Escolhas

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— Eu perguntei, o que você prefere, Tom — Meus olhos encontraram os dele com tanta intensidade que minha cabeça chegou a doer, mas mesmo assim repeti dando ênfase a cada palavra — Você prefere ser cruciado ou morto?

Tom mexeu no cabelo e negou com a cabeça como se estivesse espantando um pensamento ruim, eu estava com os nervos a flor da pele, se o Riddle achava mesmo que eu não faria aquilo, eu estava disposto a provar o contrário. Quando soube que ele não estava mesmo me levando a sério, a maldição saiu como se fosse minha própria respiração, mas antes que pudesse atingir o alvo, em uma fração de segundo, Tom se aproximou de mim e com o braço fez com que minha varinha fosse direcionada para uma das paredes, onde o feitiço caiu em uma planta que murchou na hora. Senti meu coração ficar pesado, era isso que ele havia feito comigo.

Tentei resistir com todas as minhas forças, mas o Riddle torceu o meu braço e me fez desequilibrar, caí no chão com ele em cima de mim, não consegui me conter, antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, soquei ele. Tom levou a mão ao nariz e eu me aproveitei disso para derrubá-lo e ficar por cima dele, apertando seu pescoço com minhas mãos.

— Harry... — apertei com mais força, conseguia perceber que a cada segundo ele sentia mais falta de ar — Pare... Pare por favor... Harry!

— Eu não vou parar, não até seu coração deixar de bater — Já não sentia meus dedos de tanta força que estava aplicando, sorri enquanto Tom se debatia em busca de ar.

— Harry... Eles estão seguros... — franzi a testa, mas aquelas palavras não significavam nada, nada mais fazia sentido enquanto Lord Voldemort tivesse ressurgido, enquanto Tom estivesse vivo — Eu fiz... Por você, Harry. Pare, por favor.

Inspirei profundamente, nunca achei que eu fosse me sentir tão bem fazendo aquilo, eu nunca quis vingança, não até agora. Eu não ia parar, não podia parar. Não até ouvir um ronronar baixinho, olhei para trás e vi Safira parada próxima a nós dois, ela miou e eu prendi a respiração. Aos poucos minhas mãos deixaram o pescoço de Tom. Fechei os olhos e me afastei dele, caindo sentado próximo à gata, Safira andou até mim no mesmo instante, pedindo carinho.

Olhei para minhas mãos por um segundo antes de olhar para o Riddle, ele tossia e arfava buscando ar, uma dor invadiu meu peito, era como se um buraco negro tivesse se formado lá, então eu senti as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto. Não falei nada, tudo ficou silêncio, a não ser pelo ronronar incessante de Safira que agora estava no meu colo. Levei um susto quando Tom teve a iniciativa de falar.

— Não tomamos o castelo, mandei os comensais embora... Eu não pude... Me perdoe, Harry — Tom não estava olhando para mim, mas quando olhou, o moreno se encolheu um pouco, como se sua pele estivesse se retraindo.

Eu não podia falar nada, não conseguia, não conseguia evitar as lágrimas e o vazio ainda estava lá. Fixei meus olhos em um lugar distante, me esquecendo até mesmo de respirar. A minha tristeza era tanta... Mesmo tendo desistido, eu conseguia ver aonde havíamos chego. Tom quase havia voltado a ser Voldemort, eu quase o havia matado de novo. Quase rastejando, o Riddle foi até mim, ele hesitou, mas uma de suas mãos tocou minha bochecha. Não me movi.

— Não posso ter o mundo bruxo se não tiver você. Não posso pensar em um mundo sem você ao meu lado. Eu errei — Tom engoliu em seco, fechei os olhos — Por favor diga alguma coisa.

— Tire a Safira daqui — fiz uma pausa, sabia que ele estava me olhando, mas não conseguia encontrar os olhos dele agora — Saia daqui.

Precisava ficar sozinho, precisava digerir aquilo, mas ao mesmo tempo sabia que se ele saísse daquela sala nunca, eu mais iria conseguir falar sobre isso de novo com Tom. Bem, ele tinha feito uma escolha e agora eu estava fazendo uma. Eu precisava encontrar forças para lidar com os acontecimentos do dia e se Tom ficasse aqui, não conseguiria encontrar força, só tristeza. Eu precisava de um tempo.

Crawling - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora