Fear.

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Violet on.

Medo. Eu senti tantas coisas em minha tão curta vida. Insegurança, tristeza, mágoa, raiva, rejeição, alegria, felicidade, gratidão, e até mesmo amor. Mas nunca medo, nunca tão palpável, nunca tão real e vivo quanto agora, eu estou respirando medo e é tão rarefeito, como se eu estivesse dentro de uma bolha e do lado de fora houvesse um termômetro, que me permitisse ver o oxigênio se esgotando e agora ele está tão baixo. Está cada vez mais difícil, eu estou desistindo, eu estou aceitando o certeiro fim.

- Você apanhou tanto aquele dia no karaokê, quando eu coloquei cocaína na bebida daquele babaca, eu não imaginei que ele ficaria tão agressivo, mas fiquei feliz com o resultado. Você levou uma bela surra e eu ouvi tudo da última cabine do banheiro. Pena que não deu para gravar, mas ouvir é legal porque se você fechar os olhos da para usar bem a imaginação. E a minha ganhou asas naquela noite.
- Como sabia onde estar? Como sabia que estava lá?
- Eu grapiei a sua casa toda, eu ouvia tudo. Mas isso não importa.
Última história. Prometo que vai acabar logo querida. Lembra da morte da sua mãe Violet? Foi tão triste. Uma mulher tão feliz, tão realizada, derepente, chama pela morte, rejeita a vida. Ela merece o inferno, você não acha?!

Eu queria gritar com ela, mas me falta voz, me falta fôlego, me falta resistência, parece que estou aqui á uma eternidade, porque Hely me fez sofrer tanto nessas ultimas horas quanto em minha vida toda.
Ela insisti em tocar onde dói, ela dilacera as feridas, prolonga a dor e eu já desisti faz tempo, eu já aceitei que não existe final feliz para mim.
Eu só queria sorrir para Jolieta, abraçar Cindy e beijar Jeon. Eram as  despedidas que eu queria agora, antes que houvesse algo que ela dissese para destrui-los, porque ela está matando as pessoas que amei, está mudando meu olhar sobre elas, é o que ela faz desde que acordei aqui. E eu só queria poder me despedir deles antes que ela decida meu fim, antes que ela os destrua também.

- Eu estava lá, eu lembro de tudo.

Se a morte é certa, então o que vou falar não faz diferença, uma palavra a mais ou uma palavra a menos, nada vai me livrar e não existe condenação maior que a morte, não existe máximo maior que o fim.

- Foi estranho né? Ela ficou vermelha e depois roxa e foi ficando azul.

Os meus olhos decoraram tão bem a face de Hely e eu desejei que não tivesse o feito, que minhas últimas lembranças em vida não fossem a aquela face odiosa, iluminada por um sorriso doentio, nem aqueles olhos vazios em estado vibrante.

- Vo..cê...
- Estava lá, se tem uma coisa certa, é que eu sempre estava, em todos os piores momentos. Vai ver eu sou uma boa amiga até. - a sua risada de escárnio foi como um gatilho para as minhas lágrimas - Amélia ficava se mexendo, como uma boneca, dançando esquisito, pendurada na cordinha. Foi engraçado.

Acho que eu sou uma das únicas pessoas que séria feliz depois de perder a memória, porque a lúcides me causa dor, nada me fere mais que minhas próprias lembranças, a minha única cura nesta vida teria sido o esquecimento.
- Por que você não ajudou ela?
- Eu apaguei. Não consegui. Se você esteve lá... você sabe.
- Eu sei que, foi uma tacada de mestre. Mesmo sendo tão jovem eu soube onde atingir para desmaiar. Um gênio desde sempre.
- Foi você?! Você me acertou?
- Shiiii, fale baixo ou lhe corto a língua. Quando eu aceitei você com o taco de beisebol, quase que imediatamente, a corda se rompeu, uma última chance para Amélia, será? Ela ficava tossindo e rastejando até você. Instinto materno, queria te salvar. Ela se arrependeu Violet, Amélia Hill queria viver, ela queria ser sua mãe, não queria te deixar, mas eu ainda queria que ela morresse. Então eu peguei a corda e inforquei ela, eu esganei a sua amada mãe, até que não houvesse mais ar em seus pulmões, e quando ela caiu sem vida naquele piso frio, ah aquilo  foi libertador, foi incrível. Ela estava tão desesperada. rá. Foi perfeito.

O choro alto me tomou, tão alto que senti minha garganta doer, tão alto que alguém certamente escutou. Hely estapeou meu rosto antes de tampar minha boca, quando mordi sua mão, tão forte que senti seu sangue em minha boca, tão forte que ela gritou. Então depois de se livrar da mordida ela desceu suas mãos para o meu pescoço, apertando com força, me sufocando gradativamente.
A sua feição carregava um sorriso vitorioso. Uma glória lhe revestiu.

- Você vai morrer igual ela, como a vadia da sua mãe, sua desgraçada.
O aperto se tornou mais forte, eu já começava a me debater na cadeira, como morrer afogada mas sem a água e quando pensei sentir o último fôlego de vida deixar meu corpo...

Veio o baque alto, que foi seguido de luzes de lanternas, junto ao som de um disparo, doque pareceu ser uma arma de fogo.






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