Capítulo 16

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Levanto a vista para olhar através das fendas do guarda-sol, admiro o mais azul dos céus, um azul veraneio, mediterrâneo. Suspiro satisfeita. Dastan está ao meu lado, estendido em uma espreguiçadeira. Meu marido, meu sexy e lindíssimo marido, sem camisa, com um jeans cortado, está lendo um livro que prevê o colapso do sistema bancário ocidental. Sem dúvida se trata de uma leitura absorvente porque jamais o vi tão quieto. Agora mesmo parece mais um estudante do que o CEO de uma das principais empresas privadas da Índia. Ele tinha me pedido para esquecer um pouco do trabalho o que era quase impossível, então sempre revezávamos algumas hras para resolvermos pendências da empresa.

São os últimos dias de nossa lua de mel e estamos descansando sob o sol da tarde na praia do hotel Beach Plaza Monte Carlo, em Mônaco, embora na realidade nós não tenhamos nos hospedado nele. Nós estamos em um iate de luxo, claro. Construído em 1928, que flutua majestosamente sobre as águas, reinando sobre todos os iates no porto. 

Acomodo-me na espreguiçadeira e começo a escutar a seleção de música que Dastan colocou em minha playlist e cochilo sob o sol da última hora da tarde recordando de como foi bom essa nossa lua de mel.

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Passeamos pelo esplendor opulento e dourado do Palácio de Versailles do século XVIII em Londres. O que foi uma vez um modesto alojamento de caça, o Rei Sol transformou num magnífico e pródigo símbolo do poder, que, paradoxalmente, antes de acabar o século XVIII presenciou a queda do último monarca absolutista.

A sala mais impressionante, de longe, é o Salão dos Espelhos. É cheia de luz no início da tarde, vindo através de janelas para o oeste, iluminando os espelhos que revestem a parede leste e iluminando a decoração de folhas de ouro e os lustres de cristal enormes. É de tirar o fôlego.

— É interessante ver o que acontece com um déspota megalomaníaco que gostava de se isolar em tal esplendor. — Murmuro para Dastan, que está ao meu lado.

Ele olha e inclina a cabeça para um lado, me observando com humor.

— Atchá. É o seu ponto de vista, Sra. Sundrani?

— Are, apenas uma observação, Sr. Sundrani — Sinalizo com minha mão o que nos rodeia.

Sorrindo, ele me segue até o centro da sala, onde me detenho e admiro a vista: os jardins espetaculares que refletem nos espelhos e no não menos espetacular Dastan Sundrani, meu marido, cujo reflexo me olha com olhos brilhantes e atrevidos.

— Gostaria de construir isso para você. — Ele sussurra. — Basta ver a forma como a luz ilumina o seu cabelo, bem aqui, agora. — Ele enfia um fio de cabelo atrás da minha orelha. — Você parece um anjo. — Ele me beija logo abaixo da minha orelha, pega a minha mão na sua, e murmura: — Nós, os déspotas, fazemos isso para as mulheres que amamos.

Coro com o seu elogio, sorrindo timidamente, e sigo-o através da vasta sala.

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— Mam'selle? Un Perrier pour moi, un Coca-Cola light pour ma femme,s'il vous plait. Et qualque chose à manger... laissez-moi voir la carte. — Pede Dastan ao garçom em seu perfeito francês

(Tradução: - Senhorita? Uma Perrier para mim, uma Coca-Cola light para minha mulher, por favor. E qualquer coisa para comer... deixe-me ver o cardápio.)

— Está com sede? — Ele me pergunta.

— Tike. — Murmuro meio sonolenta.

— Poderia passar todo o dia te observando. Está cansada?

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