Jeon on.Violet chegou ao meu apartamento destruida. Ela só chorava sem parar e isso estava me desesperando. Mas eu não podia exigir que ela falasse, que extinguisse as minhas dúvidas apenas por mim, apenas porque era a minha vontade.
Estava falando de Violet, a mulher forte e fragiu, ela era como um embrulho grosseiro que guardava um presente delicado.Vê-la chorando me apagava um pouco, me rasgava o peito, queria que ela se acalmasse.
Fiz café e levei até ela na sala, mas quando viu o líquido da xícara ela chorou alto, como se vesse a personificação de seus traumas.
"Será que ela preferia chá?!" Pensei.
- Que foi amor? Tá me assustando docinho.
Larguei a xícara na mesa de centro e me sentei ao seu lado, a abraçando novamente. Enxuguei as lágrimas insistentes e seguerei sua mão beijando o dorso, em seguida selei a bochecha, que estava rosa pelo choro. Ela relaxou e eu selei seu pescoço, ela suspirou.
- Se não quiser falar agora tudo bem. Quer descansar um pouco?
- Minha mãe me deixou um envelope antes de morrer.
- Uma carta?
- Isso. Eu nunca abri, mas Hely abriu. Foi invasivo mas...
Senti o sangue circular com força na minha cabeça, qual era o problema dela?! Essa mulher era sádica, eu mal podia esperar para fazer justiça.
- Essa mulher é doent...
- Eu sei que não gosta dela, mas eu não posso imaginar outra ocasião que me fizesse ler aquilo. E eu descobri algo, ela não matou Oliver, ele já estava morto em sua barriga, ela morreu se sentindo culpada. Eu á odiei todos esses anos Jeon, eu sou uma pessoa horrível, que fica julgando mal os outros sem saber dos seus motivos.
A voz embargada expressava sua dor, a mágoa chegava a ser palpável.
- Eí docinho, não é assim. Vamos, não chore. Ela morreu se sentindo culpada, e agora que você sabe dos motivos está se sentindo culpada?! Se escute! Não faz sentindo tomar as decisões de todo mundo para si e se sentir o núcleo de todas as consequências desastrosas. Nem tudo está no seu controle Violet, à uma porção de coisas que não dependem só de você, não se culpe, não se martilize, olhe através. Não é libertador saber que sua mãe não é o monstro que você idealizou? Ela é a mulher da sua infância, a delicada floriculturista. Ela não é uma farsa, nunca foi.
Ela me olhou com aqueles dois gumes azuis como o oceano, acesos como sempre. A bolsa dos olhos inchados e o rosto vermelho, se aproximou e segurou meu rosto, deitando a cabeça em meu peito.
- Você é a única coisa boa em meio a esse caos. A minha vida é uma merda, mas existem pessoas tão iluminadas ao meu redor. Obrigado Jeon.
- O seu passado é uma merda. Existe um leque de probabilidades, se permita explora-las. Mas, obrigado pelo quê?
- Por gostar de mim!
- Mas eu não gosto de você.
Os olhos dela se arregalaram mais e senti que ela iria chorar outra vez.
- Não gosta de mim Jeon?
- Eu te amo Violet!...
Deitamos na minha cama, Violet vestia uma blusa minha que ía até seu joelho. Estava deitada no meu ombro, desenhado algo com os dedos em meu peito, os cabelos dela eram lisos e tão ruivos, tão macios e bons de pegar, o shampoo dela impregnava em minhas mãos e espelia-se dos fios sempre que ela se movia, algo como frutas vermelhas.
- O seu cabelo tem um cheiro bom docinho.
- já que tocou no assunto, seu cabelo está bonito, você está mais lindo se possível.
Queria poder ter visto a expressão que acompanhará o elogio, mas ela estava olhando para baixo na hora que falou.
- O quê? Fale mais alto!
Ela riu e bateu no meu peito, mulher doce da mão pesada.
- Você tem um nariz... que desfoca sua beleza, então você é feio. Acho que no seu parto te puxaram pelo nariz, o médico, deve ter dito tipo, "Peguei a perna dele! Jesus Cristo é o nariz!"
Ela riu alto e eu fiquei boquiaberto.
Seria ofensivo, se não houvesse sido acompanhado por aquela risada gostosa que fazia meu dia.
- Está andando demais com a Cindy!
- Eí, ela é uma boa influência, mas não rotule minha criatividade. Falando nisso, preciso falar com ela, não nós vemos desde a minha formatura.
- Ela está com raiva de você.
- Com certeza está! Eu fui bem babaca, devia ter explicado tudo para ela. Cindy tem um espaço enorme em meu coração.
Franzi o nariz e ela riu.
- Claro que tem.
- Não se preocupe tem lugar para você.
Ela sorriu sacana e a olhei sugestivo.
- No útero?
- No fígado direiro.
Ela riu alto, qual é?!
- Está cortando meu barato.
- Eu sou toda sua, não se preocupe, agora vamos dormir, amanhã o dia é nosso.
Ela se afastou se ajeitando no travesseiro, fiquei olhando para ela, mesmo após aquele choro desesperado ela ainda soava como uma boneca, impecavelmente linda, ela era real? Ou só um delírio coletivo?
- Venha aqui!
Ela falou baixinho, abrindo os braços, sorri e me aproximei, deitei sobre os seios macios, o cheiro dela já estava na camisa, antes eu odiava floral, mas agora amava, porque estava nela, era o cheiro da minha namorada.
Acho que sentimento é isso, amar as diferenças, unir-se até naquilo que difere-se.
Violet era tudo o que eu queria, era mais que obrigações, até mais que liberdade, era a única mulher que já amei e eu rezava para que fosse ela para todo sempre.
Eu a amava e não conseguia me imaginar sem tremer ao ve-la, sem me apaixonar novamente sempre que á via, não queria pensar no que viria depois do amor, depois de tudo.
O que séria de nós? Eu não queria imaginar, ficava vetando essa pergunta da minha mente várias vezes ao dia. Ela séria a minha noiva, a minha esposa e a mãe dos meus filhos, ela era o meu sonho, minha paixão adolescente se aflorava ao lado dela. Ao lado da minha Violet.
Dormi alí, nos seio do amor, com os seus afagos no meu cabelo, ouvindo as batidas do coração dela.
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Pride And Guilt
RandomViolet Hill, vivia feliz junto a sua familia em uma cidade pequena dos Eua, até ser abandonada. No livro vemos como a menina doce se converteu a espírito selvagem. Além de revelar mistérios sobre o porquê de seus pais terem partido.