Tom

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Entrei no banheiro dos monitores e suspirei, meu corpo estava frio por conta de todo o tempo que levei para chegar ao quinto andar, eu estava encharcado depois da brilhante ideia de Harry de me esconder na banheira. Harry... Que perfeito idiota, era de uma incrível inocência que ele achasse que de repente e sem nenhum interesse, nós iriamos começar a dar uns pegas. Não que eu achasse ele feio ou algo do gênero, apenas... Não era assim que funcionava.

Franzi a testa, eu não queria um amante, queria um passe livre para fora do diário, de preferência um passe livre para retomar meu trabalho. Eu não podia simplesmente abandonar o projeto de uma vida, mas pelo menos poderia me aproveitar daquela situação toda, não era a primeira vez que eu havia beijado alguém ou tido um contato maior apenas para conseguir algo. Comecei a tirar a roupa enquanto a banheira enchia, comecei pelos sapatos e meias, quando tirei a blusa, segurei ela por um momento, era um presente de Harry... O meu primeiro presente de Natal. O meu primeiro presente. E Harry provavelmente era meu primeiro amigo, ou o mais próximo que eu já cheguei disso. Engoli em seco.

Deixei a peça de roupa cair no chão ao mesmo tempo que me pegava em um conflito, eu tinha feito toda aquela cena com Harry apenas para conseguir algo em troca, mas ao mesmo tempo me sentia culpado por usá-lo. Até porque, o garoto tinha sido legal comigo e feito coisas por mim sem querer nada em troca, ou quase nada. Comecei a roer as unhas quando entrei na água, eu me sentia inquieto com aquilo, não era comum para mim sentir remorso por agir de acordo com meus interesses. Não era comum para mim ter me apegado tanto a outra pessoa, ou mesmo ter... Ter gostado tanto dos nossos momentos juntos.

Por um momento deixei que esses pensamentos controversos sumissem da minha mente, a água quente tirava a sensação de frio e também de cansaço, sair do diário era realmente exaustivo. Suspirei e percebi que precisava de um momento de satisfação, já que faziam meses que andava apenas de um lado para o outro preocupado com minha sobrevivência e com todas as questões que me pareciam urgentes. Sem pensar muito, comecei uma masturbação lenta, deixando a sensação de prazer crescer pouco a pouco, deixando os pensamentos fluírem para onde eles quisessem.

Não demorou muito para a imagem de Harry aparecer em meus pensamentos, mas não me senti incomodado com isso, parecia mil vezes mais interessante que minhas antigas conquistas com as garotas de Hogwarts, apesar delas nunca terem significado nada ao meu ver. Além do mais, de qualquer forma, ninguém ia ficar sabendo daquilo. Continuei os movimentos com a mão, dessa vez um pouco mais rápido, ao mesmo tempo em que me prendia a detalhes do moreno que me pareciam... Desejáveis. Os olhos grandes e verdes, a boca, o pescoço e a clavícula. Provavelmente deveriam haver mais lugares dele que eu gostaria, mas em um primeiro momento só consegui me prender ao que eu já conhecia dele.

Continuei por um tempo assim, mas então coloquei minha criatividade em ação e comecei a imaginar o calor que o corpo dele emanava, a respiração, a voz... Era tanta coisa acontecendo que meus olhos se fecharam e eu percebi meu coração acelerar, meu sangue parecia ferver em alguns pontos, isso nunca tinha acontecido com tanta intensidade e eu me sentia inebriado pela sensação. Acelerei os movimentos pronto para acabar com aquilo de uma vez, eu esperava que depois daquilo Harry desaparecesse dos meus pensamentos, mas isso não aconteceu. A sensação de orgasmo durou mais que nunca, e depois... Imaginei o que Harry estaria fazendo naquele momento.

Eu já não conseguia definir o que estava acontecendo comigo, não era uma coisa de momento e eu tinha certeza. Eu queria ele. Aquele idiota, era culpa dele que eu tivesse acabado dessa forma, preso ao diário, praticamente morto e... Sentindo coisas. Uma parte minha, a que era racional, a parte que Voldemort abraçou com todas as forças, dizia para não deixar que aquilo fosse adiante, eu tinha uma missão para cumprir e Harry era apenas um meio de conseguir. A outra parte se perguntava se ele não estava naquele mesmo instante fazendo o mesmo que eu, pensando em mim enquanto se masturbava. Parecia patético que isso fosse acontecer justo conosco, sendo que éramos destinados a ser inimigos desde o nascimento.

Saí do banho me sentindo bravo e estressado, não era possível que Harry houvesse conseguido mexer tanto comigo, sendo que ninguém havia conseguido isso antes. Ele era só um garoto azarado e problemático, que conseguia atrair encrenca a quilômetros de distância, o que havia de tão especial nele? Caminhei pelos corredores ignorando todos os pensamentos que insistiam em atribuir qualidades que o tornavam especial de alguma forma. Rangi os dentes, eu soava como um adolescente, não como alguém que já havia vivido vidas inteiras em cada pedaço da alma.

Quando cheguei na sala comunal da sonserina, me deitei no sofá e encarei o teto por um momento, então fechei os olhos e só consegui pensar no tempo em que estava fora do diário, no tempo em que estava beijando ele. Me sentei o mais rápido que pude e atravessei a sala em segundos, como se pudesse tomar distância de meus pensamentos, eu simplesmente não deveria estar fazendo aquilo. Era um problema me deixar envolver por ele, era um problema não só para mim, mas para Harry também. Como ele não percebia o quão doentio isso era? Uma parte minha havia matado os pais dele e ele ainda tinha a coragem de me manter vivo, falar comigo, me tocar, me beijar. "Qual o problema dele?" pensei, mas logo cheguei a conclusão que qualquer que fosse, eu tinha o mesmo.

De algum modo aquele garoto gostava de mim, ele podia estar confundindo as coisas ou simplesmente sentindo isso, mas mesmo assim... Cerrei o punho, enfurecido, peguei e atirei a primeira coisa que vi na parede. Como Harry poderia gostar de alguém como eu? Quem seria tão inocente a esse ponto? Será que ele não conseguia perceber o quão péssimo isso era? Será que eu mesmo não conseguia perceber o que sentir algo por ele, nem que fosse apenas empatia, implicava?

Voltei a me sentar, agora eu não sabia mais o que fazer. Eu só podia deixar as coisas acontecerem, havia tempos que eu havia perdido o controle das coisas ao meu redor. Mordi o lábio, eu teria que tentar não perder o foco sobre o que queria com aquilo, mesmo sendo difícil com a minha nova descoberta a respeito de nutrir uma pequena, mínima, afeição pelo moreno. Me enojei com a minha própria fraqueza. Afeição. Por ele. Por Harry Potter. Já não podia dizer com toda a certeza qual de nós era o mais idiota.

Decidi deitar um pouco e dormir por um tempo, depois disso... Bem, eu iria pensar em como resolver essa situação toda. Talvez eu devesse ir a biblioteca depois e... Se Harry aparecesse, bem, até lá eu saberia o que fazer com ele.


Crawling - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora