Banho

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Era início de manhã quando acordei do sonho, me encolhi em posição fetal na cama e deixei que todos os sentimentos viessem à tona, quase me sufocando neles. Depois do que considerei um tempo relativamente longo, me levantei e fiz o mesmo que em qualquer dia comum, a diferença é que vez ou outra eu ainda me pegava cabisbaixo. Logo depois do café da manhã, Hermione se despediu de mim e foi embora e então Sírius disse que precisava comprar umas coisas e foi à cidade. Fiquei sozinho boa parte da tarde, o que foi bom para colocar os pensamentos em ordem.

Eu estava conseguindo lidar melhor com meus sentimentos, sabia que não podia culpar Tom por mexer comigo, apenas por ser um babaca, ao mesmo tempo que entendi que não podia controlar meus sentimentos em relação a ele, fosse o que fosse. Não podia dizer que estava terrivelmente apaixonado por meu ex inimigo, mas eu não podia negar que nós estávamos ficando cada vez mais íntimos. Foi uma boa reflexão para apenas algumas horas, mas eu já estava exausto de pensar, precisava descansar e relaxar. Precisava tirar o Riddle da cabeça, assim como os joguinhos que jogava sem perceber.

Como da última vez, levei o diário comigo para o banho, apenas para ver se tinha alguma ideia ou algo do gênero. Eu não conseguia afastar o pensamento de, supostamente, gostar de Tom, mas de repente tive a ideia de que se eu tivesse realmente interessado de forma sexual no ex lorde, isso teria que ficar evidente uma hora, certo? Parecia reconfortante e assustador ter algo para me apegar e descobrir como eu me sentia. Fechei os olhos e tentei pensar em alguma cena sexual envolvendo o Riddle, o que foi extremamente vergonhoso e engraçado, já que eu não conseguia visualizar Tom com outra cara que não fosse a de tédio e desprezo. Me dei o luxo de sorrir por um momento, pensando que provavelmente o sonserino seria a pessoa mais chata do universo para se transar.

— Por que o sorriso, está pensando em mim? — ouvi a voz e olhei para o lado, constatando que era o próprio Tom Riddle ali. Parado. Me olhando no banho.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei puxando uma toalha para perto da banheira e um pouco nervoso por ele ter aparecido do nada.

— Vim falar com você — Ele disse normalmente, como se não tivesse brincado comigo igual gato faz com um rato. Corei pensando que provavelmente ele só estava lá para me provocar.

— Estou no meu banho — falei com uma sensação estranha, não estava me sentindo confortável com ele invadindo a minha privacidade daquela forma.

— Estou vendo — senti o olhar dele pairar sobre mim, me analisando, não pude evitar querer descer pelo ralo, como a Murta provavelmente faria.

— E não vai sair? — indaguei, bem mais nervoso que antes e até mesmo um pouco incrédulo que uma situação tão absurda estivesse acontecendo.

— Para começo de conversa, foi você quem trouxe o diário para o banho, eu não tenho culpa que foi o momento que eu achei para sair foi justamente esse — desviei o olhar e então me afundei um pouco mais na água, meu rosto estava tão vermelho que cogitei me afogar para não ter que viver mais um minuto daquela situação estranha — Olha, eu... Só... Coloque suas roupas, vamos conversar no seu quarto.


~


— Sobre o que quer falar? — perguntei entrando no cômodo e encostando a porta atrás de mim.

— Ah, eu estou bem, não precisava ter perguntado — revirei os olhos e cruzei os braços.

— Vá direto ao ponto, não estou com paciência para isso — disse e então pensei em algo — Mas espere, como sabia que esse era o meu quarto?

Crawling - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora