Ascensão

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Algumas frases que Tom havia me dito agora faziam mais sentido que nunca, não conseguia deixar de pensar nelas enquanto dirigia, elas só me tornavam ainda mais culpado por não ter visto os sinais antes, por ter compactuado com tudo aquilo. Mentalmente eu respondia as lembranças como eu as via agora.

"Não importa o que aconteça, eu amo você". Mentiroso.

"São uns bastardos, não precisa vai precisar se preocupar com eles por muito tempo". Monstro, assassino.

"Não, não é nada, esqueça". Esquecer o que? Que você estava planejando me trair?

"Harry... O que você faria por mim?". O que você faria por mim? Me jogaria aos lobos na primeira oportunidade? Traidor.

Queria chorar, de raiva e de mágoa. Queria fazer ele sofrer. Não conseguia deixar de me perguntar como ele pode fazer isso comigo, desde quando Tom estava planejando isso. Desde o começo? Provavelmente bem antes. Será que é possível que ele não sinta nada com isso? Porque se for o caso, meu "namorado" merece um prêmio por ser tão bom ator e eu um por ser tão estúpido.

Assim que entrei pelos portões de Hogwarts desliguei a moto e a joguei em um canto, provavelmente amassando ou riscando alguma parte dela que faria Sirius parir um filho ao ver a cena. Peguei minha varinha na mesma hora e comecei a andar a passos largos pronto para acabar com aquela merda toda. Aquilo não iria passar batido, Tom iria se arrepender de me trair, de me fazer de idiota esse tempo todo.

Eu sabia onde eles estavam, só havia um lugar onde todos poderiam ser mantidos reféns sem ter como lutar e esse lugar era o salão principal. Abri as portas do salão com um estrondo, eu provavelmente parecia um maluco com os cabelos completamente bagunçados, uma roupa diferente do uniforme, em um estilo bem mais trouxa que bruxo, e é claro, eu provavelmente aparentava estar tão furioso por fora quanto estava por dentro.

Os comensais estavam por todos os lugares, todos com suas capas e máscaras, incapazes de mostrar seus rostos por pura covardia, as varinhas apontadas para os reféns e bem no centro de tudo estava Tom Riddle. Chamá-lo de Lord Voldemort só reafirmaria a imagem que ele queria passar, de alguém insuperável, acima de todo o resto e ele não era nenhuma dessas coisas. Nem insuperável, nem algo a mais que os outros. Era só um pouco mais patético e arrogante que os outros. Mais covarde também. Meu "namorado" estava com uma capa também, era impossível de ver seu rosto e o motivo era óbvio, ninguém respeitaria um garoto com complexo de grandeza, muito menos eu.

Assimilei toda a cena em menos de um segundo, mesmo que para mim parecesse bem mais. No momento que os comensais se deram conta que eu havia chego, uma dúzia de varinhas se voltaram para mim, mas é claro que Tom não iria querer perder seu brinquedinho tão fácil.

— Não matem ele, Harry Potter é meu! — prendi a respiração enquanto o famoso lorde das trevas andava até mim, tinha certeza que para qualquer outra pessoa que visse a cena eu já era considerado um homem morto.

No segundo que Tom parou na minha frente e eu pude ver seus olhos completamente vermelhos me olhando como se dissesse "Eu posso explicar" e "Não era para você estar aqui agora" ao mesmo tempo, abaixei a minha varinha e sem pensar duas vezes acertei um soco onde deveria estar seu nariz. Sem conseguir segurar a varinha por conta do soco, eu me movi por trás dele como uma cobra e com uma das mãos apontei a varinha para seu pescoço, enquanto com a outra puxava sua orelha.

— Tom Marvolo Riddle, você está muito ferrado — falei um pouco mais alto que pretendia, os comensais assim como todos os outros me olhavam estáticos em seus lugares — É melhor ficarem parados exatamente onde estão, vou ter uma conversinha com o lorde de vocês.

Crawling - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora