu dancei com ele.
...
Quando deu oito horas tivemos que encerrar a festa, a banda tinha um show para fazer. Pedi que todos esperassem e nós juntamos para que eu tirasse uma foto.
Ficou quase perfeito.
Estavamos todos lá, guardados para sempre naquele papel. Mas aquela fotografia parecia fragmentada mesmo que estivesse inteira, faltava ele alí, faltava o meu Frank.Após me evitar a noite toda Jeon veio até mim, ele iria com o pessoal, para traze-los devolta em segurança ou para aproveitar a apresentação, não sei.
- Precisamos conversar. - Ele disse.
- É, precisamos. Foi errado o que eu fiz e reconheço, não devia ter te expulsado da minha casa como se você não fosse nada. Porque você não é, você é tudo, eu te amo demais. E espero que entenda que é difícil para mim, não saber nada sobre você, uma hora você está aqui e quando saí já é um mistério. Eu queria te entender, ser alguém que você confia, alguém que te conhece e que é capaz de ver seus próximos passos, mas sempre que me aproximo você se afasta, parece que tem um muro entre nós. Eu te amo, mas isso também é sobre sacrifícios. Vou respeitar o seu tempo e quero que aceite minhas desculpas, eu odeio ficar longe de você, não suporto a ideia de te magoar. Então estamos bem?O olhei com esperança, mas os olhos dele estavam marejados, dava para ver uma fina camada de suor cobrindo-lhe a testa, era quase como se tremesse a minha frente, depois das minhas palavras, um silencio constrangedor nos cobriu como leblina, até que ele falasse.
- Violet, não podemos mais ficar juntos. Estou terminando nosso relacionamento aqui.Por que não? Pensei, mas só pensei.
Aquilo foi como um soco.
Mas ele tinha o direito, mesmo que eu quisesse chorar e gritar eu não o fiz, mesmo que quisesse abraça-lo para que não podesse ir, para que não me deixasse, eu não podia. Porque não devia adiar a minha dor, porque isso significava torna-la maior. Temos o direito de ir, mas ele devia saber que agora já não havia possibilidade de voltar.
- Está certo da sua decisão?
Céus, o meu coração está pesando uma tonelada, está morrendo dentro de mim, como para essa dor?
Ele engoliu a seco e abaixou a cabeça.
- Estou!
A sua voz era sussurrada, quase um murmúrio.
- Ok. - falei me afastando, não queria ficar hiperventilando na frente dele nem por mais um segundo. Não queria que sacasse minhas emoções como ele sempre fazia, queria ter evitado tudo isso.
Como se eu podesse ser feliz né!? Que grande merda que eu fiz!Ainda precisava abraçar Cindy, o show era em outra cidade, não sabia quando ela voltaria.
- Posso te abraçar, só uma última vez?
Os olhos dele me olhavam muito através da alma e agora eu odiava isso, estavam vermelhos e pequenos.
Quero te odiar Jeon, você está desistindo por tão pouco.
- Não.
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Pride And Guilt
RandomViolet Hill, vivia feliz junto a sua familia em uma cidade pequena dos Eua, até ser abandonada. No livro vemos como a menina doce se converteu a espírito selvagem. Além de revelar mistérios sobre o porquê de seus pais terem partido.