Violet on.
A Mãe de Cindy foi dormir as duas da manhã, mas eu não conseguia pregar os olhos, parecia que a minha cabeça ía explodir.
Estava inquieta e tinha uma nuvem de chumbo bem acima da minha cabeça, eu tinha a impressão de que era um soldado que havia pisado em uma granada, esperando o meu corpo ser lançado pelos ares e depois atingir o chão em pedaços.
Sempre que eu fechava os olhos, o campo de girassóis se incendiava, haviam mais vozes gritando por socorro daquela vez....
Ás quatro e meia o telefone tocou.
- Violet? É a Cindy. Vocês precisam vim, aconteceu muito rápido, um carro invadiu a pista e ela não consegiu desviar e ...
A cabeça de Violet girou com força, como se tivesse acabado de ir a nocaute.
O telefonema desesperado tinha sido feito por Maia e não havia nenhuma outra notícia além de... van, acidente, hospital. Violet desligou o telefone e subiu as escadas correndo, a mãe de Cindy já estava parada ao topo, com a mão no peito e as lágrimas nos olhos....
Apavorada, tremendo da cabeça aos pés e segurando o volante, é assim que eu estou.
Não posso deixar a mãe de Cindy dirigir porque ela só chora, não tenho experiência no volante, sou péssima e se ainda não morremos é porque existe piedade do dono do plano maior.
Frank vivia dizendo que eu tinha comprado a licença, estou com medo de dirigir e mais medo ainda de chegar tarde demais.
Mas que grande merda! Esse vai pra minha lista de, piores dias da minha fudida vida.Estou a uma hora e meia dirigindo sem paradas, só ouvindo o choro alto da Sra.Cout, sem capacidade nenhuma de consola-la porque estava destruida no mesmo nível, então finalmente chegamos no hospital.
Nos duas corremos para a recepção juntas, os sapatos se encheram de lama e as roupas molharam com a chuva, Sra.Cout ficou dando o nome da filha para a recepcionista, enquanto eu checava os corredores.
Então uma funcionária nos levou até o elevador, tentando a todo custo aclamar Olivia.
- Ela está em um quarto pós cirúrgico agora, teve multiplas fraturas na perna direira, rompeu alguns ligamentos, mas temos uma ótima equipe, que está fazendo o impossível por ela.
Pelo que sei já está estabilizada mas o estado dela é bem grave. A sorte é que ela é bem jovem e com muito esforço talvez possa voltar a vida normalmente, mas para muitos o estado em que ela se encontra é o fim.
- Como assim, voltar a vida normal? O que você quer dizer?
- A senhora tem de ser forte agora, Cindy tem grande probabilidade de ficar paraplégica. Ainda não se sabe o grau da lesão, mas a medula dela foi atingida. Pode ser uma pequena fratura, pode ser um dano irreversível, ainda é muito cedo para falar.A Mãe de Cindy chorou alto, antes de desmaiar no elevador, eu tive que forçar uma calma e frieza que desconhecia. A mulher chamou uma equipe de infermeiras para Olivia ainda dentro do elevador, quando as portas se abriram já tinha uma maca para socorre-la.
- Ela...
- Vai ficar bem. Quer ver sua irmã? Não vai poder entrar mas pode ver ela pelo vidro. É uma questão de segurança da paciente, faz parte do protocolo.
- Eu sei, sou fisioterapeuta recém formada, conheço o protocolo.
- Ótimo, porque Cindy vai precisar. Em situações com esta, ter um familiar especializado nessa área é uma dádiva.Violet engoliu o choro, Cindy era mais que irmã, era sua alma gemia, a ligação que possuiam ía muito além de todos os rótulos, não podia imaginar a sua vida sem Cindy. Jamais aceitaria perde-la.
...
Quando a porta se abriu viu todos os outros espalhados no corredor, estavam sentados em cadeiras, vigiando o quaro de Cindy.
Mas ela não tinha tempo para cumprimentos, entrou junto a enfermeira na sala, parando de frente para a vidraça.
Aquela cena partiu seu coração em mil pedaços, Cindy estava coberta de escoriações no rosto e braços, tinham pinos de aço na perna direita, a cirurgia deve ter sido para colocar as placas osseas, presumiu Violet e a perna esquerda estava toda enfaixada.
Aquilo foi como um banho de água fria, num instante a postura de Violet foi ao chão, ela se abaixou até que ficasse de joelhos no piso gelado e chorou baixinho. A enfermeira a amparou, tentando leva-la a alguma sala para dar-lhe sedativos, mas Violet recusou.
Ela ficaria alí, não largaria Cindy, queria estar lá quando a amiga acordasse....
Já devia ser manhã, porque uma enfermeira trouxe café.
A mãe de Cindy já estava quase conformada, ficava dizendo para si mesma que ao menos Cindy estava viva e aquilo era tudo o que importava.
Violet estava neutra, não falava uma palavra, às vezes secava uma lágrima ou outra, mas os olhos cianos estavam vidrados no leito de Cindy.
- Violet, você tem que voltar para casa criança, não pode ficar com débito na justiça. Cindy está bem agora, o pior já passou.
- Não, eu vou ficar.
Não queria ser grosseira, mas aquilo era indiscutível. Que se foda a justiça, Cindy precisava dela.
- Você devia voltar Violet, você ainda está sobre investigação.
A voz de Jeon tomou o local.Que grande imbecil. Céus!
- A minha melhor amiga está prostrada num leito de hospital, talvez nunca mais volte a andar, não sabemos das possíveis sequelas que o acidente trará para a vida dela e você vem me falar isso?
Pois ouça bem Jeon, eu estou pouco me fudendo para a investigação!Aquelas foram as primeiras palavras que disse em horas, sentia os lábios arderem a cada sílaba proferida, estava com raiva e não sabia de quem. Passou às últimas horas intercedendo ao Deus da sua juventude, o ser misericordioso do qual sua mãe tanto lhe falara.
Só queria que Cindy ficasse bem, o resto era apenas resto.
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Pride And Guilt
RandomViolet Hill, vivia feliz junto a sua familia em uma cidade pequena dos Eua, até ser abandonada. No livro vemos como a menina doce se converteu a espírito selvagem. Além de revelar mistérios sobre o porquê de seus pais terem partido.