Castaway.

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- Não seja orgulhosa só por essa noite, me dê sua melhor versão Violet.

A música estava agradável, algo como jazz e uma voz feminina suave, eu quis suspirar sob a melodia.

Sorri contra seu peito, quem ele pensa que é? Nem nos conhecemos.
Levantei o rosto para olha-lo, ele ainda sorria, ergueu minha mão e me girou, ao retornar para os seus braços olhei por cima do seu ombro, quem era a dona daquela voz arrebatadora?

- NÃO É POSSÍVEL!
- O quê?
Ele parou de dançar e se virou em direção ao palco procurando o que teria roubado minha atenção.
No palco Cindy tocava bateria, tinha um cara de cabelo vermelho no piano,  uma garota no saxofone e Maia tocando baixo enquanto cantava docemente, não. Elas não podiam ser tão boas assim!
Ou podiam?!?

Fiquei alguns segundos perplexa, encantanda demais com a voz angelical, os instrumentos se completavam em seus diversos sons e Maia era uma daquelas vozes em que você não dança, não canta, nem grita, você para e da a devida atenção que ela merece.  
De cima do palco Cindy me viu, ela  acenou com as baquetas, enquanto mantinha um sorriso presunçoso na face.
Exibida!

- Conhece elas?
A essa altura eu já tinha até me esquecido do Jeon.
- Infelizmente.
- Nossa! - ele riu - São boas! A melhor banda até agora, não as despreze ainda, quando estiverem ricas você será beneficiada.
- Não preciso do dinheiro de ninguém!
Soei arrogante, claro, foi involuntário.
- Calma!
- Estou calma, e gosto da ideia de ter meu próprio dinheiro.
- Humilde?!?
- Sempre.

Acabei por rir, por quê eu estava reagindo assim?
Elas eram tão boas!
E eu devia desculpas por misturar as coisas, por mais que jamais fosse admitir eu estava arrependida.

- Nos somos Castaway!
Maia falou timidamente ao microfone, sua voz delicada foi engolida por assobios, gritos e aplausos.
Elas agradeceram e desceram pelos fundos do palco.
Sorri involuntariamente.
- Para quem estava infeliz em vê-las você parece feliz.
Atiçou Jeon, com um sorriso vitorioso.
- Me erra!
Falei espalmando seu rosto com minha mão e o empurrando levemente, já que estavamos a uma distância quase milimétrica.
Outra banda subiu no palco, com música pop, mas super agitados.

- Aposto que eles tão cheirados!
- Santa ignorância!
- Num tão não?
Observei um pouco, era o tipo de banda que os integrantes morrem de overdose antes de chegar ao sucesso ou três dias depois de alcança-lo.
- Estão!
Falei o vendo concordar, por trás senti alguém me agarrar e quase tive um trosso.
- Gostou da gente né?!?
- Af Cindy, me solta!
- Diga que somos bons e eu solto você.
- Vocês foram bem! Agora me solta.
- Sem graça!
Disse me soltando e se colocando a minha frente.
- Aaaa você gostou mesmo Violet!?!
Maia falou me agarrando, será que eu não deixei claro a minha falta de apreço por manifestações de afeto?
- Me solta!
- Tá!
Falou rindo, no fim das contas eu acredito que todos adoram me irritar, era a distração geral.
- Eu estava quase descendo do palco pra vir mandar você fechar a boca, sua babona!
Jeon riu, trazendo olhares para si.
- Por isso o infelizmente!
Falei olhando para ele que apenas sorriu.
- E você é ?!?
Cindy perguntou, quê curiosa!
- Sou Jeon! Nos conhecemos n...
- No club! Eu lembro que Violet te agarrou, as vezes ela fica fora de si, não dê tequila para ela! - Maia.
- É não dê, ela fica quente! - Cindy nunca sabia a hora de ficar calada!

Todos gargalharam enquanto eu parecia uma pimenta, passada de vergonha, sucumbindo em ódio.
- Não falem de mim como se eu não estivesse aqui!
- Relaxa!
- Vai a merda Jeon!
- Jesus que mulher atrevida! Vou pegar bebidas.
- Fica por lá mesmo!
Ele se aproximou de mim e abaixou o rosto na altura do meu, sussurando de maneira arrastada em meu ouvido.
- Eu sei que você me deseja Violet!
Meu corpo tensionol e engoli a seco, ele se afastou e saiu logo em seguida.

Quando olhei para as meninas elas me lançaram olhares sugestivos.
- Veio com ele?
- Não Maia.
- Mas vai voltar com ele!
- Não Cindy.
- Por quê não?
- Maia eu n...
- Deixa de ser fresca! Imagina aí, cama redonda, vocês dois nus, espelho no teto, sentada nele e rebolando devagar, ele sussurrando no seu ouvido, você gemendo e arranhando as costas dele! Uh...
Eu fiquei olhando para ela, não é possível.
- Cindy sua depravada!
Maia riu e bateu no braço de Cindy.
- Você não parece lésbica!
Jeon brotou do nada, me entregando um copo de bebida.
- Eu não sou!
- Ela é bi, nois duas somos! Não acha que seja um desperdício, tantos homens e mulheres bonitos e interessantes por aí, aí eu não fico com mulheres só porque temos o mesmo sexo!?!
Maia falou.
- Não faz sentido na minha cabeça.
- Nem na minha! - Cindy falou olhando para Maia e sorrindo orgulhosa.
- Como sabe que elas são lésbicas?
- Antes de vir para cá elas estavam se pegando perto da plataforma.
Ele falou e Cindy fingiu demência enquanto Maia ficava vermelha.
- Vamos circular!
- Assim de repente?!?
- Oh não precisa sentir saudade Violet,  estamos te dando espaço, aproveita!
- Cindy eu...
Elas apenas saíram correndo para bem longe de nois dois.
Jeon me abraçou novamente.
- Gostei da ideia da Cindy! Qualquer dia desses a gente coloca em prática.
- Vai sonhando!

...

Bebemos e dançamos a noite toda, Jeon era engraçado e exibido.
O tipo de cara que eu odiava.

- Já é a terceira vez que você tenta me beijar!
Eu já estava começando a ficar grogue.
- E a terceira que você me despensa, no clube você chegou e pá, tacou o beijo e pronto, a agora tá assim, toda difícil.
Falou divertido.
- Eu não sou do tipo que é beijada, sou do tipo que beijo.
- Ui... chega arrepiou aqui!
Gargalhei alto, que idiota.

...

- Pronto! Está entregue.
Ele disse se inclinando e passando o braços a frente do meu corpo, abrindo a porta do carro.
- Aqui não é minha casa!
- Claro que é! Eu lembro, vim te deixar aqui uma vez.
Sorri abertamente e olhei para o lado contrário ao seu rosto.
- Você mentiu não mentiu?
Não respondi, apenas mantive o sorriso.
- Tá, onde é?
Falei o verdadeiro endereço, o carro moveu-se alguns metros e parou em frente de casa.
Descemos do carro e ele foi até minha varanda, para abrir a porta para mim, a pedido meu.

- Pronto!

Disse me entregando a chave.
Ele me estendeu sua mão e eu a segurei, o puxando para perto, olhei dos olhos amendoados para a boca rosada, e céus...


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