Tom

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— Espera, esse é o plano? Quer dizer que eu vou fazer tudo enquanto você fica aqui? — perguntei torcendo o nariz, mas eu tinha que admitir que poderia ter pensado naquele plano antes. Era uma gafe épica deixar isso passar.

— Bem, sim, mas fui eu quem deu a ideia, o que já é alguma coisa — bufei e cruzei os braços, eu estava nervoso com a possibilidade de fracassar e morrer por conta disso, mas não ia deixar isso transparecer, até porque o plano não era ruim — Ok, vamos repassar, você sai do diário, encontra o diário e coloca ele em um lugar seguro, depois disso você encontra meu corpo e... Vê o que dá pra fazer quanto a isso.

— Você não está morto, não até eu ver com meus próprios olhos — falei e olhei de relance para ele, eu queria muito acreditar que minha passagem para voltar a ter uma vida fora dessa prisão não estava em um necrotério a essa hora. Comprimi os lábios, não queria acreditar que poderia perdê-lo — Vou acordar você e depois nós damos um jeito no resto.

— Certo... Tom? — Harry chamou enquanto mudava o peso de um pé para o outro, ele parecia ansioso e eu conseguia entendê-lo — Vamos estabelecer um horário, se você não voltar até lá vou tentar algo.

— Tentar algo? — repeti desconfiado e observei o moreno morder o lábio inferior, aquilo não me cheirava bem.

— Você disse uma vez que se eu morresse aqui no mundo do diário tinha a possibilidade de eu acordar... — olhei para ele, Harry estava mesmo cogitando aquilo?

— Sim, eu disse, mas também tem a possibilidade de você morrer de verdade se... — O grifinório deu um passo para frente e segurou meu rosto entre as mãos.

— Não pense nisso, certo? Vamos tentar me acordar antes — Harry falou como se não acreditasse nisso, mas me contentei em concordar. Nós olhamos por alguns segundos até que eu me inclinei e o beijei rapidamente, soava como o início de uma despedida fracassada — Quatro horas são suficientes?

— Vou sair na hora do almoço, todos vão estar no refeitório e vai ser mais fácil para procurar sem chamar a atenção. Mesmo depois acho que não vai ter problema, vou estar com o uniforme da Sonserina para evitar perguntas — O moreno assentiu e me puxou para outro beijo, dessa vez me deixando demorar mais, ainda tínhamos um tempo antes de começar a correr para ajeitar as coisas.

Enlacei a sua cintura com os braços e aprofundei o beijo, não podia negar que Harry havia se tornado quase um calmante natural para mim, eu gostava de estar com ele e não era apenas para favorecer meus interesses, com certeza ele tinha um papel importante sobre o meu futuro, mas mesmo se não tivesse... Ainda iria querer estar assim com ele. Se não gostasse mesmo do garoto já teria me livrado dele a tempos e uma prova disso é que estávamos nessa situação péssima por conta das atitudes impensadas de Harry e, mesmo assim, não conseguia me enfurecer com ele. Era um contratempo que seria resolvido logo. Terminei o beijo e beijei sua bochecha em seguida, os braços dele haviam naturalmente abraçado meu pescoço e suas mãos fizeram um cafuné em meu cabelo.

— Sua cabeça ainda está doendo? — perguntei tentando não rir ao lembrar daquela queda histórica.

— Um pouco... — Harry falou, mas eu sabia que provavelmente aquilo deveria estar latejando de dor.

— Vem comigo, acabei de me lembrar de algo que pode curar isso rapidinho — segurei sua mão e descemos as escadas juntos, estava em algum lugar da lareira no salão comunal... — Achei! É um pouco de lágrimas de fênix, usei para me curar depois que você tentou destruir o diário com veneno de basilisco, foi realmente útil estar com isso no bolso quando você começou a me matar.

— Então foi assim que você conseguiu voltar. Que engraçado, eu só sobrevivi depois daquilo também por conta de lágrimas de fênix — Ele falou um pouco mais animado que deveria, sendo que aquela situação quase matou a nós dois alguns anos atrás.

Crawling - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora