Balinhas de limão

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Eu já estava com tudo em mãos: varinha, pena e tinta, capa da invisibilidade, mapa do maroto e o diário. Saí do dormitório sem ser visto e observei se havia alguma movimentação no castelo, parecia que todos estavam dormindo, ou pelo menos fora de alcance. Suspirei e caminhei a passos largos até o escritório de Snape. Eu sabia onde era, pois sempre que nosso esquadrão anti Horcrux precisava se reunir durante o reinado de terror de Umbridge, ou íamos para lá, ou fazíamos a reunião na casa dos gritos. Não que meu professor de poções parecesse muito receptivo durante esses encontros.

Não havia vigilância, o quarto de Snape era interligado com o escritório, ou seja, trancas sofisticadas e feitiços poderiam ser considerado desnecessários, pois ninguém seria louco o suficiente para tentar roubar debaixo de seu gigantesco nariz. Quer dizer, ninguém a não ser eu, seria tão louco a ponto de tentar invadir o lugar. Assim que entrei no cômodo, olhei ao redor e constatei que provavelmente as provas deveriam estar na gaveta da escrivaninha. Tirei a capa e coloquei as coisas que havia trazido comigo sobre a mesa.

Tentei abrir a única gaveta, mas vi que estava trancada. Sem pensar duas vezes, lancei o feitiço alohomora. A gaveta se abriu com um estrondo, aquela não havia sido a melhor das decisões, constatei. Olhei para o mapa preocupado que tivesse acordado Snape, mas não vi nada. Não queria demorar fazendo aquilo, então, mais rápido que nunca, peguei a minha prova e comecei a transcrever as questões para o diário.

Será que você pode melhorar sua letra? Quase não consigo entender o que está escrito. Respondi com mau humor. Estou com pressa, não quero correr o risco de ser pego apenas para caprichar na letra.

Está com medo por acaso? Snape deve estar roncando alto essa hora.

O nariz dele parece propício para isso, mas infelizmente quase arranquei a gaveta com alohomora, o sono dele deve ter sofrido uma perturbação.

Está me dizendo que ele está perto?

É uma forma de ver a situação. Escrevi imaginando que, atrás da porta escura do lado esquerdo cômodo, meu professor de poções deveria estar enrolado nas cobertas.

Não me surpreendi quando Tom escreveu me chamando de idiota, eu teria discutido se não estivesse com pressa para terminar com aquilo. Vamos, é a última pergunta, qual... Minha escrita tremeu quando ele percebi que Snape havia se movido no mapa. Completamente desesperado, escrevi a questão rapidamente, transcrevi a resposta como um louco, então guardei tudo as pressas, fechei a gaveta, joguei a capa sobre mim e saí da sala quase ao mesmo tempo em que Snape atravessou o quarto indo em direção ao escritório. Suspirei aliviado quando ganhei distância suficiente para não ser pego. 

Cheguei ao dormitório comemorando a vitória, abri o diário e escrevi um Conseguimos! Que foi automaticamente absorvido pela página, estava tão feliz que nada teria me abalado, a não ser a resposta que recebi. Parabéns, me escreva quando sua prova for zerada. Olhei para a frase com o estômago se revirando de nervoso, se não fosse noite, poderia jurar que minha visão havia escurecido por longos segundos.

O que quer dizer com isso? Escrevi suando frio.

Aceitei passar as respostas, nunca disse que eram as certas. Engoli em seco, aquilo não podia ser sério... Eu com certeza ia queimá-lo se fosse verdade. Boa noite... Harry.

Quase rasguei a página de ódio. Tudo aquilo era uma afronta, praticamente um pedido para morrer. "Harry"? Desde quando eu havia dado permissão para ele me chamar assim? Desde quando... Continuei com meus devaneios enfurecidos até o dia clarear, mas, mesmo assim, não consegui escrever nenhuma resposta. Eu havia começado aquilo quando escrevi para Tom, deveria saber que era um erro.

Crawling - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora