Violet on.
Eu gosto de dias como esse, o sol parece ter atingido seu ponto mais alto, ele está brilhando para todos.
Ao ar livre, numa tarde de piquenique, é onde estou e quero estar para sempre, ao meu lado está ele, que se torna reluzente sempre que o vento balança as folhas da árvore e a luz se projeta sobre sua pele alva.
Jeon está com uma boina marrom, com uma blusa listrada e um jeans azul, ele está concentrado num panfleto que até agora não me deixou ver. Foi ele quem preparou tudo, chegou cedo na minha casa e me arrastou até este parque, pôs uma toalha ao pé de uma árvore e colocou uma cesta de comidas sobre ela, ele trouxe um radinho e estamos ouvindo música no volume baixo, o que faz tudo isso me parecer um sonho.
- Não vai me mostrar o panfleto?
Ele enfiou o papel dentro do bolso e sorriu cheio de dentes.
- Não, é uma surpresa.
Fiquei olhando para ele, como se conferisse todos os seus traços, eu não podia acreditar que estava me apaixonando, a última vez que isso me aconteceu foi aos dezesseis.
- Quando você me olha assim, o que você pensa Violet?
- Eu penso, como pode ser tão feio?
Ele sorriu e um suspiro longo me escapou, mas que merda!
- Vou te dizer o que você pensa.
- Ah é?! O que eu penso?
- Como pode ser tão meu?
- Que patético.
- Está vermelha?! Você parece um morango.
Senti meu rosto queimar e ele segurou minha mão, me puxando para junto dele, Jeon tocou meu rosto como se tocasse algo fragiu. Ele pôs meus cabelos para detrás dos ombros, e me olhou daquela forma, que me fazia se sentir especial, que me fez se sentir amada.
- Eu sou seu Violet! - Ele sussurrou e a sua voz chegou até mim como se fosse música.
Jeon selou minha bochecha e eu fechei os olhos devagar, aquilo me tocou, fiquei emocionada. Quando uma lágrima deslizou pela minha face ele a enchugou, então eu senti seus lábios no meu, o doce das jujubas recém comidas, a maciez dos lábios e o delírio da sua lingua.
Eu entrei em epifania, o súbito conhecimento do amor que atingiu, então eu soube que não poderia fugir, eu só queria mergulhar em Jeon e eu todos os sentimentos que ele tinha por mim....
- Está dizendo que foi para um piquenique? Que coisa de velho! Mas e depois, ele te almoçou?
- Cindy sua imbecil, nós não transamos!
- Certo, então desembucha.
- Eu acho que gosto dele... eu não sei, eu tô muito confusa! Ele me toca como se eu fosse uma virgem, alguém puro demais! E agora ele me parece uma miragem, alguém fantasioso, um delírio da minha mente. Porque ele não pode ser real!
- Caralho! Ele tem uma hora livre para mim?
- Cindy!
- Ok, ok. Então aproveita Violet, baixa a guarda porra! Não dá para fugir para sempre, não tem como ignorar os sinais, se é algo recíproco o que você tá esperando para agarrar esse homem sua anta? Cola nele Cenorita.
- Amanhã a noite nos vamos sair.
- Eu e você?
- Não, eu e ele!
- Mal tá oficializado e já tá negando as origens em piranha?!
- Não é isso! É que eu já marquei, quer mesmo medir forças com Jeon quando você brota na minha casa sempre que quer?
- Você é hetero e ele tem um pinto, não dá para medir forças com isso.
Senti todo o sangue do meu corpo se concentrar no meu rosto.
- SUA IMUNDA!
Cindy riu alto antes de desligar o telefone na minha cara....
Eram esses pequenos gestos que me faziam acreditar nas pessoas, que me permitiam ceder espaço em minha vida para elas. Antes eu me sentia fragmentada, perdida entre o que eu era e o que deveria ser para me proteger, mas agora eu me sinto livre, como se podesse correr pelo campo de girassóis em vez de ficar parada esperando que ele queimasse.
Eu me senti em paz, agradecida. Pela irmandade de Cindy, pela amizade de Jolieta, pela memória de Frank e pelos sentimentos de Jeon.
Talvez eu tivesse atingido o ápice da vida, quem sabe eu estivesse começando a me curar, eu só não entendia como tantas pessoas boas já passaram por minha vida, mesmo em minha dor eu estava sendo amada por alguém, em outros tempos eu fui egoísta o suficiente para não ver isso, mas agora em vejo o amor por todos os lados e é tão bom que ele esteja sendo direcionado para mim, é tão bom que todos os sentimentos sejam recíproco. Todos que eu amo me amam e eu não poderia desejar melhor harmonia.
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Pride And Guilt
RandomViolet Hill, vivia feliz junto a sua familia em uma cidade pequena dos Eua, até ser abandonada. No livro vemos como a menina doce se converteu a espírito selvagem. Além de revelar mistérios sobre o porquê de seus pais terem partido.