"Eu gosto de você. "A forma como sua voz foi chegando aos meus ouvidos, como os seus olhos brilhavam.
Tive de segurar um suspiro ou um sorriso, quem sabe os dois.Desejei congela-lo alí, na minha frente, no sofá da minha sala, segurando a minha mão, com as sobrancelhas franzidas e os lábios entre abertos, tão puro e adorável.
Vi que os dedos da mão dele tranborilavam sob a perna, e o peito subia e decia irregularmente, mas ele expirava o ar de maneira contida, disfarçando a euforia.
Quis gritar, explodir ou me esconder. Eu não estava pronta para esse tipo de sentimento, estava?!
A mão dele continuava a segurar a minha, agora umidecida pelo suor, Jeon estava nervoso.Suspirei, me inclinei e o abracei.
Os seus braços me envolveram, como se eu fosse um embrulho e ele estivesse o abrindo clandestinamente durante a madrugada, enquanto todos dormiam.
Ah o toque dele!
Ele me abraçou de maneira contida e delicada e foi tão gostoso.Afaguei seus cabelos e ele escondeu o rosto em meu peito e ficamos assim, ouvindo o som do sax, do piano e da bateria ao fundo, pelo som do celular dele.
Esse era o nosso momento!Fechei os olhos e inalei o cheiro do shampoo infantil que emanava dos fios loiros, mas os abri assim que a campainha tocou, inundando a casa toda, quebrando nosso momento.
- Não atenda!
Ela me abraçou mais forte e tive de ameaça-lo para ser liberta.
Me pus de pé e sorri para ele, antes de ir até a porta....
Quando abri vi Jay, ele tinha uma aparência horrível, não parecia o playboy cobiçado da faculade, soava mais como a menina com piolhos do ensino fundamental.
- Oi!
Ele falou da maneira mais desconcertada possível, sem conseguir manter contato visual comigo.
- Oi.
- Me desculpe, de verdade, me desculpe, eu não lembro de nada mas, Louis me contou e eu estou tão envergonhado e ...
Então ele chorou, fiquei sem saber o que fazer ou como reagir.
Sabe quando você se destrai durante uma aula e professor se aproveita disso para fazer uma pergunta sobre a matéria? Eu me senti a aluna distraída.As suas lágrimas molharam seu rosto e os seus ombros balançavam com os soluços.
- Tá tudo bem, pare de chorar. Você me agrediu mas...
- O quê?!
Jeon gritou da sala, olhei por cima dos ombros, ele se levantou do sofá e veio rapidamente até mim, o maxilar travado, o peito inflado e os punhos cerrados, furioso, intimidador.
Quando olhei para frente novamente Jay estava apavorado, havia recuado e já estava no segundo degrau da varanda.Me pus na frente de Jeon mas ele segurou meus braços e me tirou da frente dele com esforço minimo, como se eu fosse um guardanapo.
No segundo seguinte Jay tentou correr, mas Jeon o segurou pelos cabelos e quando ele o virou com brutalidade, com o punho erguido pronto para acertar Jay e os dois ficaram frente a frente, Jeon engoliu a seco, o soltou e se afastou devagar.
- Você?! O que está fazendo aqui?
Jay deu um passo a frente mas Jeon recuou.
Jay parecia estar vendo um fantasma, ele parecia abalado, estava chorando denovo.
- Vá embora.
Jeon falou firme mas sem olha-lo nos olhos.
- Quando você voltou? Por onde esteve?!
- Cale a sua boca e vá embora!Eu não estava reconhecendo Jeon, ele era o tipo de cara que faz piada de tudo, o que deixa de beber e leva o pessoal para casa em segurança, e agora ele estava furioso, ele estava irreconhecível.
Jay enchugou os olhos e olhou para mim e gritou.
- QUAL MENTIRA ELE TE CONTOU?
- CALE SUA BOCA!
Quando Jeon gritou de volta Jay tremeu, de maneira quase imperceptível, mas tremeu.
- Não importa! Não acredite nele! Ele é um desgraçado mentiroso e não importa quantas vezes ele diga o contrário, ele sempre vai embora!
No segundo seguinte Jeon acertou Jay e ele caiu no chão, mas não levantou, ficou lá chorando e eu fui correndo até ele.
- Qual o seu problema caralho?!
Gritei e Jeon apenas levou a mão aos cabelos e se virou ficando de costas para nós dois.
Ajudei Jay a levantar e ele me sussurou um pedido de desculpas antes de subir na moto.- Vocês se conhecem?
Perguntei.
A pergunta ficou no ar por um tempo, então Jeon falou.
- Um antigo conhecido.
Ele ainda estava de costas para mim.
Jay ligou a moto e antes de sair nela praticamente gritou.
- Está mentindo. Somos irmãos!
"Irmãos."
Eles realmente eram parecidos, embora Jeon fosse mais alto, os olhos eram idênticos, o andado, o formato do rosto e até mesmo o sinal no pescoço, como nunca reparei nisso antes?Quando Jay sumiu rua abaixo caminhei até Jeon, pronta para xingalo de todos os palavrões existentes, mas quando estava poucos passos atrás dele os seus ombros se moveram de maneira brusca, rodiei ele e quando ficamos frente a frente, eu vi, ele estava chorando.
Era como ver Jay chorando, exatamente igual, mas era diferente também, ver Jay chorando era incômodo mas ver Jeon chorando fez meu coração se espremer dentro do peito, foi como um convite para chorar junto com ele.
- Vamos entrar Jeon!...
Ele chorou durante alguns minutos no sofá, fechou os olhos várias vezez, em tentativas frustradas de cessar o pranto.
Isso me partiu.
Ve-lo chorar de alguma forma me machucou.
- Aqui. Beba um pouco de água. Parece que tem algo nesse sofá, ou você rir até a barriga doer ou chora até desidratar.Tentei soar engraçada, não colou.
Jeon bebeu o copo d'água ainda trêmulo.
Se acalmou e quando me sentei no sofá, ele pôs a cabeça nas minhas coxas e deitou o corpo no acolchoado.
Fechou os olhos, respirou e inspirou e disse.
- Ele é meu único irmão e me odeia.
- Estou ouvindo.
Falei mexendo em seus cabelos.
- Eu só estou protegendo ele, eu fiquei muito tempo fora e não mereço boas vindas, mas eu queria ouvi-lo me chamar de hyung outra vez.Antes que eu pudesse entender o apelido estranho ele voltou a chorar.
Fiquei olhando para o teto enquanto mexia nos fios lisos do cabelo dele, porque não conseguia ver ele chorando, o calmante fez efeito alguns minutos depois.
Lá estava ele, em meu colo, no sofá da minha sala, dormindo alí mesmo e só então percebi o jazz suave soando ao fundo.
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Pride And Guilt
RandomViolet Hill, vivia feliz junto a sua familia em uma cidade pequena dos Eua, até ser abandonada. No livro vemos como a menina doce se converteu a espírito selvagem. Além de revelar mistérios sobre o porquê de seus pais terem partido.