Capítulo 20

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Dastan ainda estava dormindo quando eu desci para fazer as orações em nossa casa. A oferenda estava em minhas mãos enquanto eu andava pela casa cantando o mantra do deus Shiva.

— Hari Om Namah Shivaya Shiva Ra Namo— Recitei o mantra dezoito vezes rodando pela casa

Quando estou na frente da casa vejo uma criança no portão de entrada me encarando. Coloco a oferenda próximo a porta e vou até ela. Ela está vestida com alguns trapos velhos, seus cabelos são castanhos com olhos extremamente escuros ela me lembrava alguém.

— O que era aquilo que você estava fazendo? —A criança me perguntou curiosa.

— Eu estava consagrando a minha casa e minha família ao Deus Shiva. — Falei abrindo o portão para me aproximar dela. — Seus pais não fazem isso?

E onde eles estavam para deixar essa garotinha sozinha?

— Eu não tenho pais, mas minha prima disse que iriamos encontrar o meu papai aqui na Índia.

Meu coração se apertou.

— Você veio de onde?

— Estados unidos. Você mora nessa casona aqui só?

— Nahim não, moro com meu marido.

— É uma casa muito bonita.

— Gostaria de entrar? Posso te mostrar ela toda.

A garotinha me lança um sorriso animado, mas então escutamos alguém gritando.

— Aysha, vamos embora.

Viro-me com expectativa, e uma mulher jovem e pálida grita do outro lado. Ela parece um fantasma, tão pálida e estranhamente vazia.

— Tenho que ir embora, mas se eu encontrar meu papai eu peço para ele me trazer e visitar seu jardim.

— Eu estarei te esperando. — Olhe abri um sorriso

E então a garotinha agarrou na mão da mulher e saiu. 

***

Quando Dastan havia me deixado no escritório eu já havia tomado uma decisão que poderia me custar a vida. Eu havia ligado para uma ginecologista brasileira a alguns de minha confiança e descobri que ela tinha um consultório aqui na Índia. Imediatamente liguei para marcar uma consulta particular no meu próprio escritório.

Dra. Neri é alta, loira e imaculada, vestido em um terno azul real. Ela tem o visual de modelo Seu cabelo longo é varrido para cima em um coque elegante. Ela deve estar em seus quarenta e poucos anos.

— Namastê Sra. Sundrani. — Ela me saúda educadamente.

— Chukriá por vir em um prazo tão curto. — Digo a ela.

— Obrigada por fazer valer a pena, Sra. Sundrani. — Ela sorri, seus olhos esfriam me avaliando.

— Bem, Sra. Sundrani a senhora está me pagando uma pequena fortuna para lhe atender. O que eu posso fazer para você?

Depois de um exame completo e uma longa discussão, a Dra. Neri está me olhando de boca aberta após eu ter contado a minha situação e de estar arriscando a minha vida por causa dessa consulta. Se alguém, até mesmo meu marido sonhasse que eu estava atrás de anticoncepcionais eu seria julgada e talvez induzida a morte por isso. Eu não estou pronta para um filho ainda e tenho certeza que Dastan não entenderia tanto meu lado.

— E vocês não usam nem um meio de prevenção? Como assim?

Eu me sinto uma tola.

— Nahim... Nenhum.

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