Prólogo

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Enquanto eu olho pela janela para o horizonte do Rio de Janeiro, inalo uma boa quantidade de ar na tentativa de relaxar um pouco vendo um dos belos pontos turísticos do país. Eu nunca vou me cansar de admirar toda a beleza que o Brasil apresenta. Trabalhei pela semana toda, e agora, no confinamento do meu escritório, estou inquieta. A verdade preocupante é que recentemente a única coisa que prende meu interesse é a minha decisão de enviar dois navios de carga com alimentos para a África e Sudão. Isto me lembra que minha secretaria Eliz deveria me enviar números e logística.

Meu telefone pessoal começou a tocar. Sorri ao ver o nome na tela.

— Namastê Mami — Saudei minha mãe do outro lado da linda.

— Namastê Amish. — Respondeu ela. — Como estão a coisas?

— Atchá mami! Está tudo bem. E por aí?

— Are... Estamos sentindo sua falta Ami. — Ela respira fundo.

— Are mami eu também, mas tenho tanto assunto do trabalho para resolver aqui ainda...

— Baguan Kelie Amish, você e esse trabalho. — Ela reclama do outro lado da linha. — Já faz mais de dois anos que você não nos vem visitar. Eu pergunto aos deuses todos os dias onde eu errei para receber tal castigo.

— Are mami, nahim não se culpe. Não é culpa sua é apenas o meu trabalho....

— Komal também trabalha e ainda assim tem tempo para a família... Nossa casa não é a mesma sem você Ami. — Eu sinto um tom de lastima em sua voz. — Seu baldi pediu para te avisar que dentre alguns dias se iniciará o festival de Lord Ganesha.

— Tike he, estou me lembrando.

— Mas esse ano nós celebraremos de uma maneira diferente Amish. Consultamos os astros há alguns dias e fomos orientados que antes do festival a Ganesha devemos realizar uma cerimônia á mãe Índia. — Ela diz. — A última vez que a família Meetha realizou tal solenidade foi no século XIX pelo seu ancestral Uyyalawada Narasimha Reddy.

Uyyalawada Narasimha Reddy, um do grande orgulho da nossa família. Ele foi chefe de 66 aldeias no início do domínio colonial. Ele revoltou-se contra as atrocidades da Companhia das Índias Orientais. Ele invadiu e derrotou numerosos campos do exército britânico, se tornando uma ameaça ao domínio colonial. O seu credo era simplesmente "Amar sua terra (Índia) acima de tudo." Um guerreiro que fez a Índia se tornar livre do domínio britânico.

— Are mami, por que os astros orientaram a fazer isso?

— Fomos consultar os deuses para saber o que eles queriam e nos foi revelado uma profecia que um grande guerreiro se destacará na família Meetha trazendo honra e gloria não só para nossa família, mas também pra toda Índia. Seu irmão e os demais homens da família estão animados com a profecia. — Ela diz orgulhosa. — Será uma grande festa no vilarejo da família Amish. Viram várias famílias incluindo os brâmanes e seus ministros. Queríamos muito que você viesse comemorar conosco.

— Oh mami, bem que eu gostaria, mas...

— Você tem o seu trabalho...tike he eu sei Amish. — Lastimou.

— Nahim não é apenas isso. A senhora sabe que da última vez que estive aí alguns dos sacerdotes brâmanes ousaram me intitular de rebelde.

— Are Amish eles apenas não estavam familiarizados com o fato de que, uma jovem mulher é proprietária de uma grande empresa.

— Are Baba! Pois deviam estar, eu trabalhei duro para conquistar tudo isso.

— Tike he eu sei, mas você também não facilitou gerando grande número de contratação apenas com mulheres.

— As mulheres precisam de sua fonte de independência mamadi, e eu posso oferecer isso a elas.

— Eles ficaram furiosos dizendo que você estava querendo acabar com nossos costumes.

— Baguan Kelie... Isso não tem nada a ver com nossa religião, mas sim com o quesito social. É possível ainda ser mulher, continuar a se dedicando aos deuses e a família e trabalhar. Dakho... veja eu por exemplo.

— Oh nanhim Amish, você não deve ser exemplo de tais características. Você se esqueceu da família.

Suas palavras me chocam.

— Mamadi...

— Seu baldi pediu para que eu ligasse e eu liguei Amish. O convite foi feito. Preciso desligar agora.

— Tike he... Preciso de sua benção mamadi. — Peço.

— Ditero benti. Que os deuses te acompanhem. — Me abençoou e desligou.

Largo o celular pela mesa e começo a massagear minhas têmporas.

Essa ligação de mamadi não me fez bem nenhum. Eu entendia seu lado materno, mas será que ela também não poderia entender o meu? Eu sou apontada como uma rebelde pelas autoridades sacerdotais, simplesmente por almejar pela minha liberdade e de tantas outras mulheres.

Oh Lord Ganesha o que eu devo fazer?

Are... Por mais que eu não queira, eu precisava voltar para casa. Mesmo que fosse por um tempo curto e obviamente será. Terei que resolver as coisas da empresa por lá mesmo. Isso de fato contrariara meus pais, mas não há muito que eu possa fazer se voltar para lá. Além do mais que eu ficaria até o festival de Lord Ganehsa. Eu tinha muito a agradecer a ele por suas bênçãos prosperas em minha vida.

Ouço leves batidas em minha porta, assim que ergo a cabeça a minha melhor amiga, irmã e confidente Ella Styles está dentro da minha sala.

— Como vai a grande Imperadora? — Ela pergunta divertida se sentando na poltrona em minha frente.

— Um tanto que confusa... — Confesso.

— O que está pegando, Ami?

— Mamadi me ligou mais uma vez queixando sobre minha ausência e eu estou me sentindo mal por isso, Ella.

— Você não está pensando em voltar, não é?

— Apenas até o festival de Lord Ganesha, isso equivale em quase duas semanas apenas.

— Meu bom Deus Ami... Espero que se lembre da última vez que esteve lá.

— Atchá, claro que me lembro e é por isso que quero te levar dessa vez comigo.

— Ih sem chance amiga. Irei viajar esse final de semana para Nova York pretendo fechar negócio com uma galeria de lá para minha próxima exposição.

— Que grande notícia Ella! Espero que dê tudo certo.

— Eu também. — Ela fala empolgada. — Mas prometo que se conseguir terminar tudo antes, posso cogitar a possibilidade de aparecer por lá.

— Eu ficaria muito feliz se isso acontecesse, mas não se preocupe comigo foque em seus negócios. — A aviso. — Além do mais... o que de extraordinário poderia acontecer no período que eu estiver por lá? 



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