I want you.

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Violet on.

Se passaram três semanas.
Decidi que não devia mas trabalhar com meus tios, tudo que disssemos naquela discussão machucou, mas era tudo o que tínhamos de ouvir, contudo percebi que a única ligação que tínhamos era Frank e já que ele morreu, acho que não precisamos mais fingir.
É engraçado, eu não me lembro de ser a órfã despresada mas também não me lembro do amor por parte deles, vai ver Frank preenchia o espaço tão bem que a ausência da afeição alheia não me importava.

Cindy me falou sobre sua filosofia de vida, ela acredita que a alma dos que amamos vive dentro de nos após a morte, como se fossem amuletos, são a nossa sorte e proteção. Disse que se caso eu lembrasse de Frank, ou algo remetesse a ele, eu devia sorrir, falou que é uma mensagem, é como se ele dissese, " - eu estou com saudade, mas estou bem". Acho que devo tomar essa filosofia para mim.

Agora estou cortando a grama do quintal, sim eu não tenho nada melhor para fazer, Cindy está num ensaio da banda, e também acho que já tomei demais o seu tempo, ela pode até soar como uma terapeuta mas não é, ela xinga demais.

Hoje é um daqueles dias em que nada importa, eu limpei a casa toda, separei umas coisas para o lixo, outras para a doação, estou cortando grama, tudo no automático, se me pergurtar a ordem, o que fiz primeiro, como fiz, eu não vou saber responder, porque me sinto um zumbi, eu estou um caco.

Parei o que estava fazendo quando ouvi as batidas na porta, será que a pessoa estava sendo perseguida e se eu demorasse mais alguns segundos haveria um cadáver na minha porta?
Corri até a sala e abri a porta.
- Oi docinho?!
Claro que era o Jeon.
- Cadê?
- Cadê o quê?
- O monstro que estava te perseguindo, porque essa é a única justificativa plausível para você ter batido na minha porta como um desesperado.
- O seu senso de humor é tão sexy.
Ele falou se jogando no sofá.
- Ah claro, eu sou muito sensual.

Fiquei parada de braços cruzados olhando para ele, enquanto ele me encarava sentado no sofá.
- Isso tá estranho.
- Desculpa mas você já viu seu estado?
- O quê?
- Parece uma baranga só que muito gostosa!
Ergui meu dedo do meio em sua direção.
Eu estava suada e usando um conjunto de moletom, a descrição dele foi perfeita, uma baranga gostosa.

- Fiz uma programação para gente, vá tomar um banho antes que as coisas esquentem por aqui!
- Você é ridículo!
- Obrigado você também é.
Ele falou isso mantendo um sorriso sacana no rosto, sorri de imediato, ele sabia ser sarcástico.

...

Jeon on.

Eu já cogitei a ideia de subir umas sete vezes, no caso de que a minha suspeita hipótese de um possível sequestro seja real, mas se aconteceu ela já deve estar a três cidades daqui.
- Pronto!
Olhei por cima dos ombros e... ela era de verdade?!
Segui seus movimentos pela a escada, ela estava linda, perfeitamente maquiada, com os cabelos sob o busto tornando o decote mais discreto, usando um vestido colado, vermelho, de alças e um salto preto, nunca vou entender essa sua fixação por salto alto.
- Como estou?
- Linda, você sempre está linda, mesmo quando está no seu traje baranga gostosa.
Ela veio até mim e me acertou com um tapa no ombro.
- Para onde vamos loiro de farmácia?
- Achei que nunca ia falar? O que achou?!
- Estranhamente combinou com você, parece que perdeu três anos na identidade, aliás, está com ela aí né?! Dependendo de onde vamos eu posso ser presa por pedofilia.
- É tão difícil assim apenas adimitir que eu estou lindo e sexy, e que agora eu sou o pacote perfeito da sua perdição?!
- É!

...

Violet on.

Durante o caminho a minha mão ficou na nuca de Jeon, fazendo um carinho preguiçoso nos seus cabelos, ficavamos conversando, ou rindo, ou cantando, ou simplismente aproveitando o silêncio confortável.
Paramos em frente a um clube, o mesmo em que eu o beijei em meu estado de embriaguez, sorri de imediato, lembrando da descrição de Maia e Cindy daquela noite. Não é porque não me lembro que é menos vergonhoso.
- Lembrou do lingão que você me deu né?
- Para com isso idiota!
- Você tá vermelha?! rá, não devia ficar assim, nos beijamos tantas outras vezes.
- Viemos aqui para ficar parados dentro do carro ou vamos beber?
- Até podemos ficar dentro do carro mas não parados.
Ele me olhou sujestivo e eu apenas rolei os olhos em descrença antes de descer do carro.
- Aonde vai?
- Para a fila Jeon! Ou você quer cavar e entrar pelo subsolo?
- Desculpe senhorita mas eu sou um homem de influência.
A mão dele foi para minha cintura e ele me guiou, até que estivessemos na entrada, então ele sorriu para um dos guarda-roupas que ficavam na recepção e depois entramos.
- Isso foi errado.
- Quer pegar a fila? Talvez você consiga entrar daqui a quatro dias.
- Otário.
Ele inclinou o rosto até que estivesse rente ao meu pescoço, as lufadas de ar naquela área tão sensível me fizeram tremer em ansiedade, os seus lábios já umidecidos tocaram a minha pele, onde ele deixou um beijo lento e sensual, que me fez fechar o olhos, para que eu pudesse o sentir de maneira mais intensa.
Então ele se afastou, abri os olhos ainda em êxtase, vislumbrando seu sorriso vitorioso.
Droga, ele sabia que estava ganhando.
Acompanhei seus movimentos com o olhar, ele era bonito demais, bossal, sabia que era perigosamente chamativo e se aproveitava disso, ele pediu as bebidas e  logo se virou em minha direção, recostando-se no balcão, me olhando como se enxergasse através da minha alma.
Ele pegou as bebidas e desfilou até mim, literalmente, não era possível que ele não estivesse se esforçando para soar tão irresistível, ou era?
- Aqui! Vamos sentar alí.
Disse me entregando o copo com a bebida rosa, e descendo sua mão pelas minhas costas até parar no meu quadril.
A música alta o dava carta branca, para que pudesse falar qualquer coisa ao meu ouvido, e dependendo do nível de álcool em meu sangue a noite podia ser muito ruim ou muito boa.

...

Foram muitos copos, muitas conversas com assuntos aleatórios, muitas pessoas vez ou outra nos atrapalhando ou queriam ficar com ele ou comigo, então tivemos de dispensar uma galera considerável no decorrer da noite, além de muitas gargalhadas.
Então quando eu já estava considerávelmente bebada, porém consiente, a costumeira música eletrônica foi substituída por um toque leve e quando olhei para Jeon ele estendeu a mão para mim. Seguimos até a pista de dança, e ele delicadamente uniu nossos corpos,  me guiando ao som da batida, nos girando conforme a melodia, até que a letra da música inundasse nossos ouvidos Too good at goodbyes.
- É a nossa música?
-  Espero que não.
Sorri pelo seu comentário enquanto uma de minhas mãos afagava as madeixas na nuca dele. Ele estava perfeito, loiro de mullet.
- Por quê? A música é boa!
- Porque eu não quero dar adeus para você.
Ele disse isso me olhando nos olhos e eu me vi através dele, como se a minha luz refletisse nele e visse versa.
Então eu me inclinei e o beijei, senti o seu gosto, o seu toque e textura, e era tão bom, senti como se necessitasse dele, como se queimassemos um pelo  outro.
Ele grudou sua testa na minha, ainda ofegante selou minha bochecha e falou, da maneira mais pura existente:
- Eu quero você.







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