Capítulo 38

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Tenho sobrevivido durante cinco dias sem Dastan. Aysha tem ido no apartamento ou na empresa passar um tempo comigo. Tem sido uma boa distração.

— Filha pegue seus brinquedos. Cipriano está te esperando lá fora, tchalô.

— Tike he mami. — Ela murmura.

Aysha está dolorida com essa distância, eu posso ver e sentir isso... Oh minha doce menina.

Pegando a minha bolsa, eu encolho os ombros no meu casaco e saio segurando a mãozinha de Aysha.

— Você não vai voltar comigo? — Ela pergunta me abraçando.

— Nahim. Hoje não minha flor de lótus. — Eu murmuro dolorida. — Mamadi te ama.

— Eu também mami. — Ela diz e entra no carro com Cipriano.

Para o ar do início da tarde em Nova Déli, eu respiro fundo. Ele não consegue preencher o vazio no meu peito, um vazio que está presente desde segunda de manhã, uma lembrança dolorosa e oca, da minha perda. Eu não posso pensar nele. Eu não quero começar a chorar de novo, não na rua.

O apartamento está vazio. Ligo a televisão de tela plana, mais para ter algum ruído do que para preencher o vácuo e proporcionar uma aparência de companhia, mas eu não ouço ou assisto. Eu sento e olho fixamente para a parede de tijolos. Estou dormente. Eu não sinto nada, apenas dor. Quanto tempo eu vou suportar isso?

A campainha da porta me tira da minha angústia e meu coração salta uma batida. Quem poderia ser? Eu aperto o interfone.

— Entrega para a Sra. Sundrani. — Uma voz cansada e entediada responde, e a decepção me atravessa.

Eu desço as escadas com indiferença, para encontrar um jovem mascando chiclete ruidosamente, segurando uma caixa de papelão grande, e inclinando-se contra a porta da frente. Eu assino o recebimento do pacote e o levo para cima, comigo. A caixa é enorme e surpreendentemente leve. Dentro estão duas dúzias de rosas vermelhas com haste longa, e um cartão.

Sentimos sua falta.

Você é a minha Lakshmi.

Amamos você.

Volta Logo.- Dastan e Aysha.

Olho para o cartão digitado, e o buraco no meu peito se expande. Examino as rosas, elas são lindas. Obedientemente, eu vou para a cozinha, para procurar um vaso.

E assim se desenvolve um padrão: acordar, trabalhar, chorar e dormir. Bem, tentar dormir. Eu não posso escapar dele, mesmo em meus sonhos. Olhos ardentes negros, seu olhar perdido, seu cabelo reluzente e brilhante, tudo me assombra. E a música... tanta música, que eu não posso suportar ouvir qualquer música. Eu tenho muito cuidado para evitá-la a todo custo.

Estou encontrando dificuldades para comer. Na hora do almoço, na quarta-feira, eu consegui tomar um copo de iogurte, e é a primeira coisa que eu comi desde segunda. Estou sobrevivendo com uma tolerância recém descoberta de café expresso com leite e Coca Cola Diet. A cafeína que me faz continuar, mas está me deixando ansiosa. Eu não tenho condições de conversar com ninguém agora. Não, eu não quero nada disso. Eu me tornei uma ilha. Uma terra devastada pela guerra, onde nada cresce e os horizontes são sombrios. Tike, esta sou eu. Sou capaz de conversar impessoalmente no trabalho, mas só isso.

Eu decido ligar para minha mãe, ela sabe o que estou passando, só ela é capaz de me entender.

— Meu doce, como você está? — Ela pergunta. 

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