Bathroom part.2

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- Eu não entendo! Você é uma ótima lutadora, por que deixou que ele te fizesse isso?
- Eu estou bem! Pare de chorar, eu vou te contar tudo.

...

Pegamos um táxi até a minha casa, e agora estamos sentadas na varanda, a rua vazia não é tão assustadora quanto deveria ser.
- Vai me contar agora?
Jolieta fungou ao meu lado.
- Quando ele me bateu, eu senti que precisava daquilo.
- Ninguém merece ser agredida Violet! Deviamos ir a delegacia.
Ela protestou de imediato.
- Você não está entendendo! Foram muitas perdas, parece que sempre que eu amo alguém essa pessoa morre, é como se o meu sentimento fosse um decreto de morte!
-  Não é assim! Viol...
- É assim! O pior é que sempre acontece diante dos meus olhos e eu nunca tenho reação alguma, quando Jay me bateu, eu senti algo real, a dor foi real! Eu senti, por todos eles, o meu amor os condenou ao fim e sentir que eu morreria naquele momento foi tão libertador. Foi quase como se eu pudesse ver todos eles alí, assistindo a justiça sendo feita, aplaudindo o meu castigo.
- O que aconteceu? Do que você tá falando?
- De Frank, dos meus pais.
- Pensei que eles tinham ido embora.
- E a morte não é isso? Uma partida eterna, tão pior quanto, porque não se pode alcançar os que se foram, eles não estão em lugar algum. Eu queria que você fosse embora, pare de procurar na faculdade ou onde quer que eu esteja, eu sou um atestado de óbito e eu não quero que você se vá.

Olhei nos olhos de Jolieta e em meio as suas lágrimas ela me olhou com ternura e me abraçou, não consegui afasta-la, não queria afasta-la.
- Você já me ama Violet, e eu também te amo, você cuida das pessoas em sigilo e eu gosto das suas demonstrações de afeto nada  convencionais, o seu amor pode me matar, porque é ele que me trás vida, pare de se culpar, essas pessoas te amaram e acredito que nunca te julgariam culpada pelo fim delas e nunca te desejariam um fim.
Então Jolieta me soltou, se pôs de pé e disse que ligaria para Louis, para se desculpar e para pegar o carro dela. No fim das contas Louis não pode vir porque estava com Jay no hospital, Jolieta dormiu na minha casa e quando acordei pela manhã ela já tinha ido embora, mas não antes de ter feito um verdadeiro banquete para mim merendar.

Fiquei pensando sobre o que ela disse, eu me culpava demais, eu me sentia a assasina de todos eles mas eu não era, o meu amor por eles era imenso, eu morreria se isso significasse mante-los vivos, talvez essa fosse a hora de recomeçar, talvez eu não fosse a vilã que eu mesma me julgava ser.

" Quem sabe ter o seu amor foi a melhor parte da vida deles"

Foi o que Jolieta me falou ontem a noite, o que me fez chorar no chuveiro e sorrir antes de fechar os olhos na cama.

Pride And GuiltOnde histórias criam vida. Descubra agora